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Sábado, Janeiro 18, 2025

Tanzânia: Vírus De Marburgo Causa Oito Mortes

O vírus de Marburgo tem uma taxa de mortalidade alarmante de 89% e, com o anúncio deste novo surto, volta a ser motivo de preocupação, já que ocorre a menos de um mês após a OMS ter declarado o fim de uma epidemia que durou três meses, no país vizinho, o Rwanda e que resultou em 15 mortes.

Tanzânia: Vírus De Marburgo Causa Oito Mortes


A Tanzânia está a enfrentar um novo surto do vírus de Marburgo (MVD) que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já causou oito mortes na região de Kagera.

“Temos conhecimento de nove casos até agora, dos quais oito pessoas faleceram”.

“Esperamos mais casos nos próximos dias, à medida que a vigilância da doença melhorar”.

Escreveu o Diretor-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social X. A agência de saúde da ONU também informou que já notificou os seus Estados-Membros sobre os casos. A região de Kagera já havia enfrentado um surto inicial de Marburgo em março de 2023, que durou quase dois meses e registou nove casos, dos quais seis resultaram em mortes.

De momento, o risco de uma propagação mais ampla permanece controlado. As autoridades sanitárias, em colaboração com a OMS e outros parceiros internacionais, estão a tomar medidas rápidas para conter o surto e evitar novas transmissões.

 


Nova Epidemia?


A 10 de Janeiro de 2025, a OMS recebeu relatórios confiáveis de fontes nacionais sobre casos suspeitos de MVD na região de Kagera. Até 11 de Janeiro de 2025, nove casos suspeitos foram relatados, incluindo oito mortes (taxa de mortalidade de 89%) em dois distritos, Biharamulo e Muleba.

Os casos apresentaram sintomas semelhantes: dores de cabeça, febre alta, dores nas costas, diarreia, hematémese (vómitos com sangue), mal-estar (fraqueza corporal) e, em estágios mais avançados da doença, hemorragia externa.

Foram recolhidas e analisadas, amostras de dois pacientes, pelo laboratório nacional de saúde pública. Os resultados estão pendentes de confirmação oficial. Um laboratório móvel foi instalado na região de Kagera e unidades de tratamento já foram “supostamente” montadas.

 


Risco “Elevado” na Tanzânia


Equipes nacionais de resposta rápida foram destacadas para apoiar as investigações e as acções de controle do surto. De acordo com a OMS, actividades de vigilância foram intensificadas e o rastreio de contactos está em andamento. Os contactos, incluindo profissionais de saúde, foram identificados e estão a ser seguidos nos dois distritos afectados.

A OMS também afirmou que o risco a nível nacional é “elevado” devido a vários factores preocupantes, incluindo o facto de que:

“A fonte do surto ainda é desconhecida”.

“Os profissionais de saúde estão entre os casos suspeitos o que aumenta o risco de transmissão nosocomial”.

Além disso, o risco de propagação a nível regional também foi considerado “elevado” devido à “posição estratégica de Kagera”, uma região por onde transitam tanzanianos em direcção ao Rwanda, Uganda, Burundi e República Democrática do Congo (RDC).

De acordo com as informações disponíveis, alguns dos casos suspeitos estão localizados em distritos próximos a fronteiras internacionais, o que destaca o risco de propagação para os países vizinhos na região dos Grandes Lagos.

 


Risco Mundial Baixo


Embora a região de Kagera não esteja próxima da capital tanzaniana ou dos principais aeroportos internacionais, ela é bem servida por redes de transporte. Possui um aeroporto que liga a região a Dar Es Salaam, permitindo viagens internacionais a partir da Tanzânia.

No entanto, a OMS considera que “o risco mundial é actualmente considerado baixo”, apontando que “não há propagação internacional confirmada até o momento”, embora “os riscos potenciais sejam motivo de preocupação”.

“Com base na avaliação actual de risco, a OMS não recomenda quaisquer restrições de viagens ou trocas comerciais com a Tanzânia”, concluiu a OMS.

 


O Vírus de Marburgo


Com um elevado índice de mortalidade, o vírus de Marburgo é uma das doenças infecciosas mais perigosas já identificadas. Causando febre alta, frequentemente acompanhada de hemorragias graves e danos em múltiplos órgãos, pertence à família dos filovírus que inclui também o vírus Ebola. Ambos são conhecidos pelo impacto devastador e pela rápida disseminação em surtos.

O vírus de Marburgo foi detectado pela primeira vez em 1967, em surtos na Alemanha e na Sérvia, ligados a macacos importados de África. Desde então, os surtos têm ocorrido principalmente na África Subsariana, onde as más condições, como os sistemas de saúde frágeis e proximidade a habitats naturais do vírus, aumentam o risco de contágio.

A transmissão ocorre através do contacto directo com fluidos corporais de pessoas infectadas ou com cadáveres durante cerimónias fúnebres tradicionais. Os profissionais de saúde também correm riscos significativos em casos de protecção inadequada, o que intensifica a gravidade dos surtos.

Os sintomas começam com febre alta, dores de cabeça e fraqueza muscular, mas podem evoluir para hemorragias graves e falência de múltiplos órgãos. A taxa de mortalidade varia de 24% a 89%, dependendo da qualidade dos cuidados médicos prestados.

Actualmente, não existem vacinas ou tratamentos específicos para o vírus de Marburgo. O tratamento consiste em cuidados de suporte, como reposição de líquidos, estabilização de sinais vitais e gestão de complicações. Esta limitação sublinha a necessidade urgente de investir em investigação para o desenvolvimento de vacinas eficazes e terapias específicas.

Apesar dos avanços em vigilância epidemiológica, a presença de reservatórios naturais do vírus em morcegos frugívoros e o contacto humano com habitats silvestres continuam a representar desafios significativos para o controlo e a prevenção do vírus de Marburgo.


Conclusão


O surto do vírus de Marburgo na Tanzânia representa um sério alerta para os desafios das doenças infecciosas em África e no mundo. Embora o risco internacional seja considerado baixo neste momento, a OMS e as autoridades locais estão a trabalhar arduamente para controlar a situação e evitar uma maior propagação.

O reforço da vigilância, a identificação de contactos e o estabelecimento de centros de tratamento são cruciais para conter este surto. É igualmente importante que os países vizinhos e a comunidade internacional estejam atentos, disponibilizando apoio técnico e recursos para enfrentar esta ameaça. O combate a epidemias exige uma resposta coordenada e eficaz para proteger vidas.

 


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Imagem: © Martine Perret
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