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ToggleEmissões De Carbono Negro São Subestimadas
Os cientistas descobriram que as concentrações de Carbono Negro na atmosfera nas áreas de baixo e médio rendimento do sul global (países em desenvolvimento e subdesenvolvidos) foram subestimadas em aproximadamente 38%, divulgou hoje a agência noticiosa privada espanhola Europa Press.
O Carbono Negro, vulgo fuligem, tem um poder de aquecimento da atmosfera até 1.500 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO2), de acordo com a Coligação para o Clima e o Ar Limpo (CCAC, na sigla em inglês), criada no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Formado durante a combustão incompleta de biomassa (madeira, resíduos verdes) ou de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), permanecer na atmosfera durante cerca de 12 dias. O Carbono Negro afecta gravemente a saúde, sobretudo das populações do Sul da Ásia e de África.
A CCAC visa reduzir poluentes climáticos de vida curta, como o metano, o Carbono Negro, os hidrofluorcarbonetos (HFC) e o ozono troposférico, já que estes contribuem em muito para as alterações climáticas.
O Estudo
Os investigadores utilizaram dados da rede de medição global Surface Particle Tanning Network (SPARTAN), orientada pela Escola de Engenharia McKelvey da referida universidade, tendo conseguido apurar com maior precisão a relação entre as emissões globais e as medições localizadas.
As concentrações do poluente foram particularmente subestimadas em Dhaka, no Bangladesh, onde a queima de resíduos agrícolas, de lenha e de estrume, bem como olarias mal regulamentadas, contribuem para as emissões de Carbono Negro, em Adis Abeba, Etiópia, onde as emissões de Carbono Negro provêm de veículos pesados a diesel e da queima de lenha.
Também foram subestimadas, em Ilorin, Nigéria, com infra-estruturas de petróleo e gás mal regulamentadas, na Cidade do México, no Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em Bujumbura, Burundi, onde é grande a dependência de geradores a diesel e querosene e em Kanpur, Índia.
Yuxuan Ren, estudante de doutoramento e principal autor do estudo, esclareceu num comunicado citado pela Europa Press:
“A subestimação generalizada de duas a quatro vezes do Carbono Negro em locais do Bangladesh, Etiópia, Nigéria e México sugere que o efeito radioactivo e os impactos na saúde podem ser maiores do que o previsto”.
O cientista considera, em relação ao estudo que os esforços de mitigação das emissões do Carbono Negro, com potenciais benefícios tanto para o clima como para a saúde, justificam uma investigação mais aprofundada.
O Que É o Carbono Negro?
O Carbono Negro é um material particulado extremamente poluente, formado sobretudo pela combustão incompleta de combustíveis fósseis, lenha, resíduos agrícolas e, principalmente, pelos incêndios florestais que constituem a sua maior fonte a nível mundial.
Também conhecido como fuligem, este poluente é um dos principais causadores do aquecimento global, tendo um potencial de aquecimento entre 460 a 1.500 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO₂). Ao ser inalado, o Carbono Negro é propenso a causar doenças respiratórias, cardiovasculares e até psicológicas, afectando gravemente a saúde pública.
No ambiente, apesar de permanecer na atmosfera apenas por cerca de 12 dias, contribui para o aumento do nível do mar ao acelerar o derretimento dos glaciares e provoca alterações drásticas nos padrões de precipitação, agravando fenómenos climáticos extremos.
Por ser um poluente de curta duração, a sua redução representa uma das formas mais eficazes e imediatas de combater as alterações climáticas e melhorar a qualidade do ar, especialmente em regiões como África, onde o uso intensivo de biomassa e a frequência de fogos florestais agravam a sua presença na atmosfera.
Conclusão
A subestimação das emissões de Carbono Negro nas regiões do Sul Global, revelada por este estudo, expõe uma preocupante falha nos modelos climáticos e nas estratégias de mitigação ambiental actualmente em vigor.
A realidade é que, em muitos países em desenvolvimento, as fontes deste poluente — desde práticas agrícolas rudimentares até infra-estruturas energéticas obsoletas e mal regulamentadas — estão a ser sistematicamente negligenciadas, o que compromete os esforços internacionais para travar o aquecimento global e proteger a saúde pública.
Dada a sua curta permanência na atmosfera, mas elevado potencial de aquecimento e risco sanitário, torna-se imperativo que os governos, organismos multilaterais e instituições de investigação invistam em tecnologias de baixo carbono e promovam políticas mais justas e eficazes de combate ao Carbono Negro.
Ignorar esta realidade é perpetuar desigualdades ambientais e comprometer a sustentabilidade do planeta.
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Imagem: © 2022 Nilmar Lage / Greenpeace