Guiné-Bissau Precisa De Tolerância Política.
A Guiné-Bissau precisa de “cultura de tolerância política”, afirmou o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU). Em entrevista à ONU News, comentou as crises institucionais constantes na Guiné-Bissau e pediu mais tolerância na política.
O Representante especial para a África Ocidental e o Sahel, Leonardo Simão, comentou as repetidas crises institucionais no país; segundo ele, é preciso criar espaços para a participação de todos na construção de um Estado “estável e respeitável”.
A Guiné-Bissau enfrenta um período prolongado de instabilidade política que resultou na dissolução recente do Parlamento. Segundo o representante especial da ONU para a África Ocidental e o Sahel, Leonardo Simão, este cenário prejudica o desenvolvimento do país e a confiança dos parceiros.
Espaço para todos
“O desafio principal que a Guiné-Bissau tem é reganhar a confiança dos parceiros, e para isso é preciso que haja tolerância política no país, para que cada uma das entidades tenha seu espaço de existência”.
“Cada uma dessas entidades fazendo o seu papel, mas todas contribuindo para a construção de um Estado estável, um Estado respeitável”.
“E isso não pode ser trabalho de uma única entidade”.
“O Estado faz-se da diferença. É como uma mão. Os dedos da mão não são iguais, mas todos eles contribuem para que a mão funcione como uma entidade para o benefício do próprio organismo”.
“Por isso, o nosso apelo à Guiné-Bissau é que desenvolva uma cultura de tolerância política que crie espaço para a participação de todos”.
Em reunião do Conselho de Segurança, na quinta-feira passada, Simão avaliou que o país deve efectuar uma revisão constitucional que esclareça que a divisão de poderes é essencial para romper definitivamente o ciclo de instabilidade que aflige a nação africana.
“É um país que tem tido crises de repetição e que atrasam de uma maneira bastante grave os esforços de desenvolvimento”.
“Nós estamos a mobilizar esforços e boas vontades e entidades diversas, para apoiar o país rumo ao desenvolvimento”.
“Mas cada vez que nós abordamos alguns parceiros, eles falam sempre da falta de estabilidade, de que todo esforço que possam vir a fazer, vais ser prejudicado porque quando menos se espera, há de haver uma crise política no país”.
Concluiu ele após a reunião.
Histórico da instabilidade
Segundo o relatório apresentado por Simão aos membros do Conselho de Segurança, o país teve novos membros da Assembleia Nacional Popular empossados a 27 de Julho, com Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), unanimemente eleito presidente do Parlamento.
A 14 de Agosto, um novo governo de 19 membros, liderado pelo primeiro-ministro Geraldo João Martins, foi empossado. A primeira sessão ordinária do Parlamento começou a 14 de Novembro, mas tensões entre líderes políticos surgiram, levando a confrontos armados a 1 de Dezembro.
O Presidente Umaro Sissoco Embaló, dissolveu a Assembleia a 4 de Dezembro, alegando uma “tentativa de golpe“, o que foi contestado por várias partes. A 12 de Dezembro, Geraldo João Martins foi reconduzido como primeiro-ministro, mas foi substituído a 20 de Dezembro por Rui Duarte Barros.
A 21 de Dezembro, Embaló empossou um novo governo de “iniciativa presidencial“, com 24 ministros e nove secretários de Estado.
Conclusão
A Guiné-Bissau encontra-se numa encruzilhada crítica, marcada por crises institucionais recorrentes e instabilidade política. O representante especial da ONU para a África Ocidental e o Sahel, Leonardo Simão, destacou a urgente necessidade de cultivar uma “cultura de tolerância política”, em prol da estabilidade.
A história recente da Guiné-Bissau é marcada por confrontos políticos, dissoluções parlamentares e tentativas de golpes de estado, é por isso vital, criar espaços para a participação de todas as entidades na construção de um Estado estável e respeitável. A análise efectuada pela ONU concluiu de que a Guiné-Bissau deve reganhar a confiança dos parceiros internacionais, para ter futuro.
Nessa análise é sugerida uma revisão constitucional como uma medida essencial para esclarecer a divisão de poderes, rompendo definitivamente com o ciclo de instabilidade, sublinhando a necessidade premente de uma abordagem mais tolerante e colaborativa para garantir um futuro mais estável e próspero.
O que achas deste envolvimento da ONU na política da Guiné-Bissau? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2022 Francisco Lopes-Santos