Guiné-Bissau é porta para tráfico de cocaína.
O Escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNODC) alerta que a Guiné-Bissau continua a ter “potencial contínuo” para ser utilizada no tráfico de cocaína por diversos atores do mercado, conforme divulgado hoje no “Relatório Global sobre Cocaína 2023“.
Desenvolvimentos recentes, como grandes carregamentos apreendidos já este ano, apontam para a persistência do potencial de tráfico de cocaína no país.
A Guiné-Bissau e o tráfico
Recentemente, uma operação resultou na apreensão de 800 quilogramas de cocaína e na detenção de vários homens. Um painel de peritos do Conselho de Segurança da ONU ligou essa droga a um cidadão maliano sancionado por financiar o terrorismo através do tráfico de droga.
Em Setembro de 2019, a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau apreendeu 1.869 quilogramas de cocaína, a maior apreensão feita no país, e deteve 12 pessoas, entre nacionais e estrangeiros. Em Outubro de 2021, duas toneladas de cocaína foram apreendidas no Senegal, suspeitando as autoridades que o destino seria a Guiné-Bissau.
O UNODC cita relatórios que indicam que as apreensões em Bissau envolvem redes de tráfico às quais pertencem cidadãos da Guiné-Bissau, Senegal, Mali e Guiné Conacri. Traficantes colombianos também circulam frequentemente entre a Guiné-Bissau, Senegal e a Guiné Conacri.
A Polícia Judiciária da Guiné-Bissau reuniu provas que apontam para o surgimento de uma nova rede de atores locais que têm viajado para a América Latina e estão em negociações diretas com congéneres daquela região.
Arquipélago dos Bijagós são o ponto de entrada
O arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau, parece ter um papel determinante no tráfico como “ponto de entrada da cocaína”. A ilha de Caravela foi usada como ponto de paragem para 1,9 toneladas de cocaína em Setembro de 2021.
Nos últimos anos, a Gâmbia, o Senegal e Portugal classificaram a Guiné-Bissau entre os principais países de proveniência de carregamentos de cocaína apreendidos. A cocaína da Guiné-Bissau chega ao Mali via Senegal ou Guiné-Conacri, utilizando a cidade senegalesa de Tambacounda.
O relatório também menciona que o papel do continente africano, principalmente da África Ocidental e Central, como zona de trânsito da cocaína para o mercado europeu aumentou substancialmente a partir de 2019.
Localização geográfica
A localização geográfica da África Ocidental e Central é uma paragem natural para a cocaína proveniente da América do Sul em trânsito para a Europa, especialmente para embarcações que saem do Brasil, explica o documento do UNODC.
A curta distância entre a América do Sul e a costa africana é feita entre o estado brasileiro do Rio Grande do Norte e o rio de Casamansa, na fronteira entre o Senegal e a Guiné-Bissau.
A agência da ONU salienta que aquela rota, que inclui Cabo Verde, Guiné-Bissau, Gâmbia e Senegal, é uma das mais utilizadas para o tráfico, tendo em conta as apreensões registadas.
No relatório, é mencionado que os grupos criminosos brasileiros parecem estar cada vez mais a virar-se para países de língua portuguesa, como Moçambique, Angola e Cabo Verde, no que diz respeito ao tráfico de cocaína.
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Imagem: © DR