Natação: Mundiais Encerram Com Chave De Ouro
O último dia dos Campeonatos Mundiais de Natação Pura, realizados em Singapura, foi marcado pelo brilho de duas das maiores estrelas da modalidade: o francês Léon Marchand e a canadiana Summer McIntosh. Ambos conquistaram o ouro nos 400 metros estilos, encerrando os Mundiais com exibições de domínio absoluto e novos marcos nas suas já notáveis carreiras.
Para dourar a pilula e terminar com a “cereja no topo do bolo” os campeonatos encerraram com um fabuloso recorde mundial, batido pelos EUA, na estafeta dos 4×100 estilos femininos. Como seria de esperar, Marchand e McIntosh receberam os prémios dos melhores nadadores destes Mundiais de Natação.
As Derradeiras Provas
As Provas Femininas
Na final feminina dos 400 metros estilos, Summer McIntosh confirmou o favoritismo e venceu de forma destacada com o tempo de 4.25,78 minutos — um novo recorde dos campeonatos. A canadiana de 18 anos, campeã olímpica da distância, terminou à frente da australiana Jenna Forrester e da japonesa Mio Narita que dividiram a prata com 4.33,26 minutos.
Foi o quarto ouro conquistado por McIntosh nesta edição dos Mundiais, depois de triunfos nos 400 livres, 200 mariposa e 200 estilos, não tendo apenas vencido nos 800 livres, prova onde foi superada pela norte-americana Katie Ledecky.
Entre os destaques do último dia esteve também a jovem fenómeno chinesa Yu Zidi, de apenas 12 anos que voltou a surpreender ao terminar em quarto lugar na final feminina dos 400 metros estilos, somando o seu terceiro quarto lugar individual nestes campeonatos.
A pré-adolescente conseguiu ainda uma medalha de bronze numa das estafetas femininas, tornando-se uma das protagonistas improváveis destes Mundiais.
Nos 50 metros bruços femininos, a lituana Ruta Meilutyte somou o seu quarto título mundial consecutivo, com o tempo de 29,55 segundos — a única atleta a nadar abaixo dos 30 segundos. A chinesa Tang Qianting ficou com a prata (30,03), seguida pela italiana Benedetta Pilato (30,14). Este foi o único pódio feminino destes campeonatos em que os EUA não marcaram presença.
A australiana Meg Harris sagrou-se campeã nos 50 metros livres, com 24,02 segundos, superando as chinesas Wu Qingfeng (24,26) e Cheng Yujie (24,28). A norte-americana Gretchen Walsh ficou fora do pódio, terminando em quarto lugar.
Na última prova feminina dos campeonatos, a estafeta 4×100 estilos, caiu o recorde do mundo: Regan Smith, Kate Douglass, Gretchen Walsh e Tori Huske fixaram a nova marca em 3.49,34 minutos. Austrália (3.52,67) e China (3.54,77) ocuparam os restantes lugares do pódio.
As Provas Masculinas
Na vertente masculina dos 400 metros estilos, o francês Léon Marchand, campeão olímpico em Paris 2024, voltou a demonstrar a sua superioridade. Nadou a distância em 4.04,73 minutos, uma das melhores marcas da história, atrás apenas dele mesmo e de Michael Phelps. O japonês Tomoyuki Matsushita (4.08,32) e o russo Ilia Borodin (4.09,16) completaram o pódio.
Com este resultado, Marchand reafirma-se como o grande dominador das provas de estilos, somando títulos nos 200 e 400 metros nas edições de 2022, 2023 e 2025, bem como nos Jogos Olímpicos de Paris.
Na prova masculina dos 50 metros costas, o russo Kliment Kolesnikov estabeleceu um novo recorde dos campeonatos, ao completar a distância em 23,68 segundos. O sul-africano Pieter Coetze e o russo Pavel Samusenko empataram na segunda posição com 24,17 segundos, partilhando a medalha de prata.
Na final dos 1500 metros livres masculinos, o tunisino Ahmed Jaouadi voltou a brilhar. Depois de já ter vencido os 800 metros, confirmou o domínio da prova longa com o tempo de 14.34,41 minutos, à frente do alemão Sven Schwarz (14.35,69) e do norte-americano Bobby Finke (14.36,60).
Nas estafetas masculinas de 4×100 estilos, os atletas neutrais (russos) bateram os recordes da Europa e dos campeonatos com 3.26,93 minutos, graças à performance de Miron Lifintsev, Kirill Prigoda, Andrei Minakov e Egor Kornev. França e EUA completaram o pódio.
E África?
O grande destaque individual africano foi o tunisino Ahmed Jaouadi que conquistou duas medalhas de ouro nas provas de fundo — os 800 e os 1500 metros livres — afirmando-se como o novo soberano da resistência masculina.
Com exibições sólidas e um ritmo demolidor nos metros finais, Jaouadi sucedeu à tradição de campeões tunisinos como Oussama Mellouli, trazendo novamente o nome da Tunísia para o topo da natação mundial.
A África do Sul, por sua vez, esteve representada com grande eficácia por Pieter Coetze que foi uma das figuras do campeonato ao conquistar três medalhas nas provas de costas, batendo os respectivos records africanos em todas.
Coetze venceu os 100 metros costas, tornando-se campeão mundial e arrecadou ainda a prata nos 50 e nos 200 metros costas, sempre com desempenhos consistentes e tempos de elite, posicionando-se entre os melhores costistas do mundo.
Com apenas 20 anos, o nadador sul-africano demonstra uma maturidade competitiva e técnica impressionante, sendo já apontado como um potencial candidato a medalhas nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028.
Na vertente feminina, Kaylene Corbett também contribuiu para o quadro africano, conquistando a medalha de bronze nos 200 metros bruços. A nadadora sul-africana, que já havia brilhado nos Jogos da Commonwealth, voltou a demonstrar solidez numa das provas mais exigentes da natação técnica.
Com um total de seis medalhas — duas de ouro (Tunísia), uma de ouro, duas de prata e uma de bronze (África do Sul) — o continente africano encerra os Mundiais com um desempenho honroso e promissor, consolidando a sua presença no panorama internacional da natação.
Conclusão
Com três recordes do mundo batidos — nas estafetas mistas 4×100 livres dos EUA, nos 200 metros estilos por Léon Marchand e na estafeta 4×100 estilos femininos — a edição de 2025 dos Mundiais de Natação Pura despediu-se com um balanço altamente competitivo.
No cômpito geral dos Mundiais de Desportos Aquáticos que incluíram ainda polo aquático, águas abertas, saltos para a água e natação artística, a China ficou à frente no quadro de medalhas. Já na natação pura, os EUA garantiram o primeiro lugar ao conquistarem o nono ouro na última prova do campeonato, relegando a Austrália para o segundo posto com 8 medalhas de ouro.
No que toca a África, apesar dos desafios estruturais e logísticos enfrentados por muitos países no continente, os resultados de Singapura revelam talento e uma crescente capacidade de competir ao mais alto nível. Estes feitos reforçam a necessidade de maiores investimentos no desporto aquático em África, com foco na formação, infra-estruturas e apoio técnico às novas gerações de nadadores.
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Imagem: © 2025 Maddie Meyer via Getty Images
