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Segunda-feira, Fevereiro 3, 2025

Cabo Verde: PR Sugere Formação Como Reparação

O PR de Cabo Verde, José Maria Neves, reflectiu sobre a justiça e o papel das reparações no continente e apontou o investimento na formação e qualificação de professores como uma forma de o mundo fazer reparações para com África.

Cabo Verde: PR Sugere Formação Como Reparação


O chefe de Estado de Cabo Verde, discursou hoje, 03 de Fevereiro de 2025, em Arusha, Tanzânia, a convite da presidente do Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos, Imani D. Aboud.

A abertura do ano judicial de 2025 marca também o início da 76.ª Sessão Ordinária daquele tribunal, que decorrerá até 28 de Fevereiro.

O Presidente cabo-verdiano tem defendido a restituição de bens culturais a África e outras regiões do mundo para preservação da cultura e espiritualidade local, como o fez na Assembleia Geral das Nações Unidas, Nova Iorque, em Setembro de 2024.


Reparar Para o Futuro


“Reparar através da educação é, verdadeiramente, investir no futuro. Este processo implica não apenas a reconstrução das escolas destruídas, mas também a formação de professores devidamente qualificados, capazes de transmitir muito mais do que conhecimento académico”, referiu o chefe de Estado.

“Estes professores devem ser portadores de valores universais – ensinar a paz, a tolerância, a história partilhada dos nossos povos e a riqueza inestimável da nossa diversidade cultural”, disse ao discursar na abertura do ano judicial do Tribunal Africano dos Direitos do Homem e dos Povos, em Arusha, Tanzânia.

Numa cerimónia dedicada ao tema, em linha com um dos pilares da União Africana (UA) para este ano, o discurso de José Maria Neves centrou-se na ideia de que “a questão das reparações transcende a mera compensação material”.

As reparações inserem-se “numa perspectiva holística que abrange os alicerces essenciais da saúde, educação e cultura, pilares imprescindíveis para a cura das feridas do passado e para a edificação de um futuro de equidade e prosperidade”.

África carrega ainda “as cicatrizes de múltiplos flagelos, guerras fratricidas, divisões étnicas instrumentalizadas, incluindo o sistema do apartheid, injustiças criadas, impostas e perpetuadas”, justificou.

“Não basta reconstruir estradas, reerguer casas ou oferecer indemnizações materiais. É preciso ir além. É necessário investir naquilo que constitui o verdadeiro alicerce de um futuro sustentável”, ilustrou o chefe de Estado.


Uma Segunda Descolonização


Para que as reparações alcancem os objetivos, África precisa de realizar, internamento, “uma segunda descolonização, uma descolonização mental que liberte as suas sociedades da dependência das narrativas neocoloniais”.

Segundo referiu, “as instituições regionais, como a União Africana”, devem ser “reformadas e fortalecidas” e os processos eleitorais no continente “precisam de ser normalizados para garantir estabilidade e representatividade”.

José Maria Neves defendeu ainda a devolução de “bens culturais ilicitamente retirados do continente”, iniciativa já amplamente discutida a nível internacional, assim como “apoiar os artistas, preservar os sítios históricos, reconstruir os museus e incentivar a criação contemporânea”.

“Reparar através da cultura é muito mais do que reerguer edifícios ou compensar perdas materiais. É revitalizar línguas ameaçadas”, acrescentou.

A este propósito, reiterou a intenção de organizar uma cimeira da crioulidade, durante o ano de 2025, em Cabo Verde.


Conclusão


A abordagem defendida por José Maria Neves reforça a necessidade de uma visão ampla e estruturada para a reparação histórica de África.

Mais do que medidas compensatórias, o verdadeiro progresso exige investimentos estratégicos na educação, cultura e fortalecimento institucional, garantindo que as sociedades africanas possam construir um futuro de equidade, estabilidade e desenvolvimento sustentável.

A devolução do património cultural, a valorização das línguas ameaçadas e a reforma das instituições são passos essenciais para que África possa superar as cicatrizes do passado e afirmar-se plenamente no panorama global.

 


O que pensas desta postura do PR de Cabo Verde em relação ás reparações coloniais? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.


 

Imagem: © 2025 #Balai
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