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Sexta-feira, Outubro 18, 2024

O Rei Da Kora, Toumani Diabaté, Morre Aos 58

“A Kora perde o seu Rei, mas, agora órfã do seu mestre, permanecerá para sempre na herança cultural mundial, escutada nas melodias deixadas por este músico excepcional” – Francisco Lopes-Santos.

O Rei Da Kora, Toumani Diabaté, Morre Aos 58


Toumani Diabaté, conhecido como o “Rei da Kora”, faleceu aos 58 anos deixando um legado musical profundo da música de África Ocidental e do mundo inteiro. Com a sua morte perdeu-se um dos maiores expoentes da Kora, um instrumento de 21 cordas, onde a sua habilidade incomparável, o transformou num embaixador cultural inigualável.

Durante a sua vida, ele não só preservou e promoveu a rica herança musical do Mali, como também colaborou com artistas de renome mundial, fundindo estilos tradicionais com influências contemporâneas. A notícia da sua morte gerou uma onda de tributos emocionados, sublinhando o impacto duradouro do seu trabalho ao longo da sua vida e carreira que lhe valeu conquistar admiração mundial.

 

Vida e Carreira


Toumani Diabaté dizia ser o representante da 71.ª geração de griots, a casta de músicos que são os guardiões das tradições e histórias da África Ocidental. Nascido em 1965, em Bamako, Mali, Toumani Diabaté começando a tocar Kora aos cinco anos sob a orientação da sua família.

A Kora, uma espécie de harpa-alaúde de 21 cordas, é emblemática das culturas da África Ocidental e Diabaté destacou-se rapidamente, provando ser um prodígio na sua execução.

A sua carreira tomou o rumo profissional quando se juntou ao Ensemble Instrumental do Mali, onde teve a oportunidade de tocar com grandes nomes da música maliana, como Ballaké Sissoko e Ali Farka Touré.

Em 1988, lançou o seu primeiro álbum a solo, “Kaira”, gravado em Londres com a ajuda do etnomusicólogo Lucy Durán. Este álbum foi revolucionário, apresentando a Kora a um público internacional e estabelecendo Diabaté como um dos principais músicos do seu tempo.

Toumani Diabaté não parou por aí. Ao longo da sua carreira, colaborou com uma vasta gama de artistas internacionais, incluindo Björk, Taj Mahal, Béla Fleck e o brasileiro Arnaldo Antunes. A sua habilidade de integrar a Kora em diferentes géneros musicais, desde o jazz ao clássico, sem perder a essência da tradição maliana, destacou-o como um inovador.

Uma das suas colaborações mais célebres foi com Ali Farka Touré. Juntos, lançaram álbuns que foram aclamados como os melhores entre os melhores, entre eles, “In the Heart of the Moon” (2005), ganhou o Grammy de melhor álbum de World Music.

Este trabalho mostrou a que magia pode ocorrer quando dois mestres de diferentes instrumentos se unem para criar algo novo e belo. O álbum contou também com a participação do guitarrista norte-americano Ry Cooder, aumentando ainda mais o seu apelo internacional.

Em 2023, Toumani lançou o seu último álbum, “The Sky Is The Same Colour Everywhere“, com Kayhan Kalhor, um trabalho que continuou a demonstrar a sua capacidade de inovar e tocar os corações das pessoas ao redor do mundo.

 

Legado e Tributos


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A notícia da morte de Toumani Diabaté foi recebida com grande pesar pela comunidade musical global. O seu filho, Sidiki Diabaté, também um notável tocador de Kora, expressou a dor da perda através das redes sociais.

“O meu confidente, o meu pilar, o meu guia, o meu melhor amigo, o meu querido pai, foi-se para sempre”.

Este testemunho destaca a profunda ligação e admiração pelo seu pai, revelando o impacto pessoal e profissional que o seu pai, Diabaté, teve na vida daqueles que o rodeavam.

Diversos músicos e figuras públicas prestaram tributo a Diabaté. O cantor senegalês Youssou N’Dour descreveu-o como um “virtuoso da Kora” e um “arranjador musical inigualável“. Salif Keita, outro ícone da música maliana, lamentou “a perda de um tesouro nacional“.

A diva maliana Oumou Sangaré, também já distinguida com um Grammy, disse que Diabaté era “uma ponte entre as tradições ancestrais e a modernidade”, destacando-o como um dos maiores embaixadores da música maliana no mundo.

Estas frases de consternação demostram o sentimento de uma comunidade que vê na sua música uma parte essencial da sua identidade cultural e, como que de um remate final se tratasse, o jornalista maliano Seydou Sissoma, afirmou, “esta noite, a Kora perdeu o seu mestre“.

 

Conclusão


Toumani Diabaté deixa um vazio irreparável no mundo da música mundial. O seu legado, no entanto, continua vivo através das suas gravações e das colaborações que elevou a execução da Kora a novos patamares.

A Kora perde o seu Rei, mas, agora órfã do seu mestre, permanecerá para sempre na herança cultural mundial, escutada nas melodias deixadas por este músico excepcional. O mundo da música tradicional africana não será o mesmo sem ele, mas a sua influência continuará a inspirar futuras gerações de músicos e amantes da música por todo o mundo.

 

A Kora perdeu o seu mestre, Toumani Diabaté. Concordas com esta afirmação? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 


Imagem: © 2017 DR
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santoshttp://xesko.webs.com
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