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ToggleÁfrica Nos Jogos Paralímpicos De Paris 2024
A Cidade da Luz brilhou ainda mais intensamente esta quarta-feira, ao dar início aos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 com uma cerimónia arrojada e emocionante no coração da cidade. O evento, que decorreu na emblemática Praça da Concórdia e nos Campos Elíseos, lançou um apelo global para uma “revolução de inclusão” e uma jornada da “discórdia à concórdia”.
Os Jogos marcam a 17ª edição do evento e estão a ser realizados de 28 de Agosto a 8 de Setembro. Estiveram 65.000 pessoas a assistir à cerimónia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 e, estiveram presentes, nada menos do que 4.400 atletas, representando um total de 185 delegações.
Das delegações presentes, estão representadas 44 nações africanas que levaram 314 atletas à capital francesa, incluindo alguns que são verdadeiras referências nas suas modalidades e com reais hipóteses de medalhas.
Os atletas africanos, competirão nas modalidades para as quais obtiveram a qualificação. Futebol 5 (futebol para deficientes visuais), Atletismo, Ciclismo, Halterofilismo, Judo, Canoagem, Taekwondo, Ténis de Mesa, Ténis em Cadeira de Rodas, Natação, Voleibol Sentado, Goalball, Triatlo e Remo.
Estes Jogos Paralímpicos de Paris 2024 vão ser uma oportunidade para o público em geral descobrir algumas destas modalidades e, claro está, para os atletas africanos ganharem o maior número possível de medalhas.
Cerimónia de Abertura Inclusiva
Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 foram abertos nesta quarta-feira, 28 de Agosto, após uma Cerimónia de Abertura inédita, realizada na histórica Praça da Concórdia da capital francesa e, com ênfase, nos paradoxos da sociedade moderna que necessita de uma “revolução inclusiva“.
Mais de 200 anos depois de o local ter testemunhado a Revolução Francesa, as cores da república iluminaram novamente a praça histórica, em bandeiras, roupas, cortinas e até em nuvens de fumo no céu.
Com autoria de Thomas Jolly, o mesmo director artístico da Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, o evento apelou à ação da sociedade e, ao mesmo tempo, celebrou o desporto e as conquistas dos atletas paralímpicos.
Num momento de grande simbolismo, a chama paralímpica, acesa em Stoke Mandeville, Inglaterra, berço dos Jogos Paralímpicos, percorreu os Campos Elíseos nas mãos de atletas medalhados, culminando na pira olímpica no Jardim das Tulherias. Este “farol de esperança” permanecerá aceso até 8 de Setembro, data em que Paris passará o testemunho a Los Angeles.
As Mensagens da Cerimónia
Num clima festivo e por vezes até sombrio, o presidente do Comité Organizador de Paris 2024, Tony Estanguet, foi rápido ao alertar: assim como a revolução que a Praça da Concórdia testemunhou há dois séculos, quando Luís XVI foi executado, também o acontecimento de hoje será positivo.
“Bem-vindos ao país do amor e ao país da revolução”.
“Não se preocupem: esta noite não haverá a tomada da Bastilha, nem funcionará a guilhotina, pois esta noite é o início da mais bela de todas as revoluções: a revolução paralímpica”.
“Esta noite, os revolucionários são vocês, os atletas”.
“Tal como os nossos antepassados, vocês têm coragem e audácia”.
“Como todos os revolucionários ao redor do mundo, vocês têm coragem e determinação, como eles, vocês estão a lutar por uma causa que é maior do que todos nós”.
Disse Estanguet sob os aplausos de umas bancadas improvisadas e completamente lotadas, num dos locais mais históricos de França.
O presidente do Comité Paralímpico Internacional, Andrew Parsons, aproveitou o palco histórico da revolução francesa para apelar a uma “revolução de inclusão”. Este apelo ganhou ainda mais força com a lembrança de que 15% da população mundial vive com algum tipo de deficiência.
A principal mensagem foi a de apontar uma sociedade, em que as pessoas com deficiência são celebradas no campo do desporto, mas no seu dia a dia quotidiano, enfrentam diversos obstáculos.
Medalhas Africanas Esperadas
Nestes primeiros 3 dias, África já conquistou oito medalhas nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. A Tunísia lidera o continente com três medalhas, incluindo duas de Ouro e uma de Prata, todas obtidas no atletismo.
Raoua Tlili, aos 34 anos, a completar a sua quinta Paralimpíada e com quatro medalhas de Ouro no currículo, brilhou novamente, ao conquistar a primeira medalha para África nestes jogos e a sua quinta medalha de Ouro, no lançamento do peso feminino na classe F41.
Maroua Ibrahmi garantiu a outra medalha de Ouro da Tunísia, no lançamento da maça na classe F32 e, Ahmed Ben Moslah, por sua vez, arrecadou a Prata no lançamento do peso masculino na classe F37.
A Argélia também fez história com Nassima Saifi a conquistar uma medalha de Ouro no lançamento do disco feminino na classe F57.
