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Toggle3 de Março 2025: Dia Mundial da Vida Selvagem
A 3 de Março celebra-se, anualmente, o Dia Mundial da Vida Selvagem. O objectivo deste dia é consciencializar os cidadãos para a protecção da fauna e da flora, especialmente das espécies ameaçadas. Pretende-se, também, demonstrar os benefícios que a conservação das espécies tem para a vida no planeta e para a sobrevivência do ser humano.
“Financiamento da conservação da vida selvagem: Investir nas pessoas e no planeta”.
Foi o tema escolhido para 2025. Pretende-se, com este tema, alertar para a necessidade do financiamento da conservação da vida selvagem, a qual consiste em preservar as espécies vegetais e animais na natureza, contribuindo, assim, para a conservação da biodiversidade do planeta que sustenta todos os ecossistemas e comunidades em todo o mundo.
O Dia Mundial da Vida Selvagem de 2025 reforça a urgência de direccionar recursos para a protecção de espécies ameaçadas. Com mais de um milhão de animais e plantas em risco de extinção, a ONU alerta para a necessidade de existir um financiamento sustentável.
“A biodiversidade é fundamental para o equilíbrio ecológico”.
Sublinhou o Secretariado da CITES, lembrando que a data coincide com o 50.º aniversário da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), criada em 1973. Este marco histórico destaca avanços e os desafios, como a caça ilegal e a destruição de habitats. Em África, onde a vida selvagem sustenta economias locais, a pressão sobre os ecossistemas é crítica.
O tema escolhido para 2025 explora também mecanismos financeiros inovadores, como swaps de dívida por natureza e pagamentos por serviços ambientais. “Sem investimento, não há conservação efectiva”, afirma o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A meta é mobilizar 824 mil milhões de dólares anuais, valor actualmente bastante distante.
O Dia Mundial da Vida Selvagem

O Dia Mundial da Vida Selvagem, celebrado anualmente a 3 de Março, foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) a 20 de Dezembro de 2013, através da Resolução 68/205. A data coincide com a adopção da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), em 1973.
“A celebração visa aumentar a consciência sobre a importância da biodiversidade”, lê-se no texto da resolução.
Este dia foi criado na 16.ª Conferência das Partes da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, em Março de 2013, por iniciativa da Tailândia que destacou a necessidade de combater crimes ambientais e promover a conservação. A data foi posteriormente proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a 20 de Dezembro de 2013.
A data tornou-se um marco mundial para educar e mobilizar acções contra ameaças como a caça furtiva e a destruição de habitats. Em 2025, o tema “Financiamento da conservação da vida selvagem: Investir nas pessoas e no planeta”. reflecte a urgência de direccionar recursos para salvar espécies em risco.
“Mais de um milhão de espécies estão ameaçadas”.
“É, portanto, uma oportunidade para repensar modelos económicos”.
Explicou Inger Andersen, directora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
O Tema Deste Dia
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Cada ano aborda um tema específico. Em 2023, o foco foi “Parcerias para a Conservação”; em 2022, “Recuperar Espécies-Chave”. A escolha de 2025 marca os 50 anos da CITES e destaca inovações financeiras, como swaps de dívida por natureza. A CITES, com 183 países signatários, regula o comércio de mais de 38.000 espécies, desde elefantes a orquídeas.
“Sem esta convenção, o tráfico ilegal destruiria ecossistemas inteiros”, sublinhou John Scanlon, ex-secretário-geral da CITES.
A comemoração do Dia Mundial da Vida Selvagem envolve governos, organizações não-governamentais (ONG) e cidadãos, com iniciativas que variam desde palestras educativas em escolas até operações policiais contra o tráfico de espécies. Em Angola, o Ministério do Ambiente promove campanhas de reflorestação, integrando comunidades rurais em acções de protecção da vida selvagem.
Estas actividades visam equilibrar a preservação ambiental com o desenvolvimento local. A data, contudo, expõe contrastes entre países. Enquanto o Botswana destina cerca de 40% do seu orçamento nacional à gestão de parques e reservas naturais, outros Estados, como a Guiné Equatorial, carecem de políticas claras para a conservação.
A falta de fiscalização eficaz em certas regiões facilita crimes ambientais, como a exploração ilegal de madeira e o comércio de espécies protegidas.
