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ToggleÁfrica: ONU prevê Crescimento de 3,7% em 2025
África vai ter um crescimento económico moderado neste ano de 2025, atingindo apenas os 3,7%, de acordo com o relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspectivas para 2025, publicado esta quinta feira,9 de Janeiro, pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA).
Este desempenho traduz uma ligeira aceleração face aos 3,4% registados no ano anterior e é impulsionado por condições económicas mundiais mais favoráveis. A recuperação económica em África é acompanhada por uma redução gradual da inflação, flexibilização monetária em algumas economias e uma recuperação robusta do turismo internacional.
O relatório, também alerta para os riscos persistentes que podem comprometer o crescimento, como os elevados custos de serviço da dívida, conflitos regionais e os impactos climáticos crescentes.
A ONU sublinha a importância de uma abordagem concertada entre os governos africanos e os parceiros internacionais para enfrentarem estes desafios. As recomendações incluem medidas que promovam a diversificação económica, a transição energética e o aumento de investimentos em sectores-chave como a saúde e a educação.
Recuperação em África
O crescimento previsto de 3,7% em África para 2025 representa um sinal positivo para o continente, especialmente num panorama mundial marcado por incertezas económicas e geopolíticas. Este desempenho deve-se, em grande parte, à recuperação de economias-chave como o Egipto, a Nigéria e a África do Sul.
No entanto, os economistas da ONU destacam que esta recuperação não está isenta de desafios. Um dos factores que têm contribuído para este crescimento é a melhoria das condições financeiras mundiais que reduziram as pressões sobre os mercados de crédito.
Além disso, o desagravamento dos constrangimentos no sector energético, especialmente na África do Sul, trouxe algum alívio às economias locais, permitindo um aumento da produção e exportação de bens e serviços. O turismo internacional que enfrentou uma quebra significativa durante o COVID-19, também regista sinais de recuperação, gerando receitas adicionais em vários países africanos.
Por outro lado, o relatório destaca a crescente pressão da dívida pública sobre as economias do continente. Muitos países enfrentam níveis históricos de endividamento, dificultando a implementação de políticas fiscais expansivas e a execução de projectos de infra-estruturas necessários para o desenvolvimento sustentável.
Angola, por exemplo, tem beneficiado da estabilização dos preços do petróleo, mas a diversificação da economia permanece um desafio central para reduzir a dependência das receitas petrolíferas. Outro ponto crítico é o impacto das alterações climáticas em África.
Fenómenos extremos, como as secas prolongadas e as cheias devastadoras, têm agravado a insegurança alimentar e comprometido os meios de subsistência de milhões de pessoas. A ONU defende que uma aposta mais forte na transição energética e na mitigação dos impactos climáticos poderá não só proteger o continente, mas também gerar novas oportunidades económicas.
Desafios e Perspectivas
Apesar das previsões optimistas, África enfrenta desafios estruturais significativos. A má governação e as práticas laborais inseguras representam riscos que podem comprometer os benefícios a longo prazo, mas um dos principais entraves ao crescimento, é a fragilidade das cadeias de abastecimento e a dependência excessiva da exportação de matérias-primas.
Economias que dependem fortemente de recursos como petróleo, gás e minerais críticos são particularmente vulneráveis às flutuações dos preços no mercado internacional. Além disso, a desigualdade económica entre países africanos continua a ser uma barreira ao progresso.
Enquanto algumas economias, como Cabo Verde e Moçambique, apresentam taxas de crescimento acima da média regional, outras, como a Guiné Equatorial, continuam a registar um desempenho negativo. Estas disparidades reflectem as diferenças nos recursos naturais disponíveis e a eficácia ou ineficácia, das políticas económicas implementadas em cada país.
O problema da dívida é outro obstáculo central. A ONU alerta para o facto de muitos países africanos estarem presos numa “armadilha da dívida”, em que os elevados custos de serviço da dívida consomem grande parte dos orçamentos públicos, limitando a capacidade de investimento em sectores sociais críticos.
Para aliviar esta pressão, o relatório recomenda uma acção multilateral mais audaciosa, com medidas que incluam o alívio da dívida e o aumento do financiamento internacional para o desenvolvimento sustentável. Por fim, a transição energética apresenta-se como uma oportunidade única para África.
O continente possui vastas reservas de minerais críticos necessários para tecnologias de energia limpa, como o lítio e o cobalto. Se explorados de forma responsável e sustentável, estes recursos podem impulsionar o crescimento económico, criar novos empregos e aumentar as receitas públicas.
Conclusão
O crescimento económico previsto para África em 2025 oferece uma perspectiva moderadamente optimista para o continente. Apesar das dificuldades estruturais e dos riscos geopolíticos, a recuperação das principais economias africanas e as condições económicas mundiais mais favoráveis criam um ambiente propício para o desenvolvimento.
No entanto, para garantir que este crescimento seja inclusivo e sustentável, é essencial que os governos africanos implementem políticas que promovam a diversificação económica, a transição energética e a capacidade de adaptação às alterações climáticas.
A cooperação internacional, por sua vez, deve focar-se no alívio da dívida, no financiamento de projectos sociais e na criação de mecanismos que garantam uma repartição equitativa dos benefícios económicos.
Com um esforço conjunto e sustentado, África tem o potencial de transformar os desafios actuais em oportunidades, reforçando a sua posição como um dos principais motores de crescimento económico a nível mundial.
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Imagem: © 2013 DR