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Sábado, Janeiro 4, 2025

Novo Ano: O Que Esperar Para África em 2025

África inicia 2025 com espectativas altas relacionadas com desafios cruciais e oportunidades estratégicas, num ano que vai ficar marcado pela luta pela democracia, pêlos avanços na integração regional e pêlos esforços para enfrentar a pobreza energética e as mudanças climáticas.

Novo Ano: O Que Esperar Para África em 2025


África entra em 2025 a enfrentar desafios complexos neste novo ano, mas também se vislumbram oportunidades significativas em diferentes áreas. A luta pela democracia, o crescimento económico e a adaptação às mudanças climáticas continuam a marcar a agenda de prioridades dos governos africanos, enquanto questões como a estabilidade política e a inclusão social permanecem cruciais.

Segundo vários analistas, o novo ano de 2025, será decisivo para a evolução da democracia em vários países africanos, com transições de poder em destaque. Além disso, espera-se que a presidência do G20 pela África do Sul traga uma maior visibilidade ao continente e impulsione a colaboração mundial para abordar problemas estruturais.

Entretanto, os esforços para promover o crescimento económico de 4,4%, previsto pela Economist Intelligence Unit (EIU), serão testados por factores internos e externos. Estes incluem conflitos armados, dívidas acumuladas e os efeitos cada vez mais evidentes das mudanças climáticas.

Por outro lado, a implementação de iniciativas regionais, como a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), promete estimular o comércio interno e reforçar as cadeias de valor locais.

Esta integração económica, aliada aos avanços tecnológicos e ao desenvolvimento do mercado de energias renováveis, sugere um caminho promissor para o continente. Contudo, como será este equilíbrio entre adversidades e possibilidades?


Democracia e Estabilidade Política


A democracia em África continua a ser uma questão central neste novo ano de 2025, com vários países a enfrentarem crises políticas ou a fazerem transições de poder. Moçambique, por exemplo, permanece no centro das atenções, dado o potencial impacto das tensões pós-eleitorais.

Desde 2021, o país vive um ambiente de instabilidade, que analistas alertam poder agravar-se sem um diálogo eficaz. Como aponta Serwah Prempeh:

“As instituições democráticas precisam de ser reforçadas para garantir a transparência e a integridade das eleições”.

No entanto, o panorama não é completamente sombrio. A alternância governativa pacífica, como a que ocorreu nas Maurícias, no Botswana e no Senegal em 2024, servem como exemplo de progresso democrático.

Estes casos indicam que, apesar dos desafios, há uma evolução positiva em algumas partes de África. A África do Sul que formou um Governo de Unidade Nacional, também apresenta uma oportunidade para demonstrar os benefícios da cooperação política em tempos de dificuldade.

A integração regional, representada por projectos como a Aliança de Estados do Sahel, surge como uma solução para conflitos locais. Contudo, iniciativas como estas precisam de tempo para amadurecer e enfrentar os desafios das normas democráticas frágeis e da gestão económica.


Economia e Comércio Intra-Africano


O crescimento económico projectado de 4,4% para África no novo ano de 2025 está fortemente ligado a sectores como a energia, o agronegócio e a tecnologia. Países como Angola, Nigéria e Moçambique continuam a desempenhar um papel crucial na exportação de petróleo e gás, enquanto regiões como o Sahel apostam em energias renováveis.

Estas iniciativas diversificam as economias locais e promovem um desenvolvimento sustentável. A ZCLCA, por seu turno, desempenha um papel crucial no estímulo do comércio intra-africano, reduzindo barreiras e facilitando a criação de cadeias de valor regionais.

Contudo, desafios logísticos e infra-estruturais continuam a ser entraves para a sua plena implementação. A harmonização das normas comerciais e o fortalecimento das infra-estruturas são passos fundamentais para transformar África num centro de manufactura e inovação.

