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ToggleBanco Africano de Energia Arranca Este Trimestre
O Banco Africano de Energia (AEB), é uma instituição financeira pan-africana criada para financiar projectos no sector energético, com foco no petróleo e no gás. Surge agora, num momento crítico, em que o continente africano enfrenta um grave défice no acesso à electricidade, deixando mais de 600 milhões de pessoas sem energia.
A iniciativa, anunciada oficialmente a 17 de Maio de 2022, responde directamente à redução de investimentos em combustíveis fósseis, consequência da crescente pressão global para a adopção de fontes renováveis.
O banco resultou de uma parceria entre o Banco Africano de Importação-Exportação (Afreximbank) e a Organização Africana de Produtores de Petróleo (APPO), com sede na Nigéria. Denys Denya, vice-presidente do Afreximbank, confirmou que as operações estão confirmadas para se iniciarem em 2025.
“Definitivamente começaremos a negociar este ano”.
“Esperamos poder começar a negociar antes do fim deste trimestre”.
A criação desta instituição reflecte um paradoxo: enquanto o mundo avança para energias limpas, África procura garantir o desenvolvimento económico através dos seus recursos naturais. Com uma lacuna de financiamento estimada entre 31 mil milhões e 50 mil milhões USD, o continente recebe menos de 3% do investimento mundial em energia.
O novo banco surge como uma alternativa aos financiamentos internacionais, cada vez mais restritos a projectos fósseis.
Estrutura e Financiamento
O Banco Africano de Energia (AEB) arrancará com um capital inicial de 5 mil milhões USD, dividido em três fontes principais. Cada país membro contribuirá com pelo menos 83 milhões USD, totalizando 1,5 mil milhões USD. O Afreximbank e a APPO igualarão este valor, somando 3 mil milhões USD. Os restantes 2 mil milhões serão captados junto de investidores externos, como fundos soberanos do Médio Oriente.
A Nigéria, sede da instituição, já confirmou o seu apoio, assim como Angola e África do Sul. Denys Denya destacou que as conversações com estes países estão avançadas.
“Actualmente, a lacuna de financiamento de energia em África está estimada entre 31 e 50 mil milhões de dólares”, reforçou.
O modelo de financiamento inclui empréstimos flexíveis e soluções personalizadas, adaptadas às realidades locais. A prioridade será projectos de infraestruturas energéticas capazes de aumentar a produção e distribuição de electricidade, especialmente em zonas rurais.
Desafios Ambientais
Apesar do entusiasmo, o foco do Banco Africano de Energia (AEB) nos combustíveis fósseis, gera controvérsia. Vários grupos ambientalistas já criticam a iniciativa, argumentando que financiar petróleo e gás agrava o aquecimento global. Grandes bancos internacionais, pressionados por estes grupos, reduziram investimentos no sector nos últimos anos.
A APPO defende que a transição energética mundial não pode ignorar as necessidades imediatas de África.
“Mais de 600 milhões de africanos vivem sem electricidade”.
“Como podemos falar em energias renováveis se nem temos energia básica?”.
Questionou um representante da organização em declarações não oficiais. O banco promete equilibrar os projectos fósseis com futuros investimentos em energias limpas, mas a estratégia concreta ainda não foi detalhada. Enquanto isso, países como a Argélia e a Líbia apoiam a iniciativa, vista como vital para a independência energética do continente.
Conclusão
O Banco Africano de Energia (AEB) representa um marco na busca por autonomia financeira e energética em África. Ao desafiar as tendências mundiais, o continente reafirma o direito de explorar os seus recursos para combater a pobreza energética.
Contudo, o sucesso dependerá da capacidade de atrair investidores e gerir críticas ambientais. Se bem-sucedido, o banco poderá transformar o panorama energético africano, garantindo acesso à electricidade a milhões e impulsionando economias locais.
O Banco Africano de Energia (AEB) é uma proposta “anti-clima” concordas com a sua criação? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.
Imagem: © 2016 DR