6 em 10 africanos querem Governos democráticos.
6 em cada 10 africanos preferem um Governo democrático, ainda que deficiente. É a conclusão de um inquérito divulgado hoje, pelo Afrobarómetro.
Este número não é de estranhar já que África está menos segura, menos protegida e menos democrática, nos dias de hoje, do que estava há uma década. A insegurança tem atrasado o progresso na saúde, na educação e nas oportunidades económicas. Estas são as conclusões da avaliação do índice Ibrahim de governança africana.
Este índice, examina o desempenho dos governos em políticas e serviços, incluindo segurança, saúde, educação, direitos e participação democrática. Os seus últimos dados, apontam para que o COVID tenha contribuído em larga escala para a estagnação do progresso nos últimos três anos.
O índice Ibrahim
Segundo este índice, o estado de direito e os direitos humanos deterioraram-se em mais de 30 países. O relatório alertou que as liberdades democráticas estão a ser restringidas, citando exemplos de repressões e ataques a manifestantes que pediam o fim da brutalidade policial, como foi o caso na Nigéria ou a mudança de regime no Sudão.
Estes tipos de protestos que foram recebidos com força excessiva pelos serviços de segurança nacionais, têm aumentado constantemente desde 2016, levando a que haja um aumento considerável do descontentamento popular por toda a África.
No entanto, não ocorreram retrocessos em todos os países. As Maurícias, as Seychelles e a Tunísia que tiveram governos com tendências democráticas, demostraram-se mais eficazes, apesar de o progresso ter sido retardado pelos confinamentos, devidos à pandemia do COVID.
Nestes países, verificou-se que, uma melhor infraestrutura telefónica e internet melhoraram as oportunidades económicas, os serviços de saúde para crianças e mulheres grávidas, bem como o controle de doenças, melhoraram, assim como a educação. Bem como uma aposta em melhores recursos e maiores esforços para matricular mais crianças e concluir os seus estudos.
Por outro lado, governos mais autoritários, como o Sudão do Sul, a Guiné-Bissau e a Somália tiveram os piores resultados de todos os países africanos.
O Sudão do Sul sofre com a falta de oportunidades económicas, enquanto quase três quartos da sua população passa fome. A Líbia, devido a anos de guerra civil, de um dos países com melhor saúde, melhor ensino e melhores condições para os seus habitantes, passou para o outro extremo e apresenta alguns dos piores serviços de saúde, educação e bem-estar social do continente.
As maiores melhorias, no entanto, foram observadas na Gâmbia e nas Seychelles, devido às melhorias na participação democrática, contrariando uma tendência continental, com eleições mais justas e maior liberdade de reunião e espaço para a sociedade civil trabalhar.
O inquérito do Afrobarómetro
Não é, pois, de estranhar que, de acordo com o inquérito do Afrobarómetro, mais de 6 em cada 10 africanos preferem um Governo democrático, mesmo que ineficiente, do que um estilo de governação autoritária. Este inquérito foi extremamente representativo já que alcançou 80% das populações em 39 países no continente.
“Neste atarefado ano de eleições, os africanos mostram um empenho irredutível na democracia e nas normas democráticas, com as maiorias a preferirem a democracia e a defender eleições, órgãos de comunicação social livres e limites aos mandatos presidenciais”.
Lê-se no comunicado de imprensa distribuído a propósito da divulgação do mais recente inquérito anual, feito em vários países africanos.
Em 20 países inquiridos em 2021 e no ano passado, 67% dos africanos expressaram uma preferência pela democracia sobre qualquer outra forma de Governo e rejeitaram alternativas não democráticas, como a governação unipessoal (81%).
Entre as principais conclusões do inquérito, destaca-se o desemprego como a principal preocupação dos africanos (35%), seguido de perto pela gestão da economia (34%), mas apenas metade diz ter ouvido falar das alterações climáticas.
“Destes, três quartos querem que os governos tomem ações sobre o clima independentemente dos custos económicos”, acrescenta-se no comunicado.
Os resultados do Afrobarómetro são divulgados na semana anterior às eleições presidenciais na Nigéria, o país mais populoso e com a maior economia da África subsaariana e, coincide, com a realização de eleições programadas para este ano, em 12 países africanos.
O Afrobarómetro
O Afrobarómetro é um instituto de pesquisa panafricano que opera em 39 países, com mais de 350 mil entrevistas que representam a visão de mais de 80% dos africanos, e assume-se como uma fonte de informação de alta qualidade que dá forma a vários índices sobre África, elaborados por instituições como o Banco Mundial ou a Transparência Internacional.
Conclusão
O Afrobarómetro só vem dar vida a uma realidade que todos os africanos já sabem, o facto de a democracia funcionar melhor para o desenvolvimento económico e social de todas as sociedades. Esta é uma realidade que em África ainda tem pouca expressão, mas que terá que mudar, se África quiser avançar no tempo, para passar à frente dos outros continentes e tomar o seu merecido lugar de destaque.
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Imagem: © DR