Simultaneamente, África precisa de responder a questões externas como as tensões geopolíticas e a dependência de mercados estrangeiros. A relação com potências estrangeiras como a China, a Rússia, os EUA e a União Europeia (UE), deve ser gerida com estratégias claras para evitar dependências excessivas e garantir que os interesses africanos sejam preservados.


Transformação Tecnológica e Inovação Digital


A revolução tecnológica em África vai continuar a ganhar impulso neste novo ano de 2025, tornando-se um dos principais motores de crescimento económico e inclusão social. Países como o Quénia, a Nigéria e a África do Sul lideram esta transformação através de startups em sectores como fintech, agritech e edtech.

Estas iniciativas estão a abordar desafios locais, como o acesso a serviços financeiros e à educação, promovendo uma maior inclusão digital.

De acordo com o relatório Africa Outlook 2025, o avanço tecnológico será fundamental para acelerar o acesso a serviços essenciais, como a saúde e a educação e para transformar as economias locais. Além disso, a implementação de tecnologias digitais em áreas rurais poderá reduzir as desigualdades regionais e criar novas oportunidades de emprego para milhões de jovens africanos.

No entanto, o continente enfrenta barreiras como a falta de infra-estruturas de telecomunicações em algumas regiões e o custo elevado do acesso à internet. O investimento em infra-estruturas digitais e programas de capacitação tecnológica será crucial para desbloquear todo o potencial desta revolução.


Segurança Alimentar e Agricultura Sustentável


Com 60% das terras aráveis do mundo, África tem o potencial de ser o líder da produção agrícola mundial. Contudo, a segurança alimentar continua a ser um desafio significativo neste novo ano de 2025.

Exacerbado pelas mudanças climáticas, secas prolongadas, inundações e fenómenos climáticos extremos que afectam negativamente a produtividade agrícola, colocando milhões em risco de insegurança alimentar, este sector enfrentará grandes desafios.

O investimento em tecnologias agrícolas, como sistemas de irrigação eficientes e agricultura de precisão, pode ajudar a mitigar estes desafios. Além disso, a digitalização do sector agrícola, por meio de plataformas que ligam agricultores a mercados e fontes de financiamento, promete melhorar a eficiência e aumentar os rendimentos.

A cooperação regional, facilitada pela ZCLCA, poderá também contribuir para a segurança alimentar, promovendo o comércio de produtos agrícolas entre países e reduzindo a dependência de importações fora do continente.


Integração Regional e Mobilidade Comercial


A ZCLCA entra no novo ano de 2025 com um novo projecto de iniciativa estratégica para transformar o comércio interno em África. Apesar de ainda enfrentar desafios logísticos e infra-estruturais, a sua implementação plena tem o potencial de reduzir barreiras comerciais e fomentar a competitividade entre os países.

Sectores como a manufactura, tecnologia e agronegócio deverão beneficiar directamente deste acordo, promovendo cadeias de valor regionais. Além disso, a harmonização de políticas comerciais e a digitalização de processos alfandegários serão fundamentais para aumentar a eficiência e reduzir custos no comércio intra-africano.

Para além disso, a integração de sistemas de pagamento digitais, como o Pan-African Payment and Settlement System (PAPSS), está a facilitar transacções em moedas locais, reduzindo a dependência do dólar e promovendo maior autonomia financeira no continente.


Alterações Climáticas e Sustentabilidade


Embora África contribua pouco para as emissões globais de carbono, é uma das regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas. Em 2025, os governos africanos, tem de intensificar esforços para adoptar estratégias de adaptação climática, incluindo investimentos em energia limpa, gestão sustentável de recursos hídricos e protecção de ecossistemas.

O desenvolvimento de mercados de crédito de carbono, regulamentado no âmbito do Acordo de Paris, apresenta uma oportunidade para os países africanos rentabilizarem os seus recursos naturais e financiarem projecto de mitigação climática. No entanto, é essencial garantir que estas iniciativas sejam transparentes e eficazes, evitando a emissão de créditos de carbono de valor duvidoso.

