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Terça-feira, Novembro 26, 2024

As Feridas do 27 de Maio Persistem Abertas

A reconciliação em Angola passa pelo reconhecimento da verdade sobre o 27 de Maio de 1977, um passo vital para a justiça e para a cura nacional.

As Feridas do 27 de Maio Persistem Abertas.

Hoje é o 46º aniversário do trágico massacre, de 27 de Maio em Angola, resultante do movimento conhecido como Fraccionismo.

Este marco temporal traz à tona recordações dolorosas para muitos angolanos, especialmente para os sobreviventes do massacre e para as famílias que perderam os seus entes queridos nesse dia terrível e nas purgas subsequentes. Para estas pessoas, a procura pela verdade e pela justiça permanece mais viva do que nunca.

Em muitos casos, a dor dessas famílias foi agravada pela incerteza. As análises de DNA, realizadas em alguns dos restos mortais recuperados, não correspondem aos das vítimas identificadas, uma descoberta que deixa muitas perguntas sem resposta e mantém a dor das feridas ainda abertas.

Em 2021, Angola assistiu a uma mudança significativa: pela primeira vez em 44 anos, o país prestou uma homenagem oficial às vítimas da alegada tentativa de golpe de Estado de 27 de Maio de 1977. Este marco significativo, ocorreu apenas um dia depois de o Presidente de Angola, ter pedido publicamente desculpas pelas execuções sumárias realizadas durante o massacre.

Estes eventos representam um passo crucial na direcção certa, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Para que uma verdadeira reconciliação seja possível, é fundamental que o passado seja confrontado de forma aberta e transparente. O povo de Angola merece nada menos do que isso.

 

Memórias de uma Nação

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem Abertas
Homenagem oficial às vítimas da alegada tentativa de golpe de Estado de 27 de Maio de 1977, realizada pela primeira vez em 2021.

Angola, uma nação marcada por uma complexa tapeçaria histórica, alberga dentro das suas fronteiras, memórias que são frequentemente difíceis de recordar. Uma dessas memórias que permanece gravada na consciência colectiva do país, é a do 27 de Maio de 1977.

Essa data, não é conhecida pela celebração de um evento positivo, mas sim pelo eco de uma violência brutal que ainda hoje ressoa nas mentes de muitos angolanos. Este dia, mais do que um simples marco temporal, é uma ferida aberta na história do país. Representa um episódio de conflito e divisão, um momento em que a esperança de uma nação jovem e independente foi manchada pelo sangue dos seus filhos.

No entanto, o 27 de Maio representa também uma oportunidade: a possibilidade de enfrentar os fantasmas do passado, aceitar a verdade, por mais dolorosa que seja e iniciar um processo de reconciliação.

Mas, estará Angola preparada para tal desafio? Estará o país disposto a romper o manto de silêncio que encobre este dia sombrio, enfrentar a realidade e empreender a árdua caminhada em direção à reconciliação? Este é o desafio que Angola enfrenta, um desafio que moldará o seu futuro como nação.

 

As Raízes do 27 de Maio

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem Abertas
Tanque cubano barra o acesso à Rádio Nacional de Angola, durante o 27 de Maio de 1977.

Para entendermos as raízes do 27 de Maio, temos de recuar à década de 1970, um período tumultuoso na história de Angola, marcado pela luta pela independência e pelos primeiros anos de autogoverno. É neste contexto que surge o Fraccionismo, um movimento político angolano de natureza comunista ortodoxa, liderado por Nito Alves, ex-dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Nito Alves, uma figura importante do MPLA e comandante militar das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), tornou-se um líder influente no seio do movimento. Contudo, desenvolveu-se uma profunda divisão entre os membros do MPLA, com uma facção moderada, liderada por Agostinho Neto e uma facção radical, encabeçada por Nito Alves.

Os seguidores de Nito Alves opunham-se à predominância de mestiços e brancos no governo e à implementação de políticas socioeconómicas que, acreditavam, estavam a acentuar a pobreza em massa no país, após a guerra de independência e o início da guerra civil.

Na tentativa de confrontar estas questões, a 27 de maio de 1977, Nito Alves liderou uma tentativa de golpe de Estado contra o Presidente Neto. No entanto, este movimento, conhecido como Fraccionismo, foi mal planeado e carecia de um objetivo claro perante as massas populares, o que contribuiu para o seu fracasso.

A tentativa de golpe foi violentamente reprimida pelo regime de Agostinho Neto, resultando numa purga que durou dois anos, deixando milhares de mortos pelo caminho. Este episódio teve um impacto duradouro no Estado angolano e no MPLA, resultando numa mudança radical no partido que, de pluralista, passou a adoptar oficialmente o marxismo-leninismo.

