Índice
ToggleDakar 2025: O Mais Épico Rally De Sempre
Esta sexta-feira marca o início do tão aguardado Dakar 2025, a 47.ª edição do rali mais icónico e desafiador do mundo que apesar de ter deixado de ser Paris-Dakar, continua a ter “Cheiro de África”.
Realizado em terras sauditas desde 2020, o Rally Dakar consolidou-se como uma prova épica que reúne pilotos de elite, amadores corajosos e veículos preparados para enfrentar os terrenos mais inóspitos.
Este ano, a organização promete elevar o grau de dificuldade, reforçando a sua reputação de odisseia de resistência e superação. Com um percurso total de 7.700 quilómetros, dos quais 5.100 serão disputados ao cronómetro, a competição apresenta novos elementos que prometem surpreender até os participantes mais experientes.
Entre as novidades está a implementação do ‘roadbook’ digital que torna a navegação mais desafiante e a inclusão de bandeiras vermelhas para reforçar a segurança no meio das dunas. Estes ajustes mostram o compromisso da organização em adaptar o evento aos desafios modernos, preservando a essência de aventura e competição que define o Dakar.
Mas o verdadeiro coração do Dakar 2025 está no seu percurso. A largada em Bisha e a chegada em Shubaytah atravessam os cenários grandiosos do deserto saudita, incluindo o mítico Quarto Vazio (Empty Quarter).
As etapas cronometradas de 48 horas e a maratona, colocam à prova as habilidades e a resistência dos pilotos, enquanto a ausência da categoria de quads e a saída dos Audi eléctricos mostram as mudanças constantes no panorama da prova.
Dakar 2025: Percurso e Novidades
Um percurso épico na Arábia Saudita
A edição de 2025 começa em Bisha, cidade situada no sudoeste da Arábia Saudita e percorre 12 etapas até Shubaytah, totalizando 7.700 quilómetros. Esta rota, cuidadosamente desenhada pela organização, desafia os pilotos a superar terrenos extremos, desde dunas intermináveis até trilhos rochosos.
Entre as etapas, destacam-se a exigente etapa cronometrada de 48 horas logo no início e o regresso da etapa maratona, onde pilotos enfrentam o deserto sem assistência mecânica. O deserto do Quarto Vazio, um dos maiores do mundo, é o palco principal da segunda metade do percurso.
A sua vastidão e imprevisibilidade tornam-no num verdadeiro teste de navegação e resistência, exigindo dos participantes um domínio técnico e físico absoluto. É neste cenário fantástico que sonhos podem ser feitos ou desfeitos, com etapas que misturam adrenalina e estratégia.
Reforço na Segurança e Inovações Tecnológicas
Entre as novidades deste ano, o ‘roadbook’ digital será utilizado por todos os participantes, tornando a navegação mais precisa, reduzindo riscos de acidentes. Este sistema, introduzido gradualmente em edições anteriores, assume-se agora como o padrão para motos, carros e camiões, garantindo maior equidade e segurança.
Outro destaque é a bandeira vermelha elevada a dois metros acima dos veículos, uma medida que facilita a visibilidade no meio das dunas. Esta inovação responde a preocupações recorrentes com colisões em terrenos de baixa visibilidade, contribuindo para preservar a integridade dos competidores.
Além disso, o Dakar 2025 conta com novos desafios tecnológicos, como o “Mission 1000 Challenge” que introduz veículos futuristas em condições extremas. Este projecto, alinhado às tendências globais de sustentabilidade, demonstra o compromisso do Dakar com a inovação, sem perder a essência da competição.
Os Grandes Nomes em Acção
O Dakar 2025 reúne uma elite de pilotos que prometem batalhas intensas. O campeão mundial Nasser Al-Attiyah, agora na Dácia, é um dos favoritos, enquanto Sébastien Loeb procura confirmar o seu talento no todo-o-terreno. A Toyota aposta no saudita Yazeed Al-Rajhi e no brasileiro Lucas Moraes, enquanto a Ford acolhe Carlos Sainz que procura o seu quinto título.
Nas motas, o foco está em Ross Branch que tenta a primeira vitória para a Hero e na forte equipa da Honda, comandada por Pablo Quintanilla e Ricky Brabec. Já a KTM enfrenta desafios financeiros, mas aposta em talentos como Daniel Sanders e Edgar Canet, este último com apenas 19 anos.
A História e o Legado do Dakar
O Inicio
O Rali Dakar que inicialmente, começou por ser Paris-Dakar, nasceu a 26 de Dezembro de 1978, como fruto de um acaso e de uma visão audaz. Tudo começou quando o francês Thierry Sabine, perdido no deserto durante o rali Abidjan-Nice, se encantou pela imensidão das dunas e idealizou uma competição que testasse os limites da resistência humana e mecânica.
Assim, a primeira edição partiu de Paris com 170 participantes e, após 10 mil quilómetros de desafios extremos, apenas 69 chegaram a Dakar, no Senegal, escrevendo os primeiros capítulos de uma epopeia que viria a tornar-se lendária. Nas décadas seguintes, o Dakar cresceu como símbolo de aventura e superação, atraindo os melhores pilotos do mundo e amadores corajosos.