Além disso, o acesso a financiamento internacional será crucial para apoiar as nações africanas na implementação de estratégias climáticas. A presidência do G20 pela África do Sul oferece uma plataforma para destacar as prioridades do continente e mobilizar recursos adicionais para enfrentar este desafio.


Desafios Energéticos


Neste novo ano de 2025, África enfrenta um dos seus maiores desafios: a redução da pobreza energética, uma barreira ao desenvolvimento socioeconómico.

Actualmente, cerca de 600 milhões de pessoas continuam sem acesso à electricidade, o que afecta sectores fundamentais como a educação, a saúde e a segurança alimentar. Diversas iniciativas e projectos prometem alterar este cenário, destacando-se o Mission 300 e o ambicioso projecto da Barragem Grand Inga.

Electrificar e Transformar


Lançado pelo Banco Mundial e pelo Banco Africano de Desenvolvimento, o projecto Mission 300 visa fornecer electricidade a 300 milhões de africanos até 2030. O projecto já ligou 12 milhões de pessoas e pretende duplicar o ritmo de electrificação para cumprir as metas traçadas.

Este esforço é crucial, considerando que o aumento do acesso à energia deve superar o crescimento populacional de África para evitar uma catástrofe ambiental e económica.

Além disso, iniciativas como o Mission 300 apostam em energias limpas para reduzir a dependência de combustíveis fósseis como o diesel, ainda amplamente usado na Nigéria e em outros países. Ao promover a transição energética, estas acções também criam oportunidades de emprego e crescimento económico sustentável.

A Bateria Energética de África


Outro projecto de destaque é a Barragem Grand Inga, na República Democrática do Congo (RDC). Esta infra-estrutura, considerada o maior projecto hidroeléctrico do mundo, tem o potencial de gerar energia suficiente para alimentar várias economias africanas e acelerar a transição energética do continente. Contudo, o progresso tem sido lento devido a questões políticas, ambientais e financeiras.

Quando estiver concluído e espera-se que seja já neste novo ano de 2025, o projecto poderá fornecer energia de base renovável, permitindo o aumento da capacidade de energia solar e eólica nos países beneficiários. A Barragem Grand Inga vai-se tornar uma peça central na estratégia energética de África ao impulsionar sectores emergentes como a produção de hidrogénio e o armazenamento de dados,

Parcerias e Modelos de Sucesso


Iniciativas como o Power Africa, com o apoio do governo dos Estados Unidos da América, também são exemplos de modelos eficazes de parceria. Com o objectivo de levar electricidade a 10 milhões de pessoas ainda em 2025, o programa mobiliza investimentos privados para projectos energéticos em África. Este modelo pode ser adaptado para outros sectores, promovendo o comércio e o crescimento económico.

Em suma, o sucesso destas iniciativas depende de uma colaboração eficaz entre governos, entidades multilaterais e o sector privado. A capacidade de superar desafios como o financiamento e a construção de infra-estruturas de transmissão será determinante para alcançar os objectivos traçados e transformar o panorama energético de África, neste novo ano de 2025.


Conclusão


À medida que África avança neste novo ano de 2025, o equilíbrio entre desafios e oportunidades define a sua trajectória. A estabilidade política, aliada ao reforço das instituições democráticas, será crucial para enfrentar os conflitos locais e as tensões regionais.

No campo económico, a diversificação e a integração comercial apresentam uma oportunidade de crescimento, desde que os países consigam superar os entraves logísticos e atrair investimentos estratégicos.

A adaptação às mudanças climáticas e o avanço tecnológico são outros factores determinantes para o desenvolvimento sustentável de África. Com uma abordagem colaborativa entre governos, o sector privado e a sociedade civil, no continente tem o potencial de consolidar o seu papel como motor mundial de inovação e crescimento.

Assim, este novo ano de 2025 será um ano decisivo, onde o futuro de África dependerá da sua capacidade de transformar adversidades em progresso.

 


Achas que este novo ano de 2025, será melhor que o de 2024? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2024 Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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