Gabão: Militares Rejeitam Reeleição de Ali Bongo.
Esta manhã, um abalo político de grandes proporções atingiu o Gabão, com o anúncio de um golpe militar em que os militares anunciaram que tomaram o poder no país, declarando a anulação das eleições gerais e a dissolução das instituições democráticas.
Esta ação levanta questões sobre a estabilidade na região, preocupa a União Europeia e tem impactos significativos em empresas e instituições no país, como é o caso do grupo mineiro francês Eramet.
O presidente em exercício, Ali Bongo Ondimba, tinha sido reeleito com 64% dos votos, nas recentes eleições presidenciais, de 26 de Agosto, consolidando assim o seu poder que já durava há 14 anos.
Os militares do Gabão, divulgaram um comunicado em que afirmam ter assumido o controle do país, justificando a sua ação com a alegação de que as eleições gerais de Agosto não atenderam aos requisitos de transparência e credibilidade. Este movimento, liderado por uma dezena de militares, surpreendeu a população e o mundo, colocando o Gabão em um estado de turbulência política e institucional.
Depois de constatar “uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (…) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor“, declarou um dos soldados.
O mesmo militar, alegando falar em nome de um “Comité de Transição e Restauração Institucional“, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam “encerradas até nova ordem“.
De acordo com jornalistas da agência de notícias France-Presse, durante a transmissão televisiva, ouviram-se tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.
Anulação das Eleições Gerais do Gabão
De acordo com as Forças de Defesa e Segurança, a realização das eleições gerais em Agosto não proporcionou as condições necessárias para um processo eleitoral transparente e inclusivo, algo aguardado ansiosamente pelo povo gabonês.
Essa alegação abalou a confiança no processo eleitoral e serviu como justificativa para a intervenção militar. O resultado das eleições, que apontava para uma nova vitória do presidente Ali Bongo Ondimba, foi anulado pelo golpe.
O Gabão tem vindo a enfrentando uma crise institucional, política, económica e social, agravada por um governo irresponsável e imprevisível. Esta situação resultou na constante deterioração da coesão social, colocando em risco a estabilidade do país. O descontentamento da população e a insatisfação com as políticas governamentais contribuíram para o panorama que culminou no golpe militar.
As Forças de Defesa e Segurança, autointituladas líderes do golpe, afirmaram ter-se reunido no “Comité de Transição e de Restauração das Instituições“. Declararam a dissolução de todas as instituições da República, incluindo o governo, o senado, a assembleia nacional, o tribunal constitucional e outras entidades. Este movimento tem como objetivo restaurar a paz e encerrar o regime anterior.
Repercussões do Golpe no Gabão
O anúncio do golpe militar foi recebido com choque e preocupação internacional. A União Europeia (UE) manifestou a sua inquietação com a situação. A incerteza gerada pelo golpe levanta questões sobre o futuro político e social do país, assim como da sua relação com a comunidade internacional.
“A notícia é confusa. Recebi a notícia pela manhã. Se isto se confirmar, é mais um golpe militar que aumenta a instabilidade em toda a região”.
Declarou Josep Borrell, o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, ao chegar à reunião de ministros da Defesa da UE, que se realiza em Toledo, em Espanha.
A situação política na África subsaariana não tem demonstrado melhorias substanciais. A instabilidade em países como o Gabão levanta preocupações e aumenta a incerteza em toda a região da África central. A diplomacia europeia está atenta aos acontecimentos e à possibilidade de intervenções que possam ajudar a mitigar os riscos.
O anúncio do golpe ocorreu pouco depois da divulgação dos resultados oficiais das eleições presidenciais. Segundo o Centro Eleitoral Gabonês (CGE), o presidente Ali Bongo Ondimba havia conquistado um terceiro mandato com 64,27% dos votos, derrotando o seu principal adversário, Albert Ondo Ossa, que obteve 30,77% dos votos. Esta vitória foi contestada por parte da oposição, alegando fraude e exigindo reconhecimento.
A população do Gabão reagiu de forma diversificada ao golpe militar. Enquanto alguns saíram às ruas para celebrar a partida do antigo presidente, outros observaram os eventos com apreensão.
A presença militar nas ruas e a anulação das eleições geraram um ambiente de incerteza e tensão entre os cidadãos. A situação nas ruas é um reflexo direto da complexidade do momento político vivenciado pelo país.
Impacto nas Empresas Estrangeiras
O grupo mineiro francês Eramet, que opera no Gabão, suspendeu as suas atividades no país devido à incerteza e aos riscos associados ao golpe militar. A companhia está a monitorizar a situação para garantir a segurança dos seus funcionários e a integridade das suas instalações.
O governo de França expressou preocupação com a situação no Gabão após o anúncio do golpe. A primeira-ministra, Elisabeth Borne, mencionou a crise em Libreville durante uma conferência com embaixadores franceses, destacando os desafios que a diplomacia francesa enfrenta.
Conclusão
O Gabão foi abalado por mais um golpe militar que resultou na anulação das eleições gerais de Agosto e na dissolução das instituições democráticas. Este movimento surge em meio a uma crise institucional e de uma governação questionável, gerando impactos significativos na população e levantando questões sobre o futuro político do país.
Este golpe tem o potencial de desencadear uma série de eventos imprevisíveis, não apenas a nível nacional, mas também em toda a região da África Central. A resposta internacional reflete a preocupação com a estabilidade regional. O que o futuro reserva para o Gabão permanece incerto, com a nação a enfrentar desafios complexos na sua procura por uma resolução pacífica e democrática.
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