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ToggleRwanda Quer Instalar Reatores Nucleares
O Rwanda, tem mostrado uma determinação impressionante em se afirmar no panorama internacional, sobretudo através de projetos inovadores e ambiciosos. Nos últimos anos, Kigali, a capