BRICS Vai Ser Uma Nova Força Geopolítica.
No complexo tabuleiro global, as peças estão a ser reposicionadas e os protagonistas estão a mudar. O grupo BRICS – formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – emerge como uma nova força geopolítica, desafiando o status quo e moldando a nova ordem mundial.
A expansão recente do grupo para incluir nações como Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Irão e Etiópia está a remodelar a dinâmica geopolítica global, estabelecendo as bases para uma nova ordem mundial. Esta expansão está a redefinir o equilíbrio de poder global e os desafios e oportunidades que surgem desse novo panorama são vantajosos para o grupo.
Origem do BRICS e a Sua Evolução
O BRICS, inicialmente composto pelo Brasil, Rússia, Índia e China (a África do Sul juntou-se posteriormente, acrescentando o S), não é apenas um acrónimo cativante. Originou-se em 2009, quando os líderes dessas nações reconheceram a necessidade de contrabalançar o domínio ocidental.
Ao longo dos anos, este grupo, transformou-se numa aliança colaborativa com o poder de influenciar os rumos da política internacional e transcendeu as iniciais que o definem.
Enquanto potências emergentes, estas nações partilham a aspiração de construir um mundo multipolar, onde a voz das economias em desenvolvimento é amplificada. O BRICS surge como uma alternativa à predominância das nações ocidentais, redefinindo o equilíbrio de poder.
Desta forma, o BRICS transcende as suas diferenças culturais e políticas, convergindo em torno do objetivo de remodelar a geopolítica global. Através de cimeiras anuais, acordos comerciais e projetos conjuntos, o grupo cria uma sinergia que fortalece a sua influência nas decisões globais.
Motores da Expansão do BRICS
A expansão do BRICS é impulsionada por duas potências: a China e a Rússia. Estes dois actores desempenham papéis cruciais na transformação do BRICS de um grupo promissor para uma força geopolítica efetiva.
A China emergiu como um pilar do BRICS devido à sua economia robusta e estratégia geopolítica ambiciosa. Investindo em infraestruturas globais e promovendo a cooperação comercial, a China fortalece a influência coletiva do BRICS nos mercados internacionais.
Para a Rússia, o BRICS oferece uma oportunidade de diversificar alianças e minimizar o isolamento geopolítico. Através do BRICS, a Rússia solidifica laços com parceiros-chave, como a China, enquanto amplifica a sua voz nas discussões globais.
Desafios e Estratégias
A 15ª Cúpula dos BRICS marcou um momento crucial para o grupo. Com a expansão em pauta, os líderes destas nações discutiram a possibilidade de adicionar novos membros ao bloco. Esta decisão representa uma resposta assertiva às mudanças na ordem mundial, onde as nações dos BRICS estão à procura de uma plataforma mais ampla para expressar suas perspetivas e interesses.
A expansão do BRICS não é isenta de desafios. A diversidade de contextos políticos, económicos e culturais dos novos membros exige uma estratégia diplomática hábil para manter a coesão e a eficácia do grupo.
A inclusão de nações com históricos e interesses distintos introduz desafios na tomada de decisões conjuntas. Gerir diferenças ideológicas e agendas nacionais requer uma abordagem diplomática sensível para garantir que o BRICS permaneça coeso.
A diplomacia é por isso, o alicerce do BRICS. Através de negociações minuciosas, os membros do grupo trabalham para alcançar consensos em questões complexas. Esta abordagem reforça a legitimidade das decisões tomadas e fortalece a unidade do BRICS.
BRICS vs. G7
A cimeira dos BRICS na África do Sul reflete a determinação do grupo em desafiar o domínio ocidental nas questões globais.
A comparação entre o grupo G7, composto por sete países industrializados e o BRICS destaca a crescente importância do grupo. Com mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta, 23% do PIB global e 18% do comércio global, o BRICS está-se a consolidar como um rival em grande escala para o G7.
Um tema de destaque na cimeira foi a discussão sobre a “desdolarização“, onde os países membros optariam por utilizar as suas moedas nacionais nas suas transações, reduzindo a dependência do dólar americano.
A Índia expressou a sua intenção de promover a rupia indiana nesse sentido, enquanto a possibilidade de uma “moeda única” também foi debatida. Essas medidas visam fortalecer a autonomia financeira dos países do BRICS e promover uma ordem multipolar.
Com a adição de seis novos países – Argentina, Egito, Irão, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – o BRICS amplia a sua influência e alcance. Esta expansão não apenas fortalece a coligação, mas também evidencia a procura por uma nova ordem mundial mais inclusiva.
Mais de 60 líderes globais foram convidados para a cimeira, incluindo os presidentes de Cuba e da Bolívia, além de dignitários de organizações internacionais como a ONU e a União Africana.
Isto ressalta a relevância internacional do BRICS e a diversidade de vozes que contribuem para a discussão de temas globais. A participação de líderes de diferentes continentes também fortalece a posição do BRICS como uma força geopolítica global.
Impacto Geopolítico do BRICS
A entrada de novos membros no BRICS almeja transformar a geopolítica global e abalar as estruturas de poder estabelecidas. O BRICS não é apenas uma aliança económica, mas também um agente de mudança no cenário internacional.
A inclusão de nações do Médio Oriente, da América do Sul e de África expande a influência geográfica do BRICS. Estes novos membros não apenas trazem mercados emergentes para a mesa, mas também contribuem para uma distribuição mais equilibrada de poder nas relações internacionais.
A ascensão do BRICS desafia a hegemonia tradicional das nações ocidentais, criando um ambiente onde a voz das economias em desenvolvimento é cada vez mais relevante. Isto sinaliza um deslocamento gradual das dinâmicas globais de poder.
Perspectivas do Brasil e a Vanguarda Sul-Americana
O Brasil, como membro fundador do BRICS, desempenha um papel central na sua evolução. A posição do Brasil em relação à expansão do grupo reflete a sua própria transformação política e económica.
A abordagem inicialmente cautelosa do Brasil em relação à expansão do BRICS evoluiu para uma posição de apoio activo. Esta mudança reflete não apenas a mudança de liderança política, mas também a compreensão das oportunidades que uma aliança global diversificada oferece.
O BRICS proporciona ao Brasil e à América do Sul como um todo, a oportunidade de se posicionar como protagonistas nas discussões globais. A inclusão da Argentina e outros países da região amplia a representação sul-americana, fortalecendo a influência regional e global do BRICS.
Conclusão
À medida que o BRICS alarga as suas fronteiras e estende a sua influência, está a pavimentar o caminho para uma nova ordem mundial. Através da sua coesão, a diversidade dos seus membros e o compromisso de moldar a geopolítica global de forma mais justa e equitativa, o BRICS emerge como um ator geopolítico transformador.
A ascensão do BRICS transcende as barreiras geográficas e culturais, impulsionando a cooperação entre economias em desenvolvimento para além do campo económico.
O BRICS não é apenas uma sigla; é uma força dinâmica que desafia as normas estabelecidas e cria um novo capítulo na história geopolítica. À medida que o grupo continua a moldar as relações internacionais, a sua influência só se intensificará, redefinindo o cenário global de maneira palpável.
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Imagem: © 2023 BRICS