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ToggleAngola: OMS Reforça Resposta a Surto de Cólera
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apoia o governo angolano na mobilização de recursos e no reforço da vigilância epidemiológica. De acordo com a OMS, os conflitos, os deslocamentos em massa, as catástrofes naturais e as alterações climáticas estão a agravar os surtos de cólera em várias partes do mundo.
Em Janeiro de 2025, foram notificados 34.799 novos casos de cólera e/ou diarreia aquosa aguda em 19 países e territórios.
Angola Regista 4.235 Casos e 150 Mortes
Angola é a região africana que tem sido a mais afectada, seguida pelo Mediterrâneo Oriental e pelo Sudeste Asiático. Em Angola, o surto de cólera já atingiu 10 províncias, com um total de 4.235 casos e 150 mortes. Zonas rurais afectadas pelas cheias são especialmente vulneráveis, devido à dificuldade de acesso a cuidados de saúde atempados.
O enfermeiro Celestino Mbambali, do município de Cabiri, província de Icolo e Bengo, tem sido um exemplo de dedicação ao reportar casos suspeitos às autoridades sanitárias. Até ao momento, a sua comunidade registou 512 casos e 19 mortes.
Consciencialização Porta a Porta
Ao ouvir na rádio sobre o surto de cólera, Mbambali iniciou uma intensa campanha de consciencialização porta a porta, alertando todos sobre a importância de beber água tratada, lavar as mãos e manusear alimentos de forma segura. O enfermeiro já atendeu 16 casos suspeitos de cólera, dos quais 10 foram confirmados.
“Graças ao apoio das autoridades de saúde, todos os pacientes tiveram acesso rápido ao tratamento e voltaram para casa vivos”, afirmou.
Para ajudar a sua comunidade, criou um espaço improvisado ao lado da sua casa, onde oferece primeiros socorros a vizinhos, evitando que tenham de percorrer longas distâncias para receber atendimento médico. Conhecido como “salva-vidas”, ele considera que cuidar da comunidade é um dever e um privilégio.
Contenção da Propagação da Cólera
O representante da OMS em Angola, Zabulon Yoti, afirmou que a organização tem trabalhado em estreita colaboração com o Ministério da Saúde para travar a propagação da doença. O envolvimento de voluntários comunitários tem sido essencial para salvar vidas, sobretudo em áreas distantes dos centros de saúde.
Através da abordagem comunitária, a OMS tem facilitado a implementação do Plano Nacional de Resposta à Cólera, mobilizando recursos humanos e materiais para as províncias afectadas e reforçando a vigilância epidemiológica.
Além disso, foram capacitados mobilizadores comunitários em estratégias eficazes de comunicação sobre higiene, saneamento e detecção precoce de casos. Esta coordenação tem permitido identificar, encaminhar e tratar rapidamente os casos suspeitos, reduzindo a mortalidade da doença.
Produção Insuficiente de Vacinas
O trabalho de Celestino Mbambali demonstra o impacto que um indivíduo pode ter na protecção da sua comunidade, mas também evidencia a necessidade de uma resposta coordenada entre autoridades locais, organizações internacionais e a sociedade civil.
Os dados de Janeiro divulgados pela OMS indicam uma redução de 27% no número de casos e de 33% nas mortes em relação ao mês anterior. Essa queda pode estar associada à diminuição sazonal da transmissão durante os meses de Inverno.
Em Janeiro, a produção de vacinas orais contra a cólera atingiu 6,2 milhões de doses, reflectindo um esforço significativo dos fornecedores. No entanto, a produção actual ainda não consegue responder à crescente procura mundial pelo imunizante.
Com a procura a superar a oferta, a capacidade dos países para controlar surtos, responder rapidamente à propagação da doença e implementar campanhas preventivas continua limitada.
Imagem: © Jospin Benekire / Unicef