África/UE: Mercado Mineiro Pouco Transparente
Os países de África com acordos comerciais para a exploração mineira, com a UE, estão preocupados, após a Coligação da União Europeia para as Matérias-primas (EURMC) ter alertado esta quarta-feira para a falta de transparência da UE quanto a investimentos mineiros em países terceiros, colocando em risco direitos humanos e a proteção ambiental.
A Comissão Europeia adotou esta quarta a primeira lista de 13 projetos estratégicos relativos a matérias-primas essenciais localizadas fora da UE, destinados a diversificar as fontes de abastecimento.
Entre os 13 projetos estratégicos, sete estão localizados no Canadá, no Cazaquistão, na Noruega, na Sérvia, na Ucrânia e na Zâmbia – com os quais a União Europeia tem uma parceria estratégica sobre cadeias de valor de matérias-primas.
Dois estão localizados num país ou território ultramarino, Gronelândia e Nova Caledónia e os restantes estão localizados no Brasil, Madagáscar, Malawi, África do Sul e Reino Unido.
Num comunicado, a EURMC, a maior rede de organizações da sociedade civil que trabalham na políticas das matérias-primas da UE que defende uma transição de recursos justa e sustentável, afirma que o lançamento dos 13 projetos “suscita preocupações” sobre a abordagem da UE às parcerias estratégicas e aos investimentos mineiros fora das suas fronteiras, em particular em África.
A EURMC alerta que estes projetos “carecem de salvaguardas adequadas, transparência e envolvimento local – colocando em sério risco os direitos humanos, os direitos indígenas e a proteção ambiental”, segundo o comunicado.
A organização nota que a abordagem da Comissão quanto às matérias-primas críticas tinha o Pacto Ecológico Europeu no centro, mas agora é a militarização que assume um papel central. E alerta que alguns projetos estão em países com sistemas de governação frágil, “o que levanta suspeitas quanto à forma como as parcerias estratégicas estão a ser implementadas no terreno”.
“A UE deve honrar os seus compromissos em matéria de direitos humanos, direito internacional e compromisso democrático, garantindo que estes projetos não reproduzem os danos causados pelo extrativismo no passado”, diz-se no comunicado.
E recorda-se que a lei das matérias-primas críticas foi concebida para ajudar a proteger as cadeias de abastecimento de matérias-primas. “Mas, ao fazê-lo, a UE deve evitar exportar danos sociais e ambientais. Os projetos estratégicos realizados no estrangeiro não podem prosseguir sem um processo de consulta livre, prévia e informada”, alerta.
A EURMC que aponta o projeto na Sérvia (lítio) como um dos que suscita “sérias preocupações”, diz ainda que a sociedade civil também está alarmada com o facto de a Comissão continuar a não fornecer informações sobre a forma como os projetos foram selecionados, que critérios foram utilizados e a forma como serão fiscalizados e avaliados, em particular em regiões delicadas como África.
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Imagem: © 2022 Junior Kannah / AFP