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ToggleBruxelas e Roma Apostam no Corredor do Lobito
O Corredor do Lobito foi destacado hoje em Roma, na cimeira sobre cooperação com África co-organizada pela Comissão Europeia e pelo Governo italiano que afirmaram o seu empenho em mobilizar investimentos transformadores ao longo de corredores económicos estratégicos.
Visão Estratégica
O projecto ferroviário, do Corredor do Lobito, assinado por Angola, Zâmbia e RDC com parceiros internacionais, visa criar uma artéria comercial vital para a África Austral. A declaração conjunta na cimeira, sublinhou o seu potencial como motor de desenvolvimento sustentável.
“Esforços colectivos, incluindo a assinatura de um memorando de entendimento asseguram que o Corredor está posicionado como um vector de desenvolvimento sustentável de elevado impacto”.
lê-se numa declaração conjunta divulgada no final da cimeira, pela Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen e pelo gabinete da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, sob o Memorando de Entendimento assinado por Angola, Zâmbia, República Democrática do Congo (RDC), União Europeia (UE), Itália, EUA, Banco Africano de Desenvolvimento e a Corporação Financeira Africana.
Na sua intervenção na cimeira, Von der Leyen apontou o Corredor do Lobito como o “melhor exemplo” prático das vantagens que podem resultar do reforço da cooperação e parceria entre a Europa e África.
Este projecto de estrutura ferroviária de 1.300 quilómetros que ligará Angola e a Zâmbia através da RDC, criando um centro logístico regional para o transporte de minerais e produtos agrícolas, foi também destacado quer na declaração conjunta de Bruxelas e Roma, quer nas declarações finais dos líderes à imprensa.
“O Corredor do Lobito é reconhecido como um projecto regional transformador”.
“Além de um projecto de desenvolvimento ferroviário, é também um corredor económico mais amplo que ligará as regiões da África Austral”.
“Regiões que são ricas em recursos naturais e não tem litoral para se ligarem aos mercados mundiais, incluindo a Europa”.
Os dirigentes presentes na cimeira de Roma reafirmaram a sua intenção de acelerar os investimentos em sectores interligados, incluindo as infra-estruturas de transporte, os sistemas energéticos, as cadeias de valor agrícolas e a facilitação do comércio.
O Financiamento
Congratulando-se com o que dizem ser “o crescente alinhamento entre o Global Gateway e o Plano Mattei” – as estratégias para cooperação com África promovidas, respectivamente, pela UE e por Itália – Von der Leyen e Meloni salientaram a importância de existir uma coordenação reforçada com as instituições financeiras internacionais.
Por outro lado, também reconheceram o papel fundamental do sector privado na concretização da próxima fase do Corredor do Lobito, sublinhando a importância de investimentos escaláveis, alinhados com o clima e comercialmente viáveis.
Na conferência de imprensa final, sem direito a perguntas e na qual estiveram presentes Meloni, Von der Leyen e o presidente da Comissão da União Africana, Ali Youssouf, a primeira-ministra italiana realçou que o sucesso da iniciativa do Corredor do Lobito – um desafio ambicioso e seguramente complexo – depende não só da vontade política, mas também da capacidade de envolver o mundo dos privados.
“O desafio para nós é que África possa crescer e prosperar partindo da sua riqueza”.
Declarou Meloni que promoveu o Plano Mattei que tem como objectivo limitar a imigração oriunda de África ajudando a economia do continente na espectativa de que esta estratégia de investimento ajude a combater as causas que levam tantos jovens a pagar a organizações criminosas para enfrentar viagens perigosas em busca de uma vida melhor noutros locais e, em particular, na Europa
A iniciativa Global Gateway (Portal de Entrada Global), é um pacote de investimento de 150 mil milhões de euros lançado em 2022 pela EU. O valor global dos compromissos partilhados entre a UE e a Itália para com o continente africano anunciados na cimeira de hoje, durante a qual foram assinados vários acordos sectoriais, ascendeu a 1,2 mil milhões de euros.
A Perspectiva Africana
Na sua intervenção, o presidente da Comissão da União Africana garantiu que os países membros desta organização apreciam verdadeiramente esta relação construtiva e orientada para resultados, considerando que o Plano Mattei e a iniciativa Global Gateway, representam um novo nível de compromisso sendo o seu alinhamento com a agenda da União Africana da maior importância.
“A promoção de corredores comerciais, como o Corredor do Lobito, permitirá aos nossos países membros impulsionar o comércio intra-africano”.
“Isto vai alterar certamente o modo de vida das nossas populações e tirar milhões de pessoas da pobreza”.
Sublinhou Ali Youssouf, acrescentando que a estratégia comunitária da Global Gateway identificou 11 outros corredores que poderão vir a ser desenvolvidos, fazendo votos para que as fortes tensões que se vivem hoje a nível geopolítico não desviem as atenções destas parcerias com uma importância tão crítica nem dos objetivos traçados.
“Estamos orgulhosos de poder dizer hoje aqui, desde Roma, que agora estamos no bom caminho para uma parceria verdadeiramente justa e equitativa entre África e Europa”.
Embora também tivesse sido anunciada a participação do Presidente angolano, João Lourenço este delegou a representação na cimeira ao ministro das Relações Externas, Téte António.
Na declaração conjunta emitida por Roma e Bruxelas também foi anunciado que os dirigentes acordaram em analisar os progressos da parceria estratégica no âmbito do quadro da estratégia Global Gateway da UE e do Plano Mattei para África no Fórum Global Gateway, a 09 e 10 de Outubro de 2025, em Bruxelas.
Conclusão
O Corredor do Lobito consolida-se como o pilar da nova cooperação estratégica entre a Europa e África. O alinhamento do Plano Mattei com a Global Gateway demonstra a criação de compromissos concretos no desenvolvimento de infra-estruturas transformadoras.
O desafio residirá na execução eficaz dos 1,2 mil milhões de euros comprometidos, garantindo que os benefícios alcancem as populações locais e fortaleçam a integração regional.
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Imagem: © 2025 DR