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Sábado, Agosto 2, 2025

Evitar Mortes De Crianças Em África Até 2030

Representantes governamentais e outros parceiros apelaram para serem criadas acções audazes para reforçar a liderança regional, estabelecer mecanismos sólidos de responsabilização, enfrentar as desigualdades e mobilizar financiamento sustentável para acabar com as mortes evitáveis de crianças com menos de cinco anos até 2030.

Evitar Mortes De Crianças Em África Até 2030


Milhões de crianças morrem todos os anos no mundo. Infelizmente, é no continente africano, onde ocorrem mais mortes apesar de África, na sua trajectória de inovações, estar a atravessar um momento importante rumo à melhoria da saúde materno-infantil.

Mesmo com os avanços registados nas últimas décadas, o peso da mortalidade infantil ainda recai fortemente sobre África, onde milhões de crianças continuam a morrer anualmente por causas evitáveis.

A urgência de uma acção coordenada e sustentada levou à realização do Fórum de Inovação e Acção para a Imunização e Sobrevivência Infantil 2025, em Maputo, Moçambique. Nesse evento histórico, os países africanos reafirmaram os seus compromissos, apelaram a acções corajosas e definiram estratégias concretas para proteger as futuras gerações do continente.


Os Desafios de África


Imagem © 2025 Global Health Strategie (20250801) Evitar As Mortes De Crianças Em África Até 2030

Os países africanos assumiram compromissos corajosos para enfrentar a crise de mortalidade materno-infantil no continente, num momento em que um panorama de saúde preocupante, como a redução de recursos, as mudanças climáticas e os conflitos armados, ameaçam reverter décadas de progresso na saúde infantil.

Quase cinco milhões de crianças morrem de causas evitáveis antes dos cinco anos de idade todos os anos. Cerca de 60 por cento destas mortes ocorrem em África, muitas delas provocadas por doenças infecciosas como pneumonia, diarreia, malária e meningite. Isto acontece apesar da existência de intervenções comprovadas, como as vacinas, que salvaram 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos.

Com o prazo de cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030 a aproximar-se, os governos africanos estão agora a redobrar os seus compromissos para acabar com as mortes evitáveis de crianças com menos de cinco anos, tal como previsto nas metas globais para os próximos cinco anos.

Durante o Fórum, representantes de vários países africanos juntaram-se aos Governos co-anfitriões de Moçambique e da Serra Leoa, bem como a outros parceiros como o Governo de Espanha, a Fundação “la Caixa”, a Fundação Gates e a UNICEF, para partilharem os seus compromissos em dar prioridade, acima de todos os outros assuntos, à sobrevivência infantil.

Ao discursar durante a cerimónia oficial de abertura, Daniel Chapo, o Presidente da República de Moçambique, afirmou:

“A Convenção sobre os Direitos da Criança estabelece que todas as crianças têm o direito de sobreviver e crescer com saúde”.

É preciso lembrar que Moçambique registou avanços notáveis na protecção desses direitos, reduzindo a mortalidade infantil de 201 para 60 por cada 1.000 nascidos vivos, entre 1997 e 2022. Estes progressos são fruto de décadas de investimentos estruturais na saúde materna e infantil – um dos pilares fundamentais do Plano Quinquenal do Governo 2025–2029.


Um Apelo Urgente


Imagem © 2025 Global Health Strategie (20250801) Evitar As Mortes De Crianças Em África Até 2030

Apesar destes progressos encorajadores, África continua a ser o continente em que a maioria dos países estão fora da trajectória para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Tendo isso em conta, representantes governamentais e outros parceiros, apelaram a acções audazes para reforçar a liderança regional, estabelecer mecanismos sólidos de responsabilização, enfrentar as desigualdades e mobilizar financiamento sustentável.

O Ministro da Saúde da Serra Leoa, Dr. Austin Demby, destacou que o Fórum representou um momento crucial para África, constituindo uma oportunidade ímpar para afirmar a resistência do continente e fortalecer uma liderança africana determinada, sublinhando que o encontro não se limitou à identificação de obstáculos, mas antes pretendeu impulsionar acções concretas que salvem vidas.

África dispõe das ferramentas essenciais — incluindo vacinas, diagnósticos, tratamentos e conhecimento científico — pelo que agora é fundamental garantir compromisso político, acesso adequado aos serviços, cuidados atempados e investimentos sustentados em todas as fases do sistema de saúde.

Dessa forma, pretende-se acelerar o progresso rumo a um futuro mais justo e saudável para todas as crianças africanas. Ao longo dos três dias de trabalhos, diversos intervenientes realçaram a necessidade de aprofundar a colaboração entre sectores, reforçar o financiamento dos cuidados de saúde primários e promover uma integração eficaz dos serviços voltados para a sobrevivência infantil.

O Ministro da Saúde de Moçambique, Dr. Ussene Isse, defendeu que é prioritário apostar em intervenções com elevado impacto e retorno, bem como na mobilização articulada de recursos. Na sua perspectiva, tais medidas não só beneficiarão directamente as famílias e as comunidades, como terão efeitos positivos para o crescimento económico e para a estabilidade do continente africano no seu todo.


O Compromisso


Imagem © 2025 Global Health Strategie (20250801) Evitar As Mortes De Crianças Em África Até 2030

Reconhecendo a urgente necessidade de dar prioridade às comunidades mais vulneráveis e marginalizadas, com o conjunto completo de intervenções para a saúde materna e sobrevivência infantil, abrangendo cuidados primários de saúde, imunização, nutrição e programas de prevenção de doenças, os países e os seus parceiros uniram-se numa chamada conjunta à acção e compromissos para:

  • Fortalecer a liderança regional:

Promover parcerias entre organizações nacionais e regionais de saúde, incluindo a União Africana, os Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC), a Organização da Saúde da África Ocidental (WAHO), a Comunidade de Saúde da África Oriental, Central e Austral (ECSA-HC) e outros intervenientes com capacidade para contribuir para a sobrevivência infantil.

