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Terça-feira, Novembro 12, 2024

Morreu Quincy Jones O Super Génio Da Música

Quincy Jones (1933-2024), músico, compositor, arranjador e um produtor visionário de talento ímpar inigualável. Mas acima de tudo, foi um homem maior do que a vida. Trabalhou com Frank Sinatra e Count Basie, produziu Michael Jackson e assinou, ele mesmo, em nome próprio, uma discografia de relevo.

Morreu Quincy Jones O Super Génio Da Música


A música perdeu uma das suas maiores lendas: Quincy Jones, o icónico produtor musical e compositor norte-americano, faleceu aos 91 anos. Conhecido pelo seu trabalho ao lado de estrelas como Michael Jackson e Frank Sinatra, Quincy Jones deixou um legado incomparável na indústria musical, sendo celebrado como um dos maiores visionários e inovadores da música contemporânea.

A longevidade de uma carreira iniciada nos anos 1940 e que se manteve relevante nas sete décadas seguintes é, por si só, impressionante. A morte do produtor, que ocorreu pacificamente no domingo à noite, na sua residência em Bel Air, Los Angeles, foi confirmada pela sua família e pelo seu agente, Arnold Robinson. Em comunicado emocionado, a família partilhou:

“É com o coração partido que anunciamos que o nosso pai e irmão Quincy Jones faleceu”.

“Celebramos a grande vida que ele viveu, sabendo que nunca haverá outro como ele”.

A abrangência artística do seu génio, tocou o jazz, a pop, o funk, a soul, o rock’n’roll, bem como a excelência atingida nos diversos papéis que assumiu ao longo da carreira: instrumentista, compositor, produtor, arranjador, autor de bandas sonoras, artista em nome próprio, produtor televisivo e cinematográfico.

 

Início de Carreira


Quincy Delight Quincy Jones Jr. nasceu a 14 de Março de 1933, em Chicago, numa época marcada pelas dificuldades da Grande Depressão. Filho de mãe e pai descendentes de escravos, Quincy Jones teve uma infância dura, mas encontrou consolo na música desde cedo.

Foi aos 11 anos que experimentou pela primeira vez o piano, descobrindo um mundo que o fascinaria para sempre. Na adolescência, formou uma banda com um jovem chamado Ray Charles, futuro ícone do soul, com quem iniciou uma longa amizade e parceria musical.

Com o talento natural para a música, Quincy Jones expandiu os seus estudos e foi para Seattle e depois para Boston, onde aperfeiçoou as suas habilidades musicais. Em Nova Iorque, conheceu e trabalhou com grandes nomes do jazz, como Charlie Parker e Miles Davis, consolidando-se no mundo da música como um jovem prodígio.

Com apenas 23 anos, assumiu a direcção musical de Dizzy Gillespie e, em 1958, assinou um contracto com a editora Mercury, onde se veio a tornar no seu director de música, um cargo de prestígio, numa editora de renome, especialmente numa América que ainda hoje vê na cor da pele, uma limitação a posições de destaque.

 

Parceria com Michael Jackson


Entre os seus trabalhos mais emblemáticos, destaca-se a colaboração com Michael Jackson que marcou uma das fases mais prolíficas e bem-sucedidas da sua carreira. Quincy Jones foi o produtor dos álbuns “Off the Wall” (1979), “Thriller” (1982) e “Bad” (1987), três projectos que transformaram Jackson no Rei da Pop e que definiram um novo padrão de qualidade na indústria musical.

Thriller“, em particular, tornou-se o álbum mais vendido de sempre e a colaboração entre Jackson e Quincy Jones é até hoje considerada uma das parcerias mais icónicas da história da música.

Para além de Jackson, Quincy Jones trabalhou com artistas de renome como Frank Sinatra, Ray Charles, Louis Armstrong e Tony Bennett, criando arranjos e composições que redefiniram géneros musicais.

Em 1966, a sua reinterpretação de “Fly Me To The Moon” para Sinatra transformou a valsa num clássico de swing, provando a versatilidade e criatividade inigualáveis de Jones.

 

Explorar Novos Caminhos


Para além da pop e do jazz, Quincy Jones dedicou-se também ao cinema, criando bandas sonoras memoráveis que ampliaram o seu alcance criativo. Uma das suas composições mais conhecidas é a banda sonora de “A Cor Púrpura” (1985), o que lhe valeu três nomeações aos Óscares.

Quincy Jones foi também um dos primeiros negros a ser nomeado para um Óscar, em 1968, na categoria de Melhor Canção Original, com “The Eyes of Love” para o filme “Banning”. Nos anos seguintes, compôs para filmes como “Austin Powers” e “Get Rich or Die Tryin’”, mostrando-se incansável na busca por novas formas de expressão musical.

