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Domingo, Março 16, 2025

IFC Projecta Continuar a Expansão Nos PALOP

A Sociedade Financeira Internacional (IFC), braço privado do Banco Mundial, anunciou, a continuação da sua expansão nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), durante o Fórum de Negócios da África Lusófona, realizado na ilha do Sal (Cabo Verde).

IFC Projecta Continuar a Expansão Nos PALOP


Nos últimos cinco anos, a IFC consolidou a sua presença em cinco dos seis países lusófonos africanos, injectando 1,5 biliões de dólares em 25 projectos. A directora regional para a África Austral, Cláudia Conceição, sublinhou que a expansão é “sem dúvida” prioritária, combinando financiamento e assistência técnica.

A aposta nos PALOP surge após uma estratégia deliberada do vice-presidente regional Sérgio Pimenta que recrutou profissionais fluentes em português para aproximar a instituição destes mercados.

“Em comunidades pequenas, como os PALOP, é fácil os países ficarem perdidos face a blocos maiores”, explicou Conceição.

O primeiro Fórum de Negócios da África Lusófona que encerrou na sexta-feira em Cabo Verde, serviu para alinhar prioridades entre governos e investidores. Devido ao sucesso, a IFC já tem planos uma segunda edição do evento, reforçando a cooperação regional.


Corte no Financiamento?


A IFC duplicou a sua intervenção nos PALOP, nos últimos cinco anos, focando-se em sectores como a energia, a agricultura e as infra-estruturas. Cláudia Conceição destacou que “o investimento não gosta de barulho”, exigindo segurança jurídica e colaboração estatal. A instituição tem trabalhado para melhorar o ambiente de negócios, capacitando governos e empresas privadas.

“O Estado não tem capacidade para fazer tudo sozinho”.

Afirmou a directora, referindo-se à tendência de transferir serviços públicos para gestão privada. Um dos desafios é a escala reduzida das economias lusófonas. Apesar disso, a IFC adaptou modelos de financiamento, como linhas de crédito para PMEs.

“Os riscos são maiores, mas os impactos sociais justificam o esforço”, acrescentou.

O Fórum na ilha do Sal permitiu identificar sinergias entre países. Cabo Verde, por exemplo, partilhou experiências em turismo sustentável, enquanto Angola discutiu diversificação económica. A assistência técnica da IFC inclui formação em padrões internacionais, essencial para atrair parceiros globais. A directora regional confirmou ainda que a IFC manterá o foco na redução da burocracia.

“Leis claras e estáveis são a base para qualquer investimento”, concluiu.


A Nova Estratégia


A IFC e o Banco Mundial preparam um “produto revolucionário” de financiamento agrícola, a ser anunciado nas reuniões da Primavera em Washington. O mecanismo visa beneficiar pequenos produtores, maioritariamente informais.

“África tem terra fértil e água, mas falta saber como investir”.

Questionou Cláudia Conceição durante o Fórum. O novo modelo pretende superar obstáculos como a falta de garantias e a informalidade.

A agricultura representa 60% da força de trabalho em muitos PALOP, mas apenas 10% do financiamento global. A IFC propõe parcerias público-privadas para escalar produção e acesso a mercados. Um exemplo é Moçambique, onde a instituição apoia cooperativas agrícolas com crédito e tecnologia, onde procura transformar a subsistência em negócios sustentáveis.

Os riscos climáticos, porém, preocupam os investidores. A IFC está a estudar criar seguros indexados ao clima, mitigando perdas por secas ou inundações.

“Sem inovação, o sector não avança”, admitiu Conceição.

O financiamento incluirá ainda treinamento em gestão e logística, pois muitos produtores não sabem como armazenar colheitas ou negociar preços.


Desafios e Críticas


Apesar do optimismo, vários críticos apontam que a IFC dá prioridade a países com estabilidade política, negligenciando nações em crise, como o caso da Guiné-Bissau que “continua invisível” nos relatórios anuais.

Cláudia Conceição reconheceu que “países em conflito exigem abordagens específicas”, mas garantiu um diálogo contínuo. Para isso, a IFC está a treinar funcionários para operar em contextos frágeis, especialmente devido à lentidão na aprovação de projectos, já que se chega a levar dois anos para obter um empréstimo de 500 mil dólares. A IFC já prometeu agilizar esses processos durante este ano.

A dependência de consultores estrangeiros também gera desconforto, pois são precisos mais especialistas locais. Com esse objectivo, a instituição também se comprometeu a recrutar mais 30% de profissionais africanos até 2026.


Conclusão


A expansão da IFC nos PALOP reflecte uma aposta estratégica no potencial económico da região. Com 1,5 biliões de dólares já investidos, a instituição mantém o foco em sectores-chave como a agricultura e a energia.

O novo modelo de financiamento agrícola, a ser lançado em Abril, poderá revolucionar a subsistência rural. No entanto, desafios como a informalidade e instabilidade política exigirão a criação de soluções inovadoras.

 


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Imagem: © 2023 Anadolu Agency via Getty Images 
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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