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Sábado, Abril 27, 2024

África do Sul: A Nova Revolução Energética

África do Sul: A Nova Revolução Energética


A revolução energética na África do Sul atingiu um novo marco com a produção local de painéis solares numa fábrica que a Ener-G-Africa abriu na Cidade do Cabo e em que a força de trabalho é exclusivamente feminina. Com isso, a empresa quer dar o exemplo num sector dominado predominantemente por homens.

Este empreendimento desafia as normas de género e procura trazer luz e oportunidades para as comunidades locais. A iniciativa representa um passo importante rumo à independência energética do país, promovendo soluções acessíveis e de alta qualidade para a crescente procura por energia solar.

O sector privado também desempenha um papel crucial nesta transformação, gerando desenvolvimento económico ao investir em tecnologias sustentáveis e promovendo a criação de novos empregos. Com iniciativas como esta, a África do Sul avança para um futuro mais sustentável e igualitário.

 

Redefinir as Normas


A abertura da fábrica de painéis solares liderada pela Ener-G-Africa desafia os paradigmas de género na indústria, ao empregar exclusivamente mulheres e promover a igualdade de género num setor dominado por homens.

Os painéis solares produzidos são adaptados às necessidades das comunidades africanas, contribuindo para reduzir a dependência de fontes poluentes. A decisão de manter uma força de trabalho feminina demonstra o compromisso da empresa com a diversidade e inclusão.

A produção local traz benefícios económicos e facilita a distribuição para outros países africanos. Essa abordagem inovadora diversifica o mercado de trabalho e impulsiona a distribuição de energia solar.

“Conseguimos obter a matéria-prima mais barata e podemos fabricar os produtos localmente o que reduz o preço”.

“Também facilita a distribuição pelos outros armazéns, no Malawi e em outros países de África”.

Afirmou René Salmon, Gerente de Produção da Ener-G-Africa, salientando que este painel solar gera 50 Whats, inclui uma Power Bank e um painel led e custa apenas 16 EUR.

O enorme crescimento da indústria solar sul-africana têm um preço elevado, a maioria dos painéis solares é importada. Só este ano já custou cerca de 550 milhões de Euros, a indústria solar cresceu sobretudo nos sectores empresarial e residencial, mas quem vive em assentamentos informais, sem acesso à rede elétrica, pode agora beneficiar também destes Painéis.

Com pequenas fábricas de painéis solares lideradas por mulheres, como a inaugurada pela Ener-G-Africa, a promessa de um futuro mais sustentável e igualitário está a materializar-se, uma célula fotovoltaica de cada vez.

 

Energia Sustentável


A Ener-G-Africa está a redefinir o paradigma da energia sustentável na África ao fabricar painéis solares mais compactos e acessíveis. Estes painéis prometem um futuro mais brilhante não só para os negócios e residências, mas também para os assentamentos informais, outrora às escuras.

Ao oferecer soluções energéticas acessíveis, a empresa não só ilumina casas, como também transforma vidas, como testemunhado por Robert Young, um, residente da localidade de Hawston que agora desfruta de uma nova era de possibilidades graças à energia solar.

“Estamos realmente limitados, até cozinhar é difícil, mas esta luz, se estiver totalmente carregada, dura toda noite”.

“Posso ler, limpar, fazer biscates, como reparar objetos e fazer coisas que antes não podia”.

Em meio de um panorama de desemprego elevado, estas iniciativas não fornecem apenas energia limpa, também geram oportunidades de emprego e desenvolvimento económico. À medida que a energia solar se torna cada vez mais acessível e viável, a visão de um continente africano autossuficiente e energeticamente independente está a tornar-se uma realidade tangível.

Além disso, empresas como a Ener-G-Africa, desempenham um papel crucial na democratização da energia solar em toda a região, catalisando uma transformação energética em grande escala e impulsionando o desenvolvimento sustentável no continente.

 

Desafios Energéticos


Apesar do notável crescimento da indústria solar na África do Sul, persistem desafios significativos devido à dependência de fontes não renováveis de energia. Especialmente considerando a crise energética enfrentada, essa dependência, expõe o país a vulnerabilidades energéticas, embora também ofereça oportunidades para uma transição para fontes mais limpas e sustentáveis.