O Dakar era mais do que um simples rali; era uma prova de sobrevivência. Os competidores enfrentavam as paisagens áridas e traiçoeiras de África, com dunas infinitas, terrenos acidentados, temperaturas escaldantes e imprevistos como conflitos armados e tempestades de areia.
Cada edição era uma nova narrativa épica, marcada por vitórias dramáticas e feitos históricos, como o triunfo de Ari Vatanen em 1987 ou as 14 vitórias de Stephane Peterhansel, oito em carros e seis em motas, o que lhe valeram o título de “Senhor Dakar”.
As Fatalidades
Contudo, o Dakar também tem um lado sombrio. Foram perdidas mais de 70 vidas ao longo das suas edições, incluindo a do seu fundador, Thierry Sabine que morreu num acidente de helicóptero em 1986, juntamente com outras quatro pessoas.
Estas tragédias não se limitam a pilotos; jornalistas, membros da organização e espectadores também pereceram no evento, o que alimentou tanto a sua mística quanto a necessidade de reforçar as medidas de segurança.
O Dakar na América do Sul
Com o passar do tempo, as mudanças geopolíticas e os riscos crescentes em África obrigaram a organização do Dakar a repensar o seu percurso. A edição de 2008 foi cancelada devido a ameaças terroristas na Mauritânia, um golpe que levantou sérias dúvidas sobre o futuro da prova no continente africano.
Diante deste panorama, em 2009, o Dakar encontrou um novo lar na América do Sul, marcando uma das maiores mudanças na história da competição. A transição para a América do Sul foi uma decisão arriscada, mas rapidamente provou ser um sucesso. O continente, com a sua diversidade geográfica e cultural, ofereceu à prova novos desafios e uma recepção calorosa.
Os participantes enfrentaram paisagens deslumbrantes e traiçoeiras, como as imponentes montanhas dos Andes, o árido deserto do Atacama e as planícies vastas da Argentina. Esta nova fase trouxe um dinamismo único ao Dakar, mantendo a essência do desafio enquanto atraía milhões de novos fãs.
Os anos na América do Sul foram marcados por momentos inesquecíveis e rivalidades intensas. Pilotos de renome, como Carlos Sainz, brilharam em etapas dramáticas, enquanto novos talentos emergiam para desafiar os veteranos.
A competição tornou-se mais acessível a pilotos locais, permitindo que talentos sul-americanos como os argentinos Kevin Benavides (motas) e Orlando Terranova (carros) deixassem a sua marca na história do Dakar.
Arábia Saudita, o Palco Actual
No entanto, apesar do sucesso no continente, a prova voltou a enfrentar desafios. A crescente dificuldade em garantir financiamento e apoio logístico por parte de alguns países levou a organização a procurar um novo destino. Em 2020, o Dakar mudou-se novamente, desta vez para a Arábia Saudita, inaugurando um novo capítulo na sua história.
A Arábia Saudita revelou-se um palco à altura do Dakar. O vasto deserto do Quarto Vazio, um dos maiores e mais inóspitos do mundo, trouxe de volta a atmosfera de isolamento e perigo que marcou as edições africanas. A organização aproveitou ao máximo as características da região, desenhando percursos que testam os limites da navegação e da resistência física e mental dos pilotos.
Além disso, o Dakar na Arábia Saudita continuou a evoluir tecnicamente. As etapas são meticulosamente planeadas, separando rotas para motos e carros em 45% do percurso para aumentar a segurança, sem abandonar o espírito clássico que faz do Dakar uma das competições mais icónicas do mundo.
Esta nova fase tem permitido que o Dakar mantenha o equilíbrio entre tradição e inovação, explorando paisagens desafiantes e inéditas. Em terras sauditas, a competição reafirma o seu estatuto de epopeia desportiva, onde cada edição é um teste ao espírito humano, à habilidade técnica e à perseverança de todos os envolvidos.
O Épico Dakar
O Dakar, com o passar do tempo, tornou-se mais do que uma competição; é um palco épico para histórias humanas. É onde os amadores realizam os sonhos de uma vida, ao enfrentarem os mesmos desafios que lendas do desporto e, onde a inovação tecnológica se cruza com a resistência.
Hoje, o Dakar continua a ser uma celebração da coragem e da superação, perpetuando o legado de Thierry Sabine. Cada edição acrescenta novos capítulos à história dos desportos motorizados, mantendo viva a essência de uma competição que exige o máximo daqueles que ousam desafiar o impossível.
Conclusão
O Dakar 2025 promete ser muito desafiante; vai claramente ser uma celebração do espírito humano e da capacidade de enfrentar o desconhecido. Desde os desafios técnicos até às paisagens deslumbrantes do deserto saudita, cada quilómetro percorrido contará uma história de resistência, coragem e superação.
À medida que a prova avançar, pilotos e equipas terão de enfrentar mais do que os adversários, vão ter de enfrentar a natureza implacável do deserto. E, como sempre, o Dakar não revelará apenas os vencedores, irá celebrará todos aqueles que ousarem participar nesta epopeia.
Sabias que o Rally Dakar, apesar do nome, não se realiza em África? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © DR