Começou A Primeira Cúpula Africana do Clima.
A Primeira Cúpula Africana do Clima iniciou-se hoje, dia 4 de Setembro de 2023, em Nairóbi, Quénia, marcando um marco histórico para o continente africano.
Este evento de três dias reúne dirigentes de nações africanas, representantes de organizações internacionais, empresas públicas e privadas, bem como a sociedade civil, com o objetivo de discutir soluções para transformar África numa potência em energias renováveis.
Visão Geral da Cúpula
A Primeira Cúpula Africana do Clima, realiza-se este ano 2023, em Nairóbi, no Quénia. É um evento histórico que reúne cerca de 20 chefes de Estado e de governo africanos, acompanhados por aproximadamente 20 mil membros de delegações de todo o mundo.
Sob a liderança do presidente queniano, William Ruto, esta cúpula tem como ambição posicionar África como uma potência emergente no panorama do desenvolvimento sustentável. Além disso, o presidente Ruto procura activamente assistência financeira internacional para explorar as vastas oportunidades que o continente africano oferece no contexto das mudanças climáticas.
Os países africanos enfrentam desafios significativos devido às mudanças climáticas, que incluem secas, inundações e ciclones. Estes desafios são frequentemente exacerbados pela pobreza e pela precariedade das infraestruturas em muitas regiões. A dificuldade em responder a estes eventos climáticos é agravada pelas dívidas externas que muitos países africanos têm de enfrentar.
Um dos pontos centrais das discussões na cúpula é a necessidade urgente de criar uma nova arquitetura financeira para o clima. Este objetivo envolve a reestruturação da dívida existente em muitos países africanos e a implementação de impostos sobre combustíveis fósseis e indústrias poluentes, tais como a aviação e o transporte marítimo.
O propósito é mobilizar os recursos financeiros essenciais para fazer frente aos desafios apresentados pelas mudanças climáticas e promover um desenvolvimento sustentável em África. Esta cúpula representa um passo crucial para que os dirigentes africanos encontrem soluções práticas e viáveis, fortalecendo a posição do continente no panorama global das mudanças climáticas.
O presidente William Ruto, ao liderar este evento, está determinado a fazer desta reunião um ponto de viragem na forma como o continente aborda as questões ambientais, promovendo uma abordagem coletiva e a adoção de “soluções africanas” para os desafios climáticos.
Compromissos Sustentáveis
A Primeira Cúpula Africana do Clima procura compromissos eficazes para os desafios climáticos em África, onde países enfrentam vulnerabilidades devido a eventos climáticos extremos, como secas e inundações, agravados pela pobreza e infraestruturas deficientes.
O foco principal está na criação de uma nova arquitetura financeira, envolvendo a reestruturação da dívida e a implementação de impostos sobre combustíveis fósseis e indústrias poluentes, como aviação e transporte marítimo.
A cúpula procura compromissos concretos, como o aumento da produção agrícola para garantir segurança alimentar, a proteção dos oceanos e florestas para preservar o equilíbrio ecológico, e o desenvolvimento de energias renováveis.
A ativista climática Charity Migwi, da associação 350 Africa, destaca a necessidade de abandonar gradualmente os combustíveis fósseis em favor de fontes de energia limpa e sustentável. É fundamental pressionar pela efetiva implementação do financiamento climático para apoiar projetos de mitigação das mudanças climáticas em África.
É importante notar que os estados africanos já enfrentam altos níveis de endividamento, portanto, conceder mais empréstimos para ações climáticas pode agravar a situação financeira e a pobreza.
Os dirigentes africanos devem usar a sua influência na cúpula para garantir que os compromissos se transformem em ações concretas e recursos financeiros efetivos para enfrentar os desafios climáticos do continente.
Declaração de Nairóbi
A criação da “Declaração de Nairóbi” é uma das metas essenciais desta Primeira Cúpula Africana do Clima. Este documento terá um impacto significativo, pois unirá propostas e compromissos comuns de várias nações africanas sobre questões climáticas.
A relevância desta declaração está em permitir que o continente africano fale com uma única voz, unificando perspectivas e estratégias, apesar das diferentes realidades de cada nação.
Cherop Soy, uma destacada ativista queniana, enfatiza essa importância. Ela observa que, embora os países africanos possuam geografias e contextos diversos, é fundamental que o continente esteja unido em questões climáticas, dada a similaridade dos desafios causados pelas mudanças climáticas.
A “Declaração de Nairóbi” representa, portanto, uma oportunidade para África consolidar suas preocupações e aspirações climáticas. Fatima Diallo, diretora-executiva da organização Cradesc que actua na área de transição energética no Senegal, destaca a necessidade de uma mudança significativa de paradigma durante a cúpula.
Ela ressalva que a cúpula não deve repetir os padrões anteriores, como a COP27 que não atingiu resultados desejados, especialmente para a sociedade civil. Diallo destaca o compromisso do Banco Africano de Desenvolvimento e dos Estados em tornar a cúpula eficaz.
Ela expressa a esperança de que a “Declaração de Nairobi” resulte em um plano de ação concreto e um programa claro para enfrentar os desafios climáticos do continente, incluindo compromissos tangíveis dos Estados na implementação das medidas necessárias para alcançar metas climáticas e promover o desenvolvimento sustentável em África.
A cúpula representa uma oportunidade única para os dirigentes africanos demonstrarem os seus compromissos com a proteção do meio ambiente e o bem-estar das suas populações.
Transição para Veículos Elétricos
Enquanto a Cúpula Africana do Clima procura soluções para os desafios climáticos do continente, em África, encontramos empresas que já estão a lutar por essa transição como o caso da startup Spiro que é um exemplo claro do que se pretende fazer pois desempenha um papel crucial na transição para veículos elétricos de duas rodas em África.
A startup Spiro, originária do Benim e fundada em 2022, está na vanguarda da luta contra a poluição e na promoção de um futuro sustentável em África. A empresa tem uma frota de 10 mil veículos elétricos em operação no Benim, Togo e Ruanda. Agora, com a implantação de 1,2 milhão de veículos elétricos de duas rodas no Quénia, a Spiro está a contribuir para a redução da poluição e dos custos de transporte.
Com a crescente procura por veículos de duas rodas na África Subsaariana, especialmente no setor de mototáxis, a Spiro desempenha um papel fundamental nessa transição. Além disso, a empresa gera empregos locais e impulsiona a eletrificação acessível e confiável em todo o continente africano.
A Spiro é um exemplo inspirador de inovação sustentável, fornecendo uma alternativa viável e ecológica para os desafios de mobilidade e poluição que a região enfrenta. Com uma visão audaciosa e um compromisso firme com a sustentabilidade, eles estão a moldar um futuro mais verde para África.
Conclusão
A Primeira Cúpula Africana do Clima é um evento histórico que reúne dirigentes africanos e parceiros internacionais para abordar os desafios das mudanças climáticas no continente. É uma oportunidade para desenvolver soluções sustentáveis e mobilizar recursos para enfrentar esses desafios.
A implantação de veículos elétricos pela startup Spiro demonstra a importância da inovação e da transição para tecnologias mais limpas para enfrentar os problemas ambientais. À medida que a cúpula progride, espera-se que resulte em compromissos concretos e ações significativas para o futuro sustentável de África.
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Imagem: © 2023 Luís Tato