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Domingo, Abril 13, 2025

PALOP: Taxas dos EUA com Efeitos Limitados

O economista angolano Nataniel Fernandes, analisou as consequências das medidas proteccionistas de Donald Trump e alertou para a necessidade de se efectuar uma diversificação comercial e um reequilíbrio económico mundial.

PALOP: Taxas dos EUA com Efeitos Limitados


As novas taxas aduaneiras impostas pelos Estados Unidos da América, anunciadas pelo Presidente Donald Trump a 2 de Abril de 2025, reacenderam debates sobre o futuro do comércio mundial.

Para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), os efeitos directos destas medidas serão reduzidos, segundo o economista angolano Nataniel Fernandes. Contudo, o especialista sublinhou que os PALOP devem preparar-se para as consequências indirectas de uma nova ordem económica mundial, marcada pela desvalorização do dólar e pelas pressões inflacionárias.


PALOP Menos Expostos


Segundo Nataniel Fernandes, as taxas impostas por Donald Trump não afectarão os PALOP pois estes não dependem significativamente do mercado norte-americano.

“Os Estados Unidos não são um parceiro comercial prioritário para estes países”.

“As exportações para os EUA representam uma percentagem mínima nas suas balanças comerciais”, explicou.

Angola, por exemplo, mantém relações económicas mais sólidas com a China e a Europa, sendo estes os principais destinos das suas exportações de petróleo. Ainda assim, o economista alertou:

“A excessiva dependência de um único parceiro, como a China no caso angolano, é um risco”.

“Se houver uma crise nesses mercados tradicionais, as economias africanas sofrerão”.

A estratégia de Trump, que visa revitalizar a indústria norte-americana através da desvalorização do dólar, poderá afectar indirectamente os PALOP. Nataniel Fernandes destacou que esta medida não resolverá os problemas estruturais dos EUA, mas gerará inflação mundial.

Para os países africanos, isto significará aumento de custos de importação de bens essenciais, como medicamentos e equipamentos industriais, ampliando pressões sobre economias já frágeis. Além disso, o enfraquecimento do dólar como moeda de referência — herança dos acordos de Bretton Woods — aponta para uma mudança no panorama financeiro internacional.

“O mundo caminha para um sistema multipolar, onde o yuan chinês ou até moedas digitais ganharão espaço”.

“Os PALOP precisam adaptar-se a esta realidade”, defendeu.


A Importância da Diversificação


Para Nataniel Fernandes, as taxas de Trump servem como um alerta para a excessiva dependência de poucos parceiros comerciais e parta a necessidade de diversificação.

“Colocar todos os ovos no mesmo cesto é perigoso”.

“Angola, por exemplo, deve explorar parcerias com países do Médio Oriente e reforçar o comércio intra-africano”, sugeriu.

O especialista citou a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), como uma ferramenta estratégica.

“A integração regional pode reduzir a dependência de potências externas e criar mercados internos mais resistentes”, afirmou.

Contudo, criticou a lentidão na implementação de projectos concretos:

“Enquanto os discursos políticos avançam, as infra-estruturas logísticas e os acordos fiscais continuam atrasados”.

Mas o mais importante, segundo Nataniel Fernandes, é perceber que esta política de taxas vai prejudicar claramente a estabilidade comercial em todo o mundo, a pretensão americana de que desta forma vão passar a ter uma indústria mais forte e a produzir tudo dentro da América para passar a exportar, tal como faz a China, é um erro brutal.

Se na América fosse fácil produzir tudo barato, as indústrias não teriam saído de lá para produzir fora dos EUA. Isso não vai mudar só porque se alteram as taxas e se faz um decreto a dizer que para as evitar se tem de voltar a produzir tudo dentro dos Estados Unidos da América.


Conclusão


As medidas proteccionistas dos EUA, com a implementação de taxas a nível mundial, embora com efeitos limitados nos PALOP a curto prazo, reforçam a urgência de reformas estruturais. Para Nataniel Fernandes, a lição é clara: a instabilidade mundial exige que os países diversifiquem parceiros, fontes de financiamento e sectores económicos.

Enquanto o mundo se ajusta a um sistema menos centrado no dólar, os PALOP enfrentam o desafio de equilibrar relações com potências tradicionais e emergentes. A aposta em industrialização local, infra-estruturas de qualidade e cooperação regional surge não como opção, mas como única via para transformar ameaças em oportunidades.


O que achas das taxas impostas por Donald Trump? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Mark Schiefelbein / Associated Press / Alamy Stock Photo
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