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ToggleBM: Moçambique Vai Ser Uma Potência Energética
O presidente do Grupo Banco Mundial (BM), Ajay Banga, afirmou hoje que Moçambique possui condições únicas para se tornar no centro energético da África Austral, prometendo apoio firme aos projectos destinados a ampliar a capacidade de produção e transmissão de energia do país.
A barragem Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), instalada na província de Tete, com uma capacidade de 2.075 megawatts — uma das maiores do continente — foi o ponto de partida da sua primeira visita oficial ao país que decorre durante dois dias, a convite do Presidente moçambicano, Daniel Chapo.
Projectos Estratégicos
Em declarações aos jornalistas após visitar o empreendimento da HCB, Ajay Banga destacou que Moçambique “tem tudo” para desenvolver o tipo certo de capacidade energética e de transmissão, sublinhando que nenhum outro país na região da África Austral reúne os activos necessários para realizar o que Moçambique é capaz de alcançar neste domínio.
Banga referiu que o pensamento estratégico de Daniel Chapo, nos últimos dez anos, possui prioridades alinhadas com as do Banco Mundial, destacando entre elas o sector da energia. Sublinhou o interesse do chefe de Estado moçambicano em aproveitar os recursos naturais do país, nomeadamente a energia hidroeléctrica, o gás natural, a energia solar, o potencial solar e eólico.
Durante esse intercâmbio, Chapo manifestou o objectivo de fazer de Moçambique uma potência energética e transformá-lo num verdadeiro “back office” de energia para a região austral do continente.
Para isso, disse, será fundamental trabalhar em conjunto e estabelecer parcerias público-privadas com o envolvimento das diversas agências do BM, que podem apoiar tanto no financiamento como na assistência técnica.
Durante as declarações conjuntas, Chapo reiterou a ambição de transformar Moçambique num hub de energia eléctrica, aproveitando as reservas de gás natural — entre as maiores de África — bem como o potencial hidroeléctrico, solar e eólico.
Sublinhou que o país já iniciou a produção energética a partir do gás, com diversos projectos em preparação e outros já em curso, e dirigiu-se directamente ao presidente do BM para encorajar o investimento em toda a matriz energética moçambicana.
Ajay Banga garantiu a Chapo a disponibilidade do BM e das suas agências para apoiar os vários projectos energéticos em curso, como o reforço da produção em Cahora Bassa, com a central norte da hidroeléctrica — a concluir até 2032 — e a implementação de um novo parque solar com capacidade de 400 megawatts.
Além disso, destacou a futura barragem de Mphanda Nkuwa, com uma potência projectada de 1.500 megawatts e um custo estimado em 4,5 mil milhões de euros, a ser concluída até 2031, também no rio Zambeze, área que pouco antes sobrevoou com o Presidente moçambicano.
Impacto Regional
O presidente do BM revelou que decorrem conversações com o Governo moçambicano para investir num projecto hidroeléctrico em cascata, igualmente a jusante da HCB, com capacidade adicional de 1.500 megawatts. A par disso, destacou o crescente investimento em energia solar, considerando que há projectos ainda mais promissores no horizonte energético do país.
Segundo Ajay Banga, todos esses elementos formam uma espécie de “orquestra a tocar uma boa música”, onde é necessário que muitos instrumentos actuem em harmonia para produzir um resultado eficaz.
Destacou que esta visão conjunta com Moçambique constitui, provavelmente, a parceria mais importante entre as duas partes. Acrescentou ainda que existem outros projectos no sector energético que considerou “ainda mais interessantes” no país.
O presidente do Banco Mundial sublinhou que todos estes elementos em conjunto funcionam como uma orquestra a tocar uma boa música, sendo necessário que muitos instrumentos sejam tocados em harmonia para que o resultado final seja eficaz. Considerou que essa é precisamente a natureza da parceria actualmente em discussão com Moçambique.
Para além do sector energético, Banga apontou oportunidades significativas no turismo, nos corredores económicos e nos programas de qualificação dos jovens. Considerou que Moçambique é um país “dotado de activos” e que, se for possível proporcionar a esses jovens ocupações produtivas, esperança e optimismo, o país terá um grande futuro pela frente.
Nesse sentido, Chapo indicou que a relação com o Banco Mundial deverá assentar em quatro áreas estratégicas: o turismo — com vista a catapultar o seu potencial — a agricultura, os recursos minerais e energéticos, e as infra-estruturas, destacando os três corredores logísticos que ligam os portos marítimos ao interior e às fronteiras com os países vizinhos.
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa

A HBC, construída por Portugal, antes da independência do país, é actualmente gerida por uma sociedade anónima de direito privado, detida em 85% pela Companhia Eléctrica do Zambeze, pertença do governo de Moçambique, 7,5% pela empresa portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) e 3,5% por acções próprias
A sua albufeira da é a quarta maior de África, com uma extensão de 270 quilómetros de comprimento por 30 de largura, ocupando 2.700 quilómetros quadrados e uma profundidade média de 26 metros e abastece não só Moçambique como também os países vizinhos.
Conclusão
Moçambique destaca‑se por possuir reservas de gás natural, um enorme potencial hídrico e avanços sólidos em energia renovável. O Banco Mundial considera que o país com apoio internacional e gestão estratégica tem as condições ideais para se tornar não apenas auto-suficiente, mas converter-se também numa potência energética nos próximos dez anos.
A aliança entre projectos estruturantes, financiamento internacional e políticas públicas ambiciosas traçam a via para que Moçambique se transforme num pivô energético regional. A concretização destas metas exigirá coordenação institucional, investimento contínuo e inclusão social para garantir que os benefícios alcancem toda a população e transformem toda a sociedade.
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Imagem: © 2025 Luísa Nhantumbo