A tentativa de golpe de Estado, assim como a brutal repressão que se seguiu, deixaram marcas profundas na história de Angola. Hoje, mais de quatro décadas depois, a busca pela verdade e pela reconciliação em relação a estes eventos continua.

 

Recordar o 27 de Maio

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem AbertasO 27 de Maio de 1977, mais do que uma simples data no calendário de Angola, é uma cicatriz na memória colectiva da nação. Este dia representa um dos episódios mais sombrios e violentos da sua história recente, um episódio que desencadeou uma brutal repressão após uma alegada tentativa de golpe de Estado contra o então Presidente Agostinho Neto.

Este acontecimento trágico está envolvido em uma neblina de incerteza e silêncio. É complexo separar factos de rumores, verdade de ficção, num evento que ocorreu há quase meio século. Mesmo hoje, muitas perguntas permanecem sem resposta, muitas vozes continuam silenciadas e o eco da violência perdura na memória dos angolanos.

Apesar da dificuldade em estabelecer um relato completo e factual sobre os acontecimentos do 27 de Maio de 1977, a importância de recordar e analisar este período não deve ser subestimada. É uma parte vital da história de Angola, cujas lições ainda são relevantes para o país no presente.

O fracasso do golpe de Estado de Nito Alves e a violenta repressão subsequente revelaram as frágeis fundações do jovem estado angolano e o potencial explosivo das suas divisões internas. A repressão de Neto não só eliminou um oponente interno, mas também serviu para reforçar a sua autoridade e consolidar o poder nas mãos do MPLA, contribuindo para o desenvolvimento de um estado fortemente centralizado.

A estoicidade do regime de Agostinho Neto e a sua capacidade para resistir a esta ameaça significativa à sua autoridade foram elementos-chave na sobrevivência do estado angolano durante a guerra civil que durou quase três décadas.

 

As Consequências Sociais do 27 de Maio

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem Abertas
Recorte de Jornal do dia seguinte ao 27 de Maio de 1977 a solicitar que o povo prendesse os Fraccionistas.

A repressão do 27 de Maio também exacerbou as tensões raciais e sociais existentes em Angola. As acusações de Nito Alves de que o governo era dominado por mestiços e brancos e que negligenciava os interesses da população negra angolana, embora politicamente motivadas, encontraram eco em muitos angolanos e contribuíram para um sentimento de exclusão social e racial que persiste até hoje.

Por outro lado, o 27 de Maio também representa um dos primeiros desafios sérios ao poder de Agostinho Neto e do MPLA. A tentativa de golpe evidenciou a falta de coesão interna dentro do MPLA e revelou as fissuras que existiam dentro do partido.

Esta instabilidade interna continuaria a atormentar o MPLA nas décadas seguintes, contribuindo para a sua lenta evolução de um movimento de libertação para um partido político.

A memória do 27 de Maio continua a ser um tema sensível em Angola. Muitos angolanos ainda sentem o peso desta tragédia e há um desejo crescente de justiça e de reconciliação. Contudo, o progresso tem sido lento e o caminho para a verdade e a reconciliação continua a ser longo e difícil.

 

A Dolorosa Jornada da Reconciliação

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem AbertasPara compreendermos verdadeiramente o 27 de Maio e o seu impacto, é importante que o país continue a confrontar-se com esta parte dolorosa da sua história, e não a apague ou a esqueça. Só assim Angola poderá verdadeiramente curar as feridas do passado e construir um futuro mais promissor e inclusivo.

Este processo de confrontação e reconciliação é, sem dúvida, doloroso, mas é também um processo essencial para qualquer sociedade que queira curar as feridas do passado. Este não é um caminho que possa ser percorrido rapidamente ou sem dificuldades. Requer coragem, determinação e, sobretudo, uma vontade genuína de olhar para o passado com olhos abertos e corações abertos.

Embora a verdade sobre o que realmente aconteceu no 27 de Maio continue a ser um assunto de grande controvérsia, é indiscutível que esta data marcou profundamente a sociedade angolana. As cicatrizes emocionais e psicológicas deixadas por esse dia continuam a ser sentidas por muitos angolanos, e é apenas confrontando estas cicatrizes que o país pode começar a curar-se.

É igualmente importante reconhecer que o 27 de Maio não é apenas uma data na história de Angola, mas também uma parte viva da memória coletiva do país. Este dia não deve ser visto apenas como um momento de tristeza e dor, mas também como uma oportunidade para lembrar, refletir e aprender com o passado.