CITES: 50 Anos de Legado
A Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), adoptada a 3 de Março de 1973, constitui um marco mundial na regulação do comércio da vida selvagem. Com 183 países signatários, a convenção classifica mais de 38.000 espécies em três categorias de protecção, consoante o risco de extinção.
Relatórios recentes, destacam que sem esta convenção, espécies como rinocerontes e tigres poderiam já estar extintas devido à caça furtiva e ao tráfico. Nos últimos 50 anos, a CITES contribuiu para a recuperação de populações de elefantes africanos através da proibição mundial do comércio de marfim em 1989.
No entanto, a caça furtiva persiste em países como o Zimbabwe e o Burkina Fasso, onde redes criminosas operam com elevada sofisticação. Em 2024, por exemplo, autoridades nigerianas apreenderam 30 toneladas de escamas de pangolim, revelando a dimensão transnacional destes crimes.
A eficácia da CITES depende fundamentalmente da cooperação multilateral. Em 2025, o Secretariado da convenção planeia lançar uma plataforma digital para seguir em tempo real o comércio de espécies, utilizando tecnologia de ponta para combater actividades ilegais.
África alberga 65% da vida selvagem mundial, por isso enfrenta desafios únicos. Parques nacionais icónicos, como o Serengeti (Tanzânia) e o Delta do Okavango (Botswana), dependem fortemente do turismo para financiar a conservação. Durante a pandemia de COVID-19, a queda de 90% nas receitas turísticas comprometeu as patrulhas anti-caça e os programas de preservação.
O Acordo Kunming-Montreal, adoptado em 2022, estabeleceu metas ambiciosas, incluindo a protecção de 30% dos ecossistemas terrestres e marinhos até 2030. Contudo, apenas 17% dos países africanos desenvolveram planos concretos para cumprir estas metas, evidenciando lacunas na vontade política e no acesso a recursos financeiros.
A CITES também enfrenta críticas por focar-se desproporcionalmente em espécies “carismáticas”, como elefantes e rinocerontes, em detrimento de plantas e insectos. Os artrópodes representam 70% da biodiversidade mundial, no entanto recebem menos de 1% dos fundos destinados à conservação.
Em resposta, a CITES anunciou a inclusão de 200 novas espécies no seu catálogo, em 2025, como tubarões e orquídeas, reforçando o compromisso com a protecção integral da biodiversidade.
Financiamento

O financiamento insuficiente mantém-se como o principal obstáculo à conservação da vida selvagem. Dados da ONU indicam que, anualmente, são investidos apenas 143 mil milhões de dólares em protecção ambiental, valor que fica aquém dos 824 mil milhões necessários para travar a perda de biodiversidade.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reforça a urgência de multiplicar os recursos por seis para alcançar as metas mundiais. Entre as soluções em expansão destacam-se os swaps de dívida por natureza, mecanismo financeiro que permite a países endividados converter obrigações em acções de conservação.
Em 2023, o Belize tornou-se um caso emblemático ao trocar 553 milhões de dólares de dívida por compromissos de proteger 30% dos seus recifes de coral. Os especialistas do Banco Mundial sugeriram que esse modelo seja replicado em outras nações africanas como Angola e Moçambique, onde a pressão sobre os ecossistemas marinhos e florestais é crítica.
Paralelamente, os Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) ganham relevância, especialmente em contextos comunitários. No Quénia, por exemplo, as populações locais recebem incentivos financeiros para preservar as florestas que garantem o abastecimento de água a regiões áridas. Estima-se que cada árvore conservada gera um retorno anual de 10 dólares, equilibrando subsistência e sustentabilidade.
O sector privado também emerge como um actor fundamental nesta equação. Grandes corporações, incluindo a L’Oréal e a Nestlé, assumiram compromissos públicos para eliminar o desmatamento das suas cadeias de abastecimento até 2025.
A estratégia, segundo as análises de mercado, reflecte não apenas responsabilidade social, mas também uma adaptação às exigências dos consumidores e dos investidores a nível mundial.
