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Domingo, Agosto 10, 2025

Moçambique: Mpox Com Mais 2 Casos Em Maputo

A Mpox, vulgarmente conhecida como varíola dos macacos, está a crescer em incidência em Moçambique colocando à prova as capacidades locais de vigilância epidemiológica e resposta sanitária. As consequências sociais, económicas e psicológicas que o surto pode gerar, podem ser muito graves caso o surto não seja devidamente controlado.

Moçambique: Mpox Com Mais 2 Casos Em Maputo


Foram registados mais dois casos de Mpox em Moçambique, nas últimas 24 horas. Os casos foram confirmados na Matola, província de Maputo. Houve ainda registo de 24 novos casos suspeitos no mesmo período, entre a cidade e a província de Maputo, bem como nas províncias de Niassa, Tete, Zambézia e Manica, estando 89 casos a serem seguidos pelas autoridades de saúde.

A Mpox tem gerado muitos receios em Moçambique, já que segundo os dados da Direcção Nacional de Saúde Pública, entre 11 de Julho e 06 de Agosto de 2025, foram identificados 33 casos positivos e 222 suspeitos, mas sem registo de óbitos até ao momento. O epicentro do surto é a província do Niassa, no norte do país.

A Mpox é uma doença viral zoonótica, identificada pela primeira vez em 1970 na República Democrática do Congo (RDC) e que nos últimos tempos tem ganho nova expressão, particularmente na África Austral. Com transmissão directa de pessoa para pessoa e sintomas que vão desde febres, lesões cutâneas a dores musculares e mal-estar generalizado.


Mpox em Moçambique


De acordo com os dados oficiais mais recentes, a província do Niassa concentra a maioria dos casos positivos — um total de 28 — enquanto Manica regista dois casos e a província de Maputo contabiliza três. Nas últimas 24 horas, dois novos casos foram confirmados na cidade da Matola, província de Maputo, elevando o número total de positivos para 33.

Além disso, 24 novos casos suspeitos foram registados em diferentes pontos do país, com destaque para as províncias de Tete, Zambézia e Manica. Estão actualmente sob vigilância 89 casos, num processo coordenado pelas autoridades sanitárias.

O Governo moçambicano assegura que o país está tecnicamente preparado para enfrentar o surto de Mpox. Segundo o coordenador do Centro Operativo de Emergências em Saúde Pública (COESP), o país dispõe de capacidade para realizar 4.000 testes localmente, distribuídos por laboratórios de saúde pública em todas as capitais provinciais.

Já foram utilizados mais de 160 testes durante o presente surto e há mil reagentes reservados para a análise das estirpes do vírus. Esta evolução representa um salto qualitativo face a 2022, ano em que foi detectado o primeiro caso no país, sem registo de alastramento significativo.


Prevenção e Controle


Face à expansão da doença, a Governadora da Província de Manica, Francisca Tomás, apelou à população para adoptar comportamentos prudentes, semelhantes aos utilizados durante a pandemia da covid-19. Entre as recomendações destacam-se: evitar apertos de mão, manter a higiene pessoal e colectiva, lavar frequentemente as mãos e isolar os doentes confirmados.

Também é recomendada a utilização de máscaras em contextos de convivência com indivíduos infectados. As autoridades reiteram a necessidade de prevenir em vez de remediar, sublinhando que as medidas básicas de higiene continuam a ser a primeira linha de defesa contra a disseminação da Mpox.

Apesar do aumento de casos, o Director Nacional de Saúde Pública de Moçambique, Quinhas Fernandes, apelou à serenidade e à confiança nas autoridades sanitárias. Em conferência de imprensa, o dirigente salientou a importância de evitar o pânico e, sobretudo, de não estigmatizar os infectados.

“É importante não discriminar os pacientes que tenham Mpox”.

Afirmou Quinhas Fernandes, sublinhando que a comunicação responsável e a empatia são fundamentais para o sucesso da resposta sanitária. Segundo Quinhas Fernandes, o número de casos suspeitos tende a aumentar, mas este facto deve ser encarado como uma consequência directa do reforço da vigilância epidemiológica e da expansão da capacidade de testagem no país.

Assim, é natural que mais casos sejam detectados, o que representa, paradoxalmente, um sinal positivo da eficácia dos mecanismos de controlo implementados.


A Resposta do Governo


Com o objectivo de travar uma eventual propagação em larga escala, o Governo moçambicano anunciou que vai receber em Setembro um lote de vacinas contra a Mpox. Estas serão utilizadas em contextos de prevenção, aconselhamento e resposta rápida a surtos localizados.

A chegada das vacinas representa uma etapa importante na consolidação da estratégia nacional de combate à doença, complementando as acções já em curso, como o rastreio comunitário, a vigilância fronteiriça e o reforço dos testes laboratoriais.

As equipas de rastreio foram destacadas para os principais postos fronteiriços do país, numa tentativa de identificar precocemente casos suspeitos e impedir a sua entrada ou disseminação interna. Esta vigilância é crucial para conter o vírus, especialmente tendo em conta a mobilidade transfronteiriça que caracteriza as regiões do Niassa e da Manica.

A Mpox, embora ainda sem letalidade registada em Moçambique, possui implicações que vão além da saúde individual. Pode afectar negativamente a economia local, os sistemas educativos (caso haja necessidade de isolamento prolongado de estudantes) e aumentar o peso sobre um já fragilizado sistema nacional de saúde.

As famílias com membros infectados enfrentam desafios acrescidos, desde a estigmatização até à perda de rendimentos por ausência laboral. É, por isso, essencial que o combate à doença não se limite ao campo médico, mas envolva uma abordagem intersectorial, integrando a sociedade civil, o sector privado e os parceiros internacionais.


Conclusão


A evolução da Mpox em Moçambique exige vigilância constante, capacidade de resposta célere e, acima de tudo, coesão social. O reforço da capacidade laboratorial, o aumento da vigilância comunitária, a chegada das vacinas e a aposta na comunicação clara e humanizada são marcos positivos de uma resposta coordenada.

O sucesso dependerá da participação activa da população, da não estigmatização dos doentes e da manutenção de boas práticas de higiene e isolamento quando necessário. Moçambique, tal como muitos outros países africanos, encontra-se numa encruzilhada sanitária: ou actua com firmeza e racionalidade, ou arrisca-se a ver a Mpox transformar-se numa crise mais complexa e prolongada.

 


Achas que Moçambique vai conseguir combater este surto de Mpox?  Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2024 Moise Kasereka
Francisco Lopes-Santos

Atleta Olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados, um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes, além de vários cursos de especialização em diversas áreas. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

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Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santoshttp://xesko.webs.com
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