Moçambique valoriza cooperação com Portugal.
O vice-ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Amílcar Tivane, valorizou hoje a cooperação com Portugal nas múltiplas vertentes, mas sublinhou que seria desejável o regresso do apoio direto ao orçamento do país.
“O apoio direto ao Orçamento (do Estado) seria desejável, naturalmente”.
Afirmou Amílcar Tivane, considerando, contudo, que é preciso ver “a cooperação com Portugal nas suas múltiplas vertentes”.
“O financiamento que temos estado a receber noutras áreas, e capacitação institucional, têm estado a contribuir para alavancar a economia moçambicana”.
Disse o vice-ministro em declarações à agência Lusa, à margem das reuniões anuais do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) que hoje terminaram, em Sharm el Sheikh, no Egito.
Na recente visita a Maputo do primeiro-ministro português, António Costa, os dois países assinaram um novo quadro de cooperação “que contempla um conjunto de áreas”, realçou, valorizando também o apoio de Portugal no âmbito do Compacto Lusófono, parceria criada com o BAD para promover o investimento nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), que vai ser prolongada por mais cinco ou até 10 anos.
Portugal, como outros países e instituições, suspendeu o apoio direto ao orçamento de Moçambique, na sequência do caso das dívidas ocultas, o maior caso de corrupção da história do país, um esquema que defraudou o Estado em mais de 2,7 mil milhões de dólares de dívida contraída junto de bancos internacionais, entre 2013 e 2014.
“É preciso recordar que, há sete, 10 anos atrás, Moçambique tinha recursos de apoio direto ao orçamento na casa de 750 a 800 milhões de dólares”, recordou o vice-ministro da Economia e Finanças.
O governante admitiu que, “naturalmente, com esta redução dos fluxos de apoio direto ao orçamento, houve necessidade de o país adotar esforços para mobilizar recursos adicionais”, o que tem estado a ser conseguido com esforço.
“Estamos a falar de recursos internos para assegurar que o país continua a prover e continua a realizar o seu programa de investimento no domínio das infraestruturas, na área social, acumulação de capital humano, criação de emprego”, referiu Amílcar Tivane.
Um reflexo desses esforços é o crescimento da economia de Moçambique, um dos países de África que o Banco Africano de Desenvolvimento prevê que tenham crescimentos do Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 5% este ano, ou seja acima da média do continente, que estima em 4%.
No documento “Perspetivas Económicas de África”, divulgado durante as reuniões anuais, o BAD prevê um crescimento da economia de Moçambique de 6,6% este ano.