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Toggle40.ª Edição da FILDA, Em 2025, Com Novo Nome
A Feira Internacional de Angola (FILDA) decorrerá de 22 a 27 de Julho de 2025 na Zona Económica Especial (ZEE) da província de Icolo e Bengo e participarão, na edição deste ano, 1182 empresas de 16 países. Portugal já confirmou a participação com um pavilhão, onde estarão representadas vinte e quatro empresas.
A mudança de designação resulta directamente da nova divisão político-administrativa do país, conforme anunciado pelo ministro Rui Miguêns esta quinta-feira em Luanda, durante uma conferência de imprensa.
Apesar da transição para “Feira Internacional de Angola”, a sigla FILDA permanece como reconhecimento do legado histórico do evento, consolidando a independência económica do país, alinhando-se desta forma com as celebrações dos cinquenta anos da independência nacional.
A edição de 2025 marca a primeira realização fora da capital angolana, na província de Icolo e Bengo que acolherá assim o maior evento empresarial do país. 93% dos expositores são empresas angolanas, representando esta percentagem uma inversão face às edições anteriores.
O lema “50 anos, a consolidar a independência económica” vai ser a linha condutora das actividades, com o Salão da Cultura Angolana a destacar manifestações artísticas das vinte e uma províncias. Entre as novidades, consta-se um pavilhão exclusivo, para o sector automóvel. O transporte para o local, terá preços acessíveis e, a entrada para os menores de idade, será gratuita.
Contexto da Mudança
A reclassificação territorial integrou o recinto da feira em Icolo e Bengo, motivando a transição onomástica para “Feira Internacional de Angola”. O governo angolano justificou a alteração pela abrangência nacional do evento e O ministro Rui Miguêns sublinhou que a manutenção da sigla FILDA honra o valor simbólico acumulado em quatro décadas.
A Arena Eventos, a organizadora da feira, já confirmou 1182 empresas participantes. 16 países marcarão presença, incluindo o Brasil, a Turquia e a Coreia do Sul que estão entre os participantes internacionais, bem com os Estados Unidos e o Canadá a manifestarem interesse em juntarem-se à lista.
A predominância de expositores angolanos reflecte a industrialização local com 93% de empresas confirmadas e os sectores como a agricultura e a indústria transformadora estão à frente das inscrições. Esta configuração espelha a viragem estratégica para o protagonismo nacional o que contrasta com o passado onde os expositores eram na sua maioria estrangeiros.
O Salão da Cultura Angolana emergirá como núcleo criativo, exibindo manifestações artísticas como pintura, literatura e música das vinte e uma províncias durante os seis dias do evento celebrando assim o quinquagésimo aniversário da independência nacional.
A novidade do pavilhão exclusivo, dedicado ao sector automóvel, reunirá marcas internacionais, respondendo ao crescimento do mercado interno, apresentando novidades tecnologias, soluções de mobilidade e criando uma plataforma para novas parcerias industriais.
A organização garantiu transporte público a preços simbólicos, com os autocarros a ligarem as zonas populacionais de Luanda ao recinto da feira e as crianças até aos doze anos a terem acesso gratuito ao evento. Estas medidas visam democratizar o acesso ao maior evento empresarial de Angola.
Quatro Décadas de Legado
A FILDA nasceu em 1983 como vitrina económica do pós-independência. O evento sobreviveu à guerra civil (1975-2002), mantendo edições anuais excepto entre 1993-1999, consolidando-se como a principal plataforma de negócios de Angola durante os anos 90. A retoma total ocorreu em 2003, coincidindo com a estabilização do país.
Nos anos 2000, a feira impulsionou parcerias com Portugal, Brasil e China. O pico de participação internacional ocorreu em 2012, com 72% dos expositores a serem estrangeiros, no entanto a crise petrolífera (2014-2017) reduziu a presença global para 40%. No entanto, a edição de 2025 marca o regresso ao protagonismo nacional.
A localização em Luanda reflectia o centralismo económico herdado do colonialismo, alinhando-se a mudança para Icolo e Bengo ao Plano Nacional de Descentralização (2020) em que a criação da ZEE em 2022 surge para diversificar a economia para além do petróleo.
O ministro Rui Miguêns destacou que a sigla FILDA permanece como reconhecimento do seu capital histórico, simbolizando 9.200 acordos comerciais assinados em quatro décadas e de lançamentos emblemáticos como o caso de produtos emblemáticos da Unitel e da Sonangol durante a feira.
A feira testemunhou a evolução da economia angolana de planificada para mista, com a primeira edição a contar com apenas 34 empresas estatais e 12 privadas. O sector agrícola dominou as exposições até ao início dos anos 90, no entanto o investimento no petróleo trouxe ao país uma série de investidores mundiais.
A década de 2010 viu o surgimento de startups tecnológicas na FILDA, como a Angola Cables que apresentou o cabo SACS em 2016, ligando o país ao Brasil. A feira tornou-se também palco para o lançamento de políticas industriais, como o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2027 que foi anunciado na edição de 2017.