A produção local de painéis solares, além de reduzir a dependência de importações caras, fortalece a resistência energética e proporciona uma alternativa viável e sustentável para os desafios energéticos, oferecendo também oportunidades para comunidades sem acesso à eletricidade

Ao investirem em tecnologias sustentáveis estas empresas contribuem para fortalecer a indústria e, ao fornecerem formação para o trabalho de instaladores de painéis solares, valorizam os indivíduos e as comunidades, impulsionando o desenvolvimento e a economia local, ao criarem novas perspectivas de trabalho.

“Quando ficamos certificados como instaladores de painéis solares, dá-nos uma oportunidade de carreira”.

Explicou Mogamat Sultan, um Instalador de Painéis Solares, formado e certificado pela ACES Africa.

A expansão da energia solar na África do Sul não só fornece energia limpa, como também cria oportunidades de emprego e de crescimento económico, com o sector privado, incluindo empresas como a ACES Africa, a desempenharem um papel crucial nesta transformação.

 

A Ascensão da Energia Solar


No entanto, a ascensão da energia solar na África do Sul não ocorre num vácuo. Mais de 80% da energia da África do Sul, é produzida por centrais elétricas a carvão. O envelhecimento das infraestruturas e a má gestão da empresa estatal Exon, têm levado a apagões. Há dias em que falta electricidade durante 10 horas.

A Exon detém há muito tempo o monopólio da venda de electricidade, mas o sector solar, espera que a crise energética esteja a forçar o governo a concentrar-se nas energias renováveis. É esse o parecer de André Gous, Director Geral da ACES Africa.

“Com a rede e a empresa de energia em dificuldades, eles não têm outra escolha senão promover a energia renovável”.

“Lentamente, as coisas estão a andar para promover as energias renováveis na África do Sul”, disse.

À medida que a indústria solar se expande aumentam as possibilidades, a ACES Africa, fornecedora de energia fotovoltaica integrada em edifícios, cria uma academia para formar e certificar instaladores de painéis solares. Num país, com quase 33% de desemprego estas oportunidades são definitivamente bem-vindas.

 

Um Futuro Sustentável


O sector privado é um dos principais impulsionadores da energia solar no país e viu-se obrigado a encontrar soluções para a grave crise energética. Um exemplo disso é uma fábrica do Grupo Magic Brands, onde se cozinham bolos, croissants e paizinhos que são congelados, armazenados e transportados para o comércio. Isso requer muita energia.

Há vários anos, a empresa instalou o seu primeiro painel solar e agora quer ir mais longe. Quem o diz é Bryce Wilkinson, um Engenheiro do Grupo Magic Brands.

“Começámos a utilizar a energia gerada ao longo do dia, sem ligar ao armazenamento, mas agora queremos instalar uma bateria de um Mega Watt que armazenará parte da energia que geramos com o painel solar”.

“Assim podemos abastecer-nos durante as horas de redução recarga”.

“Nos próximos anos pretendemos ser completamente autossuficientes e funcionar exclusivamente com as nossas baterias e com a energia solar”.

Actualmente, instalar energia solar, é um privilégio para grandes empresas, as mais pequenas não têm fundos para fazer esse investimento. Os principais fabricantes de painéis solares produzem painéis maiores destinados a projectos de grande escala e a instalações comerciais e residenciais de maior dimensão, enquanto os pequenos painéis solares destinados a África são muitas vezes inconsistentes e inferiores.

A Ener-G-Africa, mudou esse paradigma ao começar a fabricar um painel solar, quase 7 vezes mais pequeno que a maioria dos que se encontram no mercado e certificado pela TÜV Rheinland, o que proporciona às comunidades mais pobres de África terem acesso a energia solar com a certificação da mais alta qualidade disponível.

 

Conclusão


A ascensão da energia solar na África do Sul está a remodelar não apenas o panorama energético do país, mas também a narrativa em torno da inclusão de género e do desenvolvimento económico.

Iniciativas lideradas por empresas como a Ener-G-Africa e a ACES Africa estão a pavimentar o caminho para um futuro mais sustentável e igualitário, enquanto abrem portas para novas oportunidades de emprego e crescimento económico.

Estas empresas estão a impulsionar a independência energética do país e a oferecer soluções acessíveis e de alta qualidade para as comunidades locais, mas a parceria entre o sector privado, governo e sociedade civil é fundamental para acelerar a transição para as energias renováveis e garantir um futuro energético mais seguro e sustentável não só para os sul-africanos, mas para todo o continente africano

 

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Imagem: © 2023 Ener-G-Africa
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