A Etiópia somou mais uma medalha de Ouro para o continente com Tigist Gezahagn Menigstu que triunfou nos 1500 metros femininos na classe T13.
Já o Marrocos obteve uma medalha de Prata e duas de Bronze: Fatima Ezzahra El Idrissi destacou-se nos 1500 metros femininos na classe T13 com uma medalha de Prata, enquanto Aymane El Haddaoui garantiu o Bronze nos 100 metros masculinos na classe T47 e Ayoub Adouich subiu ao pódio no Taekwondo, na categoria masculina K44 -63kg
E as Espectativas
As espectativas são grandes. O sul-africano Ntando Mahlangu, coroado campeão paralímpico em 2021 em Tóquio, fez sucesso na competição de salto em comprimento ao bater o recorde mundial com um salto de 7,17 m. É com este estatuto de titular que chega a Paris e é por isso, uma das grandes esperanças para as medalhas.
Samir Nouioua, veterano argelino, medalhista de Ouro em Pequim e Londres nos 800 m, espera terminar em grande estilo aqueles que poderão ser os seus últimos Jogos Paralímpicos.
Outra veterana, a nigeriana Flora Ugwunma, tentará fazer jus ao seu estatuto. Aos 40 anos, a bicampeã paralímpica do dardo estará a competir na sua prova preferida, mas também no lançamento de peso.
A sua compatriota Folashade Oluwafemiayo (39), actual campeã olímpica no halterofilismo paralímpico (feminino, acima de 86 kg), também tentará preservar o título de tripla campeã paralímpica.
Com uma retumbante dobradinha no Rio 2016 nos 1.500 m e 5.000 m, o queniano Samwel Mushai Kimani também tentará repetir o mesmo feito nestes jogos.
Estes são alguns exemplos, entre outros que simbolizam o potencial do continente africanos, apesar dos recursos limitados de que estes atletas muitas vezes dispõem ao longo da temporada.
Com os olhos postos nas 63 medalhas conquistadas pelo continente africano em Tóquio, porque não, tentar voltar a atingir a marca das 100 medalhas, já alcançada em edições anteriores e, até a ultrapassar?
E os PALOP?
As delegações paralímpicas dos PALOP nestes jogos, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, vão procurar obter medalhas para honrarem os seus países.
Angola fez furor com o velocista José Sayovo, ao conquistar 3 medalhas de Ouro nos 100, 200 e 400 metros em 2004, 3 de Prata em 2008 e, em 2012, uma de Bronze nos 200 m e outra de Ouro nos 400, desde então tem-se mantido arredada das medalhas, esperando, no entanto, contrariar essa travessia no deserto, nestes jogos.
Cabo Verde também já ganhou uma medalha de Bronze em 2016, Guiné-Bissau e Moçambique, nunca ganharam nenhuma medalha, mas esperam que estes jogos sejam diferentes e levem medalhas para casa.
No entanto, está cada vez a ser mais difícil um atleta paralímpico dos PALOP, ganhar uma medalha, ou mesmo manterem a sua participação em próximos Jogos Paralímpicos, devido ao desinvestimento no desporto paralímpico que tem ocorrido nestes países.
As Delegações Africanas
- Egipto: 54 atletas
- Marrocos: 38 atletas
- África do Sul: 32 atletas
- Tunísia: 30 atletas
- Argélia: 26 atletas
- Nigéria: 23 atletas
- Rwanda: 13 atletas
- Quénia: 13 atletas
- Maurícia: 6 atletas
- Namíbia: 5 atletas
- Camarões: 5 atletas
- Uganda: 4 atletas
- Senegal: 4 atletas
- Etiópia: 4 atletas
- Gana: 4 atletas
- Líbia: 3 atletas
- Costa do Marfim: 3 atletas
- Angola, Botswana, Benim, Burundi, Cabo Verde, República Centro-Africana, Congo, Gabão, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Malawi, RD Congo, Zâmbia, Zimbabwe: 2 atletas cada
- Burkina Fasso, Eritreia, Níger, Moçambique, Tanzânia, Togo: 1 atleta cada.
Conclusão
Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, além de serem uma celebração do desporto, também são uma poderosa plataforma para promover a inclusão e a igualdade numa sociedade que muitas vezes continua a marginalizar pessoas com deficiências.
Durante estes dias, os olhos do mundo estarão voltados para a capital francesa, onde os atletas africanos, em especial, procurarão não só alcançar o pódio, mas também inspirar milhões de pessoas, mostrando que a determinação pode transcender qualquer barreira.
A participação das delegações africanas, mesmo enfrentando limitações de recursos, destaca o espírito indomável dos seus atletas. Cada vitória e cada medalha serão símbolos de resistência e de orgulho, lembrando-nos que o desporto pode ser uma força transformadora.
Para que talentos como José Sayovo, Raoua Tlili e Ntando Mahlangu continuem a emergir, é vital que os países africanos, especialmente os PALOP, invistam no desporto paralímpico, garantindo assim um futuro de conquistas.
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Imagem: © 2024 Stephane de Sakutin / gettyimages