A FILDA também enfrentou críticas por elitismo no acesso, durante os anos 2000, com as entradas a custava 100 dólares, limitando assim a participação popular. A partir de 2019, a organização adoptou por criar entradas gratuitas para estudantes, democratizando o evento, atraindo 15.000 visitantes em 2023.
Impacto Geopolítico
A FILDA é o terceiro maior evento comercial da África Austral, após a Feira de Joanesburgo e da Zâmbia, tendo catapultado Angola para o 4.º lugar em exportações africanas em 2024 (segundo dados do Afreximbank), com crescimentos de 130% nos minerais e no gás.
A feira fortalece a integração regional materializando-se através dos 30% de expositores da SADC, incluindo parceiros históricos como a Zâmbia e a Namíbia que participam desde 1991 e com o pavilhão português a existir já há 28 anos consecutivos.
O Salão da Cultura visa combater a fuga de talentos para a Europa e a América do Sul e responde à Estratégia de Salvaguarda do Património (2023). Artistas como António Ole e Yonamine já expuseram em edições anteriores, onde apresentaram obras de referência.
A nova localização na ZEE, vem reforçar a cooperação transfronteiriça com a RDC, já que a província de Icolo e Bengo partilha 150 km de fronteira com esse país. As empresas congolesas representam 12% dos expositores internacionais e o governo angolano prevê duplicar assim o comércio bilateral até 2027.
A presença da Turquia e da Indonésia reflecte a diplomacia económica Sul-Sul consolidada por acordos como o da barragem de Caculo Cabaça, cujo acordo de construção, foi assinado na FILDA 2018. Os dois países investem em infraestruturas angolanas desde 2015 e a feira oferece um palco privilegiado para anunciar novos investimentos.
A Coreia do Sul traz a tecnologia para o sector agrícola angolano e empresas como a Hyundai exibirão maquinário adaptado aos solos africanos. Esta cooperação reduz a dependência de importações europeias, estimado o ministério da Agricultura, ganhos de produtividade na casa dos 40%.
A União Europeia também mantém um pavilhão colectivo desde 2009, com a delegação deste ano encabeçada pela Alemanha e pela França, os principais parceiros comerciais de Angola. Os acordos de pesca e de processamento de madeira dominam as negociações, no entanto a e edição de 2025 focar-se-á em energias renováveis e formação profissional
Impacto Económico
O Afreximbank confirma que Angola se encontra entre os cinco maiores exportadores africanos, com as trocas comerciais regionais a crescerem mais 12% em 2024 devido a um crescimento nos minerais e no gás na casa dos 130%. A África do Sul está na frente do comércio intra-continental com 35 mil milhões de euros de investimento.
A FILDA funciona assim, como alavanca para a integração económica regional, com a participação de países da SADC facilitando as cadeias de valor, promovendo ligações entre empresários da África Austral e reforçando a economia do espaço comunitário.
Os pavilhões internacionais ocuparão 30% da área da exposição com Portugal a apresentar o maior pavilhão, com um espaço de trezentos metros quadrados. A AICEP coordena a participação das vinte e quatro empresas lusas, mantendo a tradição da cooperação bilateral.
O crescimento do sector não-petrolífero impulsiona as exportações, com os diamantes, café e pescas a registaram aumentos superiores a 50%. O governo angolano atribui esse sucesso aos incentivos fiscais da ZEE e, a diversificação, reduz a vulnerabilidade às flutuações do petróleo.
A feira gerou 1.2 mil milhões de dólares em negócios em 2024, representando este valor, 8% do investimento estrangeiro directo do país. Os sectores da construção e das telecomunicações captaram 60% dos fundos, prevendo a edição de 2025 superar estes números.
O aumento de empresas angolanas reflecte a política de substituição das importações, com a produção local de cimentos e materiais de construção a triplicarem desde 2020. A FILDA serve ainda como vitrina para os produtos “Made in Angola”, o selo de qualidade nacional que desde 2023, certifica 342 empresas nacionais.
A participação feminina no evento atinge 38% dos expositores, superando a média africana de 25% em feiras empresariais. O pavilhão das mulheres empreendedoras, uma iniciativa apoiada pelo Programa de Desenvolvimento da ONU, duplicou de tamanho desde 2022.
Conclusão
A FILDA consolida a sua transição para Feira Internacional de Angola, após quatro décadas de história. A mudança geográfica e nominal reflecte a maturidade económica do país a e expansão geográfica e estratégica do evento. A manutenção da sigla histórica preserva o legado de 9.200 acordos comerciais.
A edição de 2025 testemunha o crescimento do sector produtivo nacional e a integração regional. A predominância de expositores angolanos demonstra os frutos da diversificação económica, afirmando Angola como a hub comercial por excelência, na África Austral.
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Imagem: © 2025 Governo de Angola