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Domingo, Setembro 7, 2025

Costa do Marfim: Hipopótamo Causa Naufrágio

Onze pessoas desapareceram de uma só vez, quando um hipopótamo virou uma embarcação no rio Sassandra, na Costa do Marfim. Entre as vítimas estão mulheres, crianças e até um bebé. O que deveria ter sido uma simples travessia, transformou-se numa tragédia que expõe, sem filtros, o perigo real da convivência entre as comunidades humanas e um dos mais temidos animais de África.

Costa do Marfim: Hipopótamo Causa Naufrágio


Um trágico acidente, causado por um hipopótamo, abalou a cidade de Buyo, no sudoeste da Costa do Marfim. O que deveria ser uma travessia fluvial rotineira transformou-se em um drama, quando o paquiderme provocou o naufrágio de uma pequena embarcação, deixando onze pessoas desaparecidas, entre elas mulheres, crianças e até um bebé.

O incidente ocorreu na madrugada de sexta-feira, no rio Sassandra, um dos principais cursos de água da região. A embarcação, uma piroga tradicional usada por comunidades locais para transporte diário, levava 14 ocupantes no momento do acidente. Apenas três pessoas conseguiram sobreviver.

A ministra da Coesão Nacional, Solidariedade e Luta Contra a Pobreza, Myss Belmonde Dogo, confirmou a tragédia através da sua página oficial, manifestando profundo pesar pelas vidas desaparecidas e solidariedade com as famílias e sobreviventes.

As autoridades locais mantêm em curso operações de busca, embora o panorama seja de grande dificuldade devido à força do rio e ao comportamento imprevisível dos hipopótamos.

Este não é um caso isolado. Segundo um estudo conduzido por académicos marfinenses em 2022, o hipopótamo é a espécie animal que mais frequentemente protagoniza incidentes fatais com humanos no país, superando inclusive crocodilos e outros animais de grande porte.

Estima-se que existam cerca de 500 exemplares da espécie em rios e lagos no sul do território, incluindo os rios Sassandra e Bandama.


Uma Repetição Anunciada


Este episódio não é isolado. Os acidentes fluviais envolvendo animais selvagens não são novidade na Costa do Marfim. Em Abril de 2024, uma canoa voltou-se numa lagoa no departamento de Dabou, a 50 quilómetros de Abidjan, provocando pelo menos doze mortos. Embora nesse caso não tenha sido directamente causado por hipopótamos, as vulnerabilidades destas embarcações fluviais são evidentes.

As populações ribeirinhas vivem diariamente entre a necessidade de atravessar rios para chegar a mercados, escolas ou postos de saúde e o risco constante de ataques de animais que disputam território.

Apesar de parecer pacífico, o hipopótamo esconde um temperamento altamente territorial e agressivo, é considerado um dos animais mais agressivos do continente africano. Com grande porte e força, pode virar pequenas embarcações com facilidade, sobretudo quando se sente ameaçado.

O hipopótamo é responsável por mais mortes humanas em África do que leões, leopardos ou hienas. O risco aumenta em zonas de grande pressão populacional, onde as comunidades dependem dos rios para transporte, pesca e actividades agrícolas.

Casos de ataques de hipopótamos são documentados em vários países africanos. No Malawi, por exemplo, comunidades ribeirinhas do Lago Niassa enfrentam ataques regulares quando tentam pescar em zonas dominadas por estes animais.

No Zimbabwe, os hipopótamos já provocaram a morte de dezenas de pessoas que utilizavam pequenas embarcações para atravessar rios. Na Tanzânia, onde a espécie é abundante, os ataques a agricultores e pescadores estão entre as principais causas de mortes por animais selvagens.


Os Hipopótamos e o Ecossistema


Apesar da sua reputação de animal perigoso, o hipopótamo desempenha um papel crucial nos ecossistemas africanos. Estes gigantes semiaquáticos actuam como verdadeiros engenheiros ambientais. Ao passar grande parte do dia dentro de rios e lagos e a sair à noite para pastar nas margens, transportam nutrientes entre ambientes terrestres e aquáticos.

As fezes dos hipopótamos enriquecem as águas com matéria orgânica, que alimenta organismos microscópicos essenciais para a cadeia alimentar aquática. Ao mesmo tempo, as suas deslocações criam canais no leito dos rios, facilitando a circulação da água e criam poças que servem de refúgio para os peixes durante a estação seca.

Contudo, quando a densidade populacional humana se expande sobre áreas outrora dominadas por hipopótamos, o conflito torna-se inevitável. Os rios que são fontes de vida para as comunidades, são também os territórios naturais destes animais.

O desafio das autoridades ambientais é equilibrar a preservação da espécie, considerada vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), com a segurança das populações locais.

A tragédia em Buyo volta a expor a necessidade de desenvolver políticas de convivência entre as comunidades humanas e os animais selvagens em África. Países como Moçambique e o Botswana têm adoptado programas de sensibilização, alertando os pescadores e os agricultores sobre os comportamentos de risco em zonas de hipopótamos.

Contudo, a eficácia destas medidas depende da disponibilidade de alternativas seguras de transporte e da criação de infra-estruturas que reduzam a exposição das pessoas. No caso da Costa do Marfim, têm-se sugerido a criação de patrulhas regulares, o uso de barcos mais resistentes e programas comunitários de educação ambiental.

A longo prazo, as soluções terão de incluir também a protecção do habitat natural dos hipopótamos, uma vez que a redução do espaço disponível aumenta o contacto com os humanos.


Conclusão


O naufrágio em Buyo levanta, mais uma vez, a questão da segurança nas travessias fluviais em zonas habitadas por animais selvagens, especialmente hipopótamos. As autoridades marfinenses enfrentam o desafio de equilibrar a convivência entre as comunidades humanas e a preservação da vida animal, num contexto em que os rios são vitais para a mobilidade e para a subsistência de milhares de pessoas.

Enquanto prosseguem as buscas no rio Sassandra, as famílias das vítimas aguardam respostas, presas entre a esperança e o luto antecipado. A tragédia é uma recordação dolorosa da vulnerabilidade das populações rurais diante da força da natureza e da urgência em se criarem medidas de protecção mais eficazes.

 


O que pensas desta tragédia na Costa do Marfi, causada por um hipopótamo? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2024 Andreas Vonlanthen / Unsplash
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