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Domingo, Julho 13, 2025

Desert to Power: Avanços na 5.ª Reunião Ministerial

Os ministros dos países participantes, saudaram os progressos significativos da Iniciativa, nomeadamente a implementação de mais de quinze projectos, dos quais já se encontram alguns operacionais.

Desert to Power: Avanços na 5.ª Reunião Ministerial


Os representantes de seis países membros da Iniciativa Desert to Power aprovaram, em Ouagadougou, documentos estratégicos essenciais para estimular a produção independente de electricidade no Sahel, por ocasião da 5.ª reunião ministerial relativa à iniciativa liderada pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

A reunião foi presidida por Yacouba Zabré Gouba, ministro da Energia, Minas e Carreiras do Burquina Fasso, na presença dos ministros da Energia do Djibuti, Níger e Chade, bem como de representantes dos seus homólogos do Mali e da Mauritânia.

Este encontro importante permitiu fazer um balanço dos progressos realizados na implementação da Iniciativa Desert to Power e aprovar dois documentos estratégicos essenciais: o Protocolo Comum para os Produtores Independentes de Electricidade (PIE) e a Estratégia de Promoção de Mini-Redes Verdes.


A Iniciativa Desert to Power


Lançada em 2019 pelo BAD, a iniciativa Desert to Power propõe-se a transformar o vasto potencial solar de onze países do Sahel — Burquina Fasso, Chade, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal e Sudão — num motor de desenvolvimento sustentável.

O plano visa gerar dez gigawatts de energia solar até 2030, um feito monumental que promete levar electricidade a 250 milhões de pessoas, muitas das quais vivem ainda com dificuldades extremas de acesso energético

Pretende-se, também, electrificar aproximadamente 90 milhões de pessoas pela primeira vez na história, livrando-as de fontes de energia insalubres e inseguras como o querosene e a lenha. Actualmente, cerca de 64 % da população do Sahel vive sem acesso à electricidade, situação que tem travado os progressos na educação, na saúde e na inserção económica.

Com um desenho robusto, a iniciativa assenta em cinco pilares: geração solar ligada à rede, reforço de redes de transmissão regionais, soluções off‑grid e mini‑redes, preparação técnica para operadores públicos e criação de condições favoráveis ao sector privado.

Paralelamente, o programa Mauritânia–Mali, com interligação a 225 kV, deverá garantir electricidade a cerca de 100.000 agregados familiares, facilitando o comércio energético transfronteiriço.


O Projecto


O BAD aprovou um montante inicial de 379,6 milhões de dólares especificamente para os cinco países do G5 Sahel — Burquina Fasso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger — para financiar grandes centrais solares e sistemas de armazenamento, o que poderá desencadear mais de 500 MW adicionais, reduzindo a emissão de mais de 14,4 milhões de toneladas de CO₂ durante o ciclo de vida dos projectos.

Estes fundos para a iniciativa Desert to Power, serão complementados por 150 milhões de dólares provenientes do Green Climate Fund, criando uma alavanca que mobilizará até mil milhões de dólares em investimento público e privado. Em paralelo ao investimento financeiro, são reforçados os mecanismos de apoio técnico e institucional.

O Global Center on Adaptation está a fornecer ferramentas para avaliar os riscos climáticos e orientar os desenvolvedores durante a adaptação solar na vigência do planeamento. O BAD e os seus parceiros lançaram também reuniões regulares ministeriais e criaram unidades de coordenação nacionais para garantir uma implementação fluida.

O Protocolo Comum ‘PIE’, elaborado em estreita colaboração com o grupo de trabalho Desert to Power e o Mecanismo Africano de Apoio Jurídico (ALSF), estabelece princípios e documentos normalizados para facilitar o desenvolvimento de centrais solares em grande escala no âmbito de parcerias público-privadas (PPP).

O objectivo da estratégia das mini-redes é definir um quadro para acelerar a sua implementação e incentivar a participação.


A 5.ª Reunião Ministerial


Os ministros saudaram os progressos significativos da Iniciativa Desert to Power, nomeadamente a implementação de mais de quinze projectos, dos quais os primeiros já estão operacionais. Salientaram igualmente a importância dos esforços de reforço da implementação.

Os intercâmbios prosseguiram no âmbito de um workshop técnico sobre modelação financeira, com o objectivo de reforçar as ferramentas de análise financeira para a viabilidade das empresas nacionais de electricidade do Sahel. A participação activa dos directores-gerais e directores financeiros das empresas nacionais de electricidade neste encontro sublinha o enraizamento operacional da iniciativa.

Kevin Kariuki, vice-presidente responsável pela Electricidade, Energia, Clima e Crescimento Verde do BAD, felicitou os ministros, observando que o Protocolo Comum validado constitui uma alavanca importante para acelerar o desenvolvimento de projectos solares financiados pelo sector privado em benefício da população do Sahel.

Também exortou os países a aproveitarem a Missão 300, um esforço ousado entre o BAD e o Banco Mundial que visa fornecer acesso à electricidade a mais 300 milhões de pessoas em África até 2030, para impulsionar o acesso universal à electricidade nos seus respectivos países.

“A Missão 300 é um movimento baseado em acções coordenadas, liderança política comprometida e execução focada, no qual não podemos deixar nenhum país de fora”, afirmou.

À margem dos trabalhos, os participantes realizaram uma visita de campo à central fotovoltaica de Gonsin, a noroeste da capital do Burquina Fasso, Ouagadougou.

Esta central, com uma capacidade instalada de 42 MWp, realizada no âmbito da Iniciativa Desert to Power, dispõe de um sistema de armazenamento de dez megawatts, ilustrando perfeitamente os resultados concretos e o impacto da Iniciativa no Burquina Fasso.


Conclusão


Com a aprovação do Protocolo Comum dos Produtores Independentes de Electricidade (PIE) e da Estratégia de Promoção de Mini‑Redes Verdes, na 5.ª Reunião Ministerial da Iniciativa Desert to Power, confirma-se a aposta em modelos público‑privados e soluções descentralizadas para acelerar o acesso à electricidade.

Além disso, o apoio técnico e a participação dos responsáveis financeiros das empresas nacionais evidenciam um compromisso crescente com a viabilidade económica e a sustentabilidade dos projectos. O evento reforçou a mensagem: só com parcerias fortes, liderança política e instrumentos regulatórios eficazes será possível iluminar o Sahel.

 


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Imagem: © 2025 AfDB
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