Inovações e Parcerias
Inovações tecnológicas, como criptomoedas e tokens não fungíveis (NFTs), começam a ser exploradas para financiar a conservação. Em 2024, uma organização não-governamental sul-africana arrecadou 2 milhões de dólares através da venda de tokens digitais vinculados à protecção dos leões.
A tecnologia blockchain, utilizada nestas transacções, é apontada como ferramenta para garantir a transparência e a origem dos fundos. Apesar destes avanços, 80% do financiamento mundial ainda depende de verbas governamentais e de doações internacionais. Para suprir as lacunas, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) defende a expansão do financiamento a parcerias público-privadas.
Neste contexto, a União Europeia anunciou, para 2025, a criação de um fundo de 20 mil milhões de euros destinado exclusivamente à protecção da biodiversidade. Em África, iniciativas como o Fundo Africano de Vida Selvagem (African Wildlife Foundation) focam-se no fortalecimento das comunidades locais.
Através de programas de formação, as populações rurais são incentivadas a gerir recursos naturais de forma sustentável, garantindo tanto a preservação de espécies como o desenvolvimento económico regional.
Desafios e Soluções
A caça furtiva e o tráfico de espécies selvagens continuam a representar uma ameaça grave para a biodiversidade. Em 2024, o valor de mercado do chifre de rinoceronte atingiu 60.000 dólares por quilo no mercado negro, superando até o preço do ouro.
Este comércio é alimentado por redes criminosas transnacionais que operam com sofisticação comparável a corporações multinacionais, segundo relatórios da Interpol.
A destruição de habitats naturais agrava a crise. Na República Democrática do Congo, estima-se que 500.000 hectares de floresta sejam perdidos anualmente devido a actividades como a exploração madeireira ilegal e a expansão agrícola desregulada. Esta perda coloca em risco espécies emblemáticas, como os chimpanzés, cuja sobrevivência depende directamente da preservação das florestas.
A crise climática intensifica os desafios. Entre 2020 e 2023, secas prolongadas no Corno de África provocaram a morte de 70% da vida selvagem em regiões como o Quénia e a Somália. Vários especialistas destacam a necessidade de adaptar as estratégias de conservação para mitigar os efeitos dos fenómenos climáticos extremos.
As soluções executadas por comunidades locais demonstram a sua eficácia. No Zimbabwe, por exemplo, populações rurais gerem reservas de caça sustentáveis, onde parte dos lucros gerados pelo turismo é reinvestida em projectos comunitários. Este modelo não só reduz conflitos entre humanos e animais, como também promove o desenvolvimento económico regional.
A integração de temas ambientais nos sistemas educacionais é fundamental. Em Angola, as escolas rurais incorporam módulos sobre a conservação da biodiversidade, visando sensibilizar as novas gerações. Programas deste tipo já foram implementados em províncias como a Huíla e Benguela, com foco em espécies locais como a palanca-negra-gigante, o Símbolo Nacional.
A tecnologia surge como aliada na protecção de áreas naturais. No Parque Nacional Kruger, na África do Sul, drones equipados com câmaras térmicas e sensores de movimento detectam actividades suspeitas até 10 quilómetros de distância. Estas ferramentas permitem às equipes de patrulha efectuarem respostas rápidas, aumentando a eficácia na protecção de espécies ameaçadas.
A nível internacional, a pressão para criminalizar danos ambientais ganha força. Em 2025, a Assembleia Geral da ONU discutirá uma proposta de resolução para classificar o ecocídio — destruição em larga escala dos ecossistemas — como crime contra a humanidade. Esta iniciativa visa responsabilizar legalmente Estados e corporações por danos ambientais irreversíveis.
Conclusão
O Dia Mundial da Vida Selvagem 2025 destaca a urgência de financiar a conservação. Mesmo com avanços como a CITES, a falta de recursos ameaça espécies e ecossistemas. O aparecimento de soluções inovadoras, como swaps de dívida e a utilização de criptomoedas, oferecem um foco de esperança.
No entanto, África, o epicentro da biodiversidade, precisa de receber apoio mundial para salvaguardar o meio ambiente. Países como o Zimbabwe e Angola mostram que é possível equilibrar o desenvolvimento com a protecção. Claramente, o futuro da vida selvagem depende de acções colectivas e de investimentos audaciosos.
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Imagem: © 2024 Marc Petrelis