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Sábado, Fevereiro 15, 2025

Cimeira da União Africana uma Nova Esperança

A 38.ª Cimeira da União Africana (UA) que se realizará em Adis Abeba nos próximos dias 15 e 16 de Fevereiro, coloca os líderes do continente perante decisões cruciais num contexto de guerras prolongadas, transições políticas frágeis e pressões climáticas.

Cimeira da União Africana uma Nova Esperança


A 38.ª Cimeira da União Africana (UA) que se vai realizar na capital etíope, Adis Abeba, nós próximos dias 15 e 16, surge num contexto em que a esperança de estabilidade em África se confronta com conflitos prolongados.

As discussões centram-se em temas urgentes, como a escalada de violência no Sudão, a crise entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Rwanda, a expansão do terrorismo no Sahel e os esforços para garantir paridade de género na liderança da UA, que conta com 19 mulheres entre os 35 candidatos, num processo que poderá influenciar o futuro político do continente.

Com a eleição de novos comissários, incluindo o disputado cargo para Assuntos Políticos, Paz e Segurança (PAPS), em que o nigeriano Bankole Adeoye, actual titular do cargo, enfrenta três concorrentes e o início da presidência rotativa de Angola, assumida por João Lourenço, a UA procura equilibrar continuidade e mudança enquanto enfrenta críticas sobre a eficácia da sua diplomacia.

Num contexto mundial marcado por políticas isolacionistas dos Estados Unidos e pela distracção europeia, a UA enfrenta o desafio de fortalecer a sua voz colectiva. O think tank Amani Africa, sublinha a necessidade de “uma nova energia para mobilizar respostas necessárias”, enquanto a ONG Crisis Group, alerta para o risco de “desinteresse crescente” das potências tradicionais.

A cimeira, cujo tema oficial é “Construir uma frente unida para fazer avançar a causa da justiça e o pagamento de reparações aos africanos”, terá de provar que a retórica tem de se transformar em acção.


Eleições e Paridade


A eleição para comissário da PAPS é a mais disputada, nesta Cimeira, com quatro candidatos, incluindo o nigeriano Bankole Adeoye que procura alcançar a sua reeleição.

A pasta é crucial devido aos conflitos em curso, como na RDC, onde a mediação de Angola, liderada por João Lourenço, será posta à prova devido aos confrontos entre as tropas governamentais e rebeldes do M23, apoiados pelo Rwanda que ameaçam destabilizar a região dos Grandes Lagos.

A regra da paridade de género eliminou dois candidatos masculinos à vice-presidência da Comissão, privilegiando quatro mulheres: Salma Malika Haddadi (Argélia), Hanan Morsy (Egipto), Najat Elhajjaji (Líbia) e Latif Akharbach (Marrocos). Este avanço contrasta com as 89 candidaturas de 2021, das quais apenas 26 eram femininas.

A África Austral está à frente em representações, com candidatos para todas as pastas, enquanto a África Ocidental e a África Oriental apresentam apenas três nomes. O futuro da Comissão da UA dependerá também da sucessão de Moussa Faki Mahamat, cujo mandato termina e a ONG Crisis Group alerta:

“Garantir que a organização utiliza todas as suas vantagens, é cada vez mais importante, especialmente numa altura de desinteresse crescente dos EUA”.


Uma Paz “Enferrujada”


A 38.ª Cimeira da UA ocorre num momento de teste à capacidade de resistência africana. O Sudão vive a “pior crise humanitária no Mundo”, segundo a UA, com mais de 12 milhões de deslocados e 60 mil mortos desde 2023. A guerra entre os generais Abdel Fattah al-Burhan e Mohamed Hamdan Dagalo (RSF) escalou para níveis chocantes, com relatos de abusos contra mulheres e crianças.

A UA exige “um diálogo político inter-sudanês”, mas a falta de consenso entre líderes africanos dificulta os avanços. No Sahel, a saída do Níger, do Mali e do Burkina Fasso da CEDEAO agravou a insegurança. Grupos como o JNIM (Al Qaeda) expandem-se, deslocando 6 milhões de pessoas. A Aliança dos Estados do Sahel, apoiada por milícias russas e turcas, desafia mecanismos tradicionais de paz.

A UA que pressionou estes países a retomarem processos democráticos, vê-se agora obrigada a repensar estratégias num panorama de golpes consecutivos. Na RDC, os combates entre o exército e o M23 reacenderam tensões com o Rwanda. A mediação angolana tenta evitar um conflito regional, mas a UA evita reconhecer publicamente o envolvimento do Rwanda, frustrando Kinshasa.

Moçambique, por sua vez, enfrenta ataques terroristas no norte e desafios pós-ciclone Chido, enquanto o novo Presidente Daniel Chapo tenta consolidar a paz após umas eleições controversas que ainda estão a causar conflitos no país.


Contexto Mundial


A política externa dos EUA, sob Donald Trump, dá prioridade ao isolacionismo, desafiando regras diplomáticas e comerciais. Para África, isto significa menos apoio internacional em conflitos e mudanças climáticas. A UA terá de fortalecer parcerias intracontinentais, como a Zona de Livre Comércio Africana (AfCFTA), para compensar o vácuo deixado pelas potências tradicionais.

O Crisis Group defende que esta Cimeira da UA deve focar-se em mediações no Sudão, segurança na Somália e eleições credíveis nos Camarões.

“As fragilidades da União Africana são bem conhecidas […] mas também tem pontos fortes profundamente enraizados”.

A esperança do continente e do futuro da UA, reside numa liderança revitalizada, capaz de unir blocos regionais fragmentados.


Conclusão 


Entre eleições históricas e conflitos devastadores, os líderes do continente têm a tarefa de traduzir discursos de unidade em acções palpáveis. A mediação angolana, a paridade de género e a resposta às crises humanitárias serão indicadores cruciais do sucesso desta cimeira.

Como afirma o Amani Africa, “uma nova energia para mobilizar respostas necessárias” é urgente. Num mundo cada vez mais dividido, a capacidade da UA em representar África de forma coesa determinará o futuro do continente e também o seu lugar na ordem mundial.

 


Será que esta 38.ª Cimeira da União Africana vai conseguir por “ordem na casa”? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2022 Shutterstock
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