É uma oportunidade para Angola afirmar o seu compromisso com a paz, a reconciliação e a justiça social. O 27 de Maio é uma lição sobre a importância do respeito pelos direitos humanos, da inclusão e da tolerância.

É um lembrete de que a violência e a repressão nunca são a solução para os problemas de uma nação. E é uma chamada à ação para que todos os angolanos, independentemente da sua origem, se unam na construção de uma Angola melhor, mais justa e mais inclusiva.

 

O Passado Não Pode Ser Esquecido

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem AbertasUm país, para poder crescer e desenvolver-se de forma saudável, precisa de enfrentar os seus fantasmas e reconhecer os seus erros passados. Esquecer ou ignorar o passado não contribui para a construção de um futuro pacífico e inclusivo. A verdade, mesmo que dolorosa, deve ser revelada, e as injustiças do passado devem ser reconhecidas e reparadas.

Esquecer ou ignorar o passado não é uma opção. A memória de um país é um fio condutor essencial para a formação e manutenção da sua identidade e o 27 de Maio de 1977 está indelevelmente gravado na memória colectiva de Angola. Esta data, marcada pela violência e sofrimento, desempenha um papel significativo na narrativa histórica da nação.

O passado, ainda que doloroso, não deve ser varrido para debaixo do tapete. Ao contrário, deve ser confrontado de frente, com honestidade e coragem. A verdade pode ser desconfortável, mas é a base sobre a qual se pode construir a reconciliação. Sem um entendimento completo e compartilhado do passado, é impossível mover-se em direção a um futuro de paz e unidade.

Não obstante a dificuldade em estabelecer um relato completo e preciso dos acontecimentos, uma realidade é incontestável: naquele fatídico dia, muitas vidas foram perdidas. As estimativas variam, mas é consensual que milhares de pessoas foram executadas, torturadas e desapareceram sem deixar rasto. Famílias inteiras foram destroçadas e comunidades, dilaceradas pelo medo e pela violência.

 

As Incertezas Ainda Existentes

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem AbertasApesar das décadas passadas, a verdadeira dimensão deste evento continua por ser plenamente reconhecida. As marcas do 27 de Maio ainda são visíveis e tangíveis na sociedade angolana, seja na forma de memórias traumáticas ou na luta contínua por justiça e verdade.

Embora já se tenham feito algumas tentativas para abordar esta questão, ainda não se chegou a um verdadeiro reconhecimento público do que aconteceu.

A falta de uma resposta definitiva e transparente a estes acontecimentos apenas contribui para aprofundar as feridas do passado. É essencial recordar o 27 de Maio, não como uma mera data histórica, mas como um momento de reflexão sobre a violência, a injustiça e a necessidade de reconciliação.

A reconciliação não é um processo que ocorre da noite para o dia. É um caminho longo e complexo que envolve reconhecer a verdade, fazer justiça e reparar os danos causados. Este processo inicia-se com o reconhecimento da verdade dos acontecimentos de 27 de Maio.

Apenas ao admitir a brutalidade do que ocorreu naquele dia, poderá ser aberto o caminho para um verdadeiro diálogo e entendimento. As vítimas e suas famílias têm direito à verdade, a ver os responsáveis responderem pelos seus actos e a receber a devida reparação.

Este reconhecimento é crucial não apenas para o início do processo de cura individual, mas também para a cicatrização das feridas da nação.

É indispensável que a verdade seja trazida à luz. Este é um passo crucial para garantir que os erros do passado não se repitam no futuro. Ao enfrentar o passado, Angola pode começar a construir um futuro de reconciliação e justiça, um futuro onde o 27 de Maio seja recordado não apenas como um dia de violência, mas também como o início de um processo de transformação.

Para avançar em direção a um futuro de paz e união, é necessário primeiro confrontar e compreender as sombras do passado.

 

O Papel da Sociedade Civil

Imagem: © DR (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem AbertasA lembrança do 27 de Maio deve ser preservada, não como uma fonte de divisão ou ressentimento, mas como uma memória de um caminho que Angola não deve voltar a trilhar. Esta data deve servir como uma advertência e como uma fonte de aprendizagem para a sociedade angolana, para que as gerações futuras não repitam os erros do passado.

A sociedade angolana tem um papel fundamental neste processo de memória e reconciliação. Não basta apenas que os líderes políticos reconheçam os erros do passado, é preciso que a sociedade em geral participe activamente neste processo de reconciliação.

