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ToggleSe Trump Não Quiser, África Tem Outros Amigos
Se Donald Trump que venceu as eleições presidenciais norte-americanas esta semana, sendo eleito para um novo mandato como presidente dos Estados Unidos da América, quiser trabalhar como um amigo de África, damos-lhe as boas-vindas. Se ele não quiser trabalhar com África, África tem outros amigos. Não vamos ser tendenciosos e condenar Donald Trump antes de ele se ter pronunciado sobre África.
Foi com estas palavras que o veterano político queniano, Raila Odinga, candidato à presidência da Comissão da União Africana (UA), se referiu à vitória de Donald Trump, numa entrevista à AFP em Adis Abeba, capital da Etiópia, sede da UA.
Odinga, de 79 anos, realçou ainda que prefere aguardar para ver qual será a política de Donald Trump, em relação ao continente africano, antes de tirar conclusões.
“Não posso antecipar nada, quero que ele fale de África”.
Afirmou Odinga, mostrando prudência e evitando julgamentos precipitados.
Comentários Controversos
A postura de prudência de Odinga, é especialmente relevante à luz de alguns episódios controversos envolvendo Donald Trump e o continente africano, durante o seu primeiro mandato.
Numa ocasião, Donald Trump referiu-se ao sistema de saúde da “Nâmbia”, em vez de pronunciar “Namíbia”, durante um discurso nas Nações Unidas e, meses mais tarde, descreveu o Haiti e outros países africanos como “países de merda” durante uma reunião à porta fechada na Casa Branca, provocando um protesto internacional.
Apesar destes incidentes, Odinga não se mostra preocupado com o passado.
“Era Donald Trump antes, hoje temos um novo Trump”.
Declarou Odinga, sugerindo que o presidente americano pode agora adoptar uma nova abordagem para África neste seu novo mandato.
Candidatura de Odinga
Odinga concorre à presidência da Comissão da UA, um cargo actualmente ocupado por Moussa Faki Mahamat, do Chade, e conta com o apoio do presidente queniano William Ruto, que derrotou Raila Odinga nas últimas eleições presidenciais de 2022.
Este apoio por parte de Ruto pode reforçar a candidatura de Odinga para a liderança da UA, fortalecendo as relações entre o continente africano e os EUA sob a nova administração de Donald Trump.
Raila Odinga, conhecido por ser um veterano na política queniana e por ter disputado a presidência do país em cinco ocasiões, não descartou a possibilidade de uma nova candidatura em 2027. No entanto, o seu foco actual é a liderança da UA, onde pretende promover um continente africano mais unido e forte, independentemente da orientação dos líderes estrangeiros.
Eleição para a UA
A eleição do presidente da Comissão da UA está marcada para Fevereiro, durante a próxima cimeira da União Africana, e será decidida por voto secreto, exigindo uma maioria de dois terços dos Estados membros.
Os rivais de Odinga incluem Mahamoud Ali Youssouf, do Djibuti; Anil Gayan, das Maurícias; e Richard Randriamandrato, de Madagáscar. O cargo tem um mandato de quatro anos, renovável apenas uma vez, e dá ao seu titular a oportunidade de definir importantes políticas para África no panorama mundial.
Raila Odinga tem um longo histórico de lutas pela democracia no seu país. Lutou contra o regime de partido único no início dos anos 80, foi detido arbitrariamente durante quase oito anos sem julgamento, entre 1982 e 1991, e esteve brevemente exilado na Noruega antes de entrar no parlamento do Quénia, nas primeiras eleições multipartidárias, em 1992.
Apoiado pelo governo queniano e com uma visão de África como um parceiro mundial forte e respeitado, Raila Odinga procura reforçar a posição do continente no panorama internacional, apostando em parcerias que beneficiem o desenvolvimento e a estabilidade do continente.
Conclusão
Raila Odinga, ao expressar abertura para um diálogo com o novo governo de Donald Trump, demonstra uma postura estratégica, sem julgar antecipadamente, enquanto reforça o seu compromisso com uma África forte e unida.
A sua candidatura à Presidência da Comissão da UA conta com o apoio crucial de Ruto, potencialmente fortalecendo as relações entre África e os EUA, caso Donald Trump revele uma nova abordagem para o continente.
Odinga representa um símbolo de resistência e progresso para África, com uma longa carreira que, apoiada por alianças sólidas, poderá ajudar a UA a alcançar uma posição influente no panorama internacional.
O que achas desta postura de Raila Odinga em relação a Donald Trump? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2022 Tony Karumba / AFP / Getty Images