  • Estabelecer uma responsabilização robusta:

Garantir que os governos, os seus parceiros e a sociedade civil sejam responsabilizados pelos seus compromissos em relação à sobrevivência infantil a nível nacional, regional e global, reportando os progressos regularmente.

  • Abordar as desigualdades:

Focar nas crianças mais vulneráveis, especialmente na África Subsariana, removendo barreiras ao acesso aos cuidados, melhorando a educação materna e enfrentando factores de risco como a desnutrição, falta de acesso a água segura, saneamento e higiene e poluição do ar, especialmente no ambiente doméstico.

  • Mobilizar financiamento sustentável:

Aumentar o financiamento doméstico e internacional para a sobrevivência infantil, dando prioridade a intervenções custo-efectivas e produtos essenciais para salvar vidas que fortaleçam os sistemas de saúde, assegurando soluções financeiras sustentáveis para alcançar os grupos mais vulneráveis, incluindo estados frágeis e afectados por conflitos armados.

E, acima de tudo, garantir que estes recursos sejam flexíveis para reduzir a fragmentação e direccionar fundos onde e quando forem mais necessários.

  • Investir nos Cuidados Primários de Saúde (CPS):

Incrementar o investimento nacional em sistemas resistentes de CPS, incluindo ao nível comunitário. Isso inclui assegurar a continuidade do cuidado, sistemas de referência apropriados e qualidade nos cuidados primários e de referência.

Equipar as unidades de saúde com ferramentas diagnósticas e medicamentos essenciais para a pneumonia, malária e diarreia, assim como fontes de energia sustentáveis e internet para apoiar diagnósticos, terapêuticas e partilha de dados.

Fortalecer parcerias multissectoriais e formar profissionais de saúde para diagnosticar e tratar rapidamente infecções infantis e prevenir a desnutrição.

  • Investir decisivamente na prevenção:

Preparar a resposta das emergências de saúde pública, especialmente à cólera, como prioridade estratégica, incluindo fortalecer a coordenação multissectorial, o financiamento doméstico, infra-estruturas de WASH (água, saneamento e higiene), fornecimentos críticos, envolvimento comunitário e acesso humanitário.

Sem esse investimento, os serviços de saúde rotineiros permanecerão vulneráveis a interrupções repetidas e graves.

  • Acelerar a cobertura vacinal:

Alcançar e manter uma cobertura superior a 90% das vacinas que salvam vidas, incluindo a vacina conjugada pneumocócica (PCV), difteria, tétano e tosse convulsa (DTP), sarampo, rotavírus, malária, meningite e febre tifóide.

Dar prioridade às crianças zero-dose, integrando a vacinação com nutrição e outros serviços de saúde infantil de alto impacto — com parcerias que facilitem a colaboração intersectorial — para alcançar as crianças mais vulneráveis.

  • Integrar a prestação dos serviços:

Melhorar os serviços de sobrevivência infantil para o acesso, aceitação e custo-efectividade. Explorar oportunidades para entregar intervenções e inovações de sobrevivência infantil através de plataformas comunitárias existentes e identificar onde pode ocorrer o cuidado contínuo entre os serviços de saúde materna, neonatal e infantil.

  • Aprimorar a vigilância e a inovação:

Aproveitar dados de iniciativas como a Rede de Vigilância da Saúde Infantil e Prevenção da Mortalidade (CHAMPS) para antecipar e responder às tendências epidemiológicas, informar intervenções direccionadas e acelerar o desenvolvimento e a implementação de novas ferramentas.

“Temos uma responsabilidade partilhada de garantir que cada criança tenha a oportunidade de viver e prosperar”, afirmou Theo Sowa, Presidente do Fórum.

Ao assumir estes compromissos com as crianças de África, os governos, parceiros e a sociedade civil, devem responsabilizar-se mutuamente por estas promessas, a nível nacional, regional e global, reportando regularmente os progressos e a agir de forma decisiva para suprir as lacunas na sobrevivência infantil, para que nenhuma criança morra de uma doença infecciosa evitável.


O Fórum


O Fórum de Inovação e Acção para a Imunização e Sobrevivência Infantil 2025 reuniu participantes de diversos países seleccionados da África Subsariana e de outras regiões, incluindo altos responsáveis dos ministérios da saúde, agências de desenvolvimento, doadores, academia, sociedade civil e sector privado.

O encontro centrou-se em ferramentas novas e subutilizadas para promover avanços na sobrevivência infantil, estratégias mais eficazes de mitigação de riscos e vigilância de doenças infecciosas, modelos mais eficientes de prestação de serviços, a necessidade de processos sólidos de definição de prioridades bem como em opções inovadoras de financiamento para a sobrevivência infantil.


Conclusão


A missão de garantir a sobrevivência das crianças africanas passa, mais do que nunca, por acção concertada, alianças sólidas e compromissos práticos. Os resultados do Fórum de Maputo mostram que existe vontade política, conhecimento científico e experiência para mudar o rumo das estatísticas.

Cabe agora aos governos, às instituições parceiras e à sociedade civil transformar promessas em acções concretas, com foco nas crianças mais vulneráveis. Porque nenhuma vida infantil deveria ser perdida por razões evitáveis.

 


O que achas deste fórum sobre as crianças que se realizou em Moçambique? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Governo de Moçambique
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