O produtor explorou também a televisão, tendo sido o criador da sitcom “O Príncipe de Bel-Air” (1990), série que lançou Will Smith. Quincy Jones desempenhou ainda um papel importante no desenvolvimento do serviço de televisão Qwest TV, dedicado à transmissão de concertos e documentários sobre jazz e música clássica.

 

Legado Humanitário


Quincy Jones foi muito além da música, destacando-se também pelo seu trabalho humanitário. Em 1985, organizou o emblemático projecto “We Are the World”, uma canção que reuniu 46 dos mais populares artistas norte-americanos da época, incluindo Bruce Springsteen, Tina Turner, Diana Ross, e claro, Michael Jackson.

O objectivo da canção era arrecadar fundos para a luta contra a fome em África, e tornou-se rapidamente um sucesso mundial, sendo exibida durante o Live Aid, concerto que marcou a história da filantropia e da música.

Além do impacto imediato, o legado de “We Are the World” perdura até hoje, sendo revisitado em momentos de crise humanitária, como o terramoto no Haiti em 2010 que motivou uma nova versão da canção, produzida novamente sob a orientação de Quincy Jones.

Este projecto reafirmou o compromisso de Quincy Jones com o activismo humanitário, mostrando que a sua dedicação ia muito além da criação musical. Para ele, a música tinha o poder de unir pessoas, de inspirar mudanças e de transformar vidas, uma crença que ele defendeu até ao fim da sua vida.

 

Reconhecimento e Prémios


Ao longo da sua carreira de mais de sete décadas, Quincy Jones recebeu múltiplos prémios e reconhecimentos pelo seu contributo à música. Nomeado para 80 Grammy, venceu em 28 ocasiões, sendo um dos artistas mais premiados de sempre na história dos Grammy.

A sua influência e contribuição na música valeram-lhe distinções que vão além do universo musical, recebeu o Prémio Humanitário Jean Hersholt em 1995, pela sua dedicação a causas solidárias, dado pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas.

Para Quincy Jones, a música foi uma força que o ajudou a vencer adversidades e a superar as barreiras impostas pela sociedade. Na sua autobiografia, descreveu a música como “a única coisa que eu podia controlar… era o único mundo que me oferecia liberdade… eu não precisava de procurar respostas. As respostas estavam no som do meu trompete e nas minhas partituras”.

Este relato reflecte a profundidade com que via a sua arte e a forma como ela se entrelaçou com a sua vida pessoal e a sua visão do mundo.

 

Os Ritmos Brasileiros


A ligação de Quincy Jones à lusofonia, também marcou a sua trajectória, com colaborações frequentes com músicos brasileiros como Milton Nascimento, Ivan Lins, Paulinho da Costa e Simone. Em 1983, ganhou um Grammy pela sua interpretação da música “Velas” de Ivan Lins e manteve uma forte amizade com Milton Nascimento, partilhando com ele o apreço pela música brasileira.

Quincy Jones descreveu Simone como uma artista “que penetra a alma”, elogiando dessa forma a intensidade do seu talento, chegando a levá-la a festivais internacionais, ajudando assim a divulgar o seu talento.

Também trabalhou exaustivamente com o percussionista Paulinho da Costa que se tornou uma presença constante nas suas gravações. Paulinho é considerado um dos percussionistas mais talentosos e versáteis do mundo, colaborou com Quincy Jones em inúmeros álbuns e trilhas sonoras, incluindo o lendário álbum Thriller, de Michael Jackson.

Esta parceria reforçou a presença dos ritmos brasileiros nas produções de Quincy Jones e criou uma ponte musical entre o jazz, a pop e o samba, demonstrando a capacidade do produtor de misturar estilos e influências culturais com uma harmonia única.

 

Conclusão


A morte de Quincy Jones representa o fim de uma era para a música e para o mundo da produção artística. A sua capacidade de inovar, a versatilidade no trabalho com artistas de múltiplos géneros e o compromisso com causas sociais fazem dele um verdadeiro gigante que transcende gerações e estilos musicais.

Como afirmou a sua família, “o coração de Quincy Jones baterá para a eternidade”, eternizado nas notas musicais e nas memórias de quem pôde sentir o impacto do seu talento. A sua partida deixa um vazio no panorama musical, mas o legado que construiu permanece vivo.

A indústria da música, os seus colaboradores e o público em geral relembrarão sempre a genialidade de Quincy Jones, o homem que acreditava no poder da música para transformar vidas e que o provou ao longo da sua longa e extraordinária vida.

 


Conhecias a importância de Quincy Jones para a música? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2024 DR
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
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