São as organizações da sociedade civil, os académicos, os historiadores e os ativistas que muitas vezes levam a cabo o trabalho importante de documentar e interpretar o passado, de chamar a atenção para as injustiças e de promover a reconciliação.

A sociedade civil pode servir como uma voz independente e crítica, capaz de questionar as versões oficiais da história e de procurar a verdade. Além disso, pode também desempenhar um papel fundamental na promoção da justiça e da reparação para as vítimas do passado, e na construção de uma cultura de respeito pelos direitos humanos e pela democracia.

Todos têm o dever de conhecer a sua história, de se informar sobre o que aconteceu e de participar activamente na construção de um futuro de paz e justiça. É tempo de Angola encarar a sua história, sem medo das verdades dolorosas que podem surgir.

É tempo de dar voz às vítimas silenciadas, de fazer justiça e de reparar os danos causados. Apenas assim, o país poderá seguir em frente, livre do peso do seu passado, e construir um futuro promissor e inclusivo para todos os angolanos. O 27 de Maio deve ser recordado, não como um dia de violência, mas como o início de um novo capítulo na história de Angola, um capítulo de reconciliação, justiça e paz.

 

A Comunidade Internacional

Imagem: © 2023 Francisco Lopes-Santos (20230527) As Feridas do 27 de Maio Persistem AbertasA sociedade civil angolana em conjunto com a comunidade internacional são protagonistas indubitáveis no percurso em busca da verdade e da reconciliação. Elas possuem a capacidade de pressionar as autoridades a encarar o passado de forma transparente, insistindo na criação de uma comissão da verdade que seja ao mesmo tempo independente e imparcial.

Esta comissão, devidamente equipada com os recursos necessários e autoridade suficiente, poderá desempenhar um papel central na investigação dos eventos do 27 de Maio de 1977.

O seu trabalho pode iluminar o que aconteceu naquele dia fatídico e oferecer uma plataforma para as vítimas partilharem as suas histórias. Este processo é essencial para dar voz às vítimas e assegurar que a sua experiência é reconhecida e lembrada.

Além disso, a sociedade civil e a comunidade internacional podem também ser instrumentais na promoção de justiça para as vítimas. Ao pressionar para que os responsáveis sejam responsabilizados e, ao defender a necessidade de reparação para as vítimas e para as suas famílias, podem ajudar a avançar o processo de reconciliação.

No entanto, o papel destas entidades vai além de pressionar por justiça. É importante que a sociedade civil e a comunidade internacional se mantenham vigilantes para garantir que o processo seja conduzido de forma justa e transparente.

Devem servir como guardiões da verdade, garantindo que o passado é abordado de forma honesta e que a história do 27 de Maio é contada de forma completa e precisa.

Finalmente, a sociedade civil e a comunidade internacional devem também desempenhar um papel na educação. Ao promover a consciencialização sobre os eventos do 27 de Maio, podem ajudar a garantir que as futuras gerações compreendam a importância da verdade e da reconciliação para a construção de uma sociedade pacífica e justa.

 

Conclusão

Angola tem uma jornada longa e difícil pela frente. Contudo, é uma jornada necessária para a reconciliação. Encarar a verdade dolorosa do Fraccionismo de 27 de Maio é o primeiro passo para cicatrizar as feridas do passado. Só assim o país poderá olhar para o futuro sem esquecer o seu passado.

A recordação e a compreensão do 27 de Maio são essenciais para a construção de uma Angola melhor. Este não é um processo fácil ou rápido, mas é um caminho que o país precisa de percorrer para curar as suas feridas e construir um futuro mais justo e inclusivo.

A memória do 27 de Maio deve ser preservada e compreendida, não como uma fonte de divisão, mas como uma oportunidade para aprender com o passado e construir um futuro melhor. Assim, enquanto houver a coragem de olhar para o passado com olhos abertos, de reconhecer os erros e de trabalhar para a reparação, haverá esperança para um futuro melhor para Angola.

 

O que pensas sobre de um processo de reconciliação para curar as feridas do 27 de Maio de 1977? Acreditas que o reconhecimento da verdade é fundamental para alcançar a justiça? A tua opinião é extremamente valiosa para nós. Não hesites em deixar o teu comentário e partilhar as tuas reflexões sobre esta questão. Se consideras este artigo informativo e relevante, partilha-o e dá-lhe um “like/gosto”. O nosso objetivo é continuar a fornecer conteúdos que sejam do teu interesse, e a tua participação é crucial para conseguirmos fazê-lo.

 

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Imagem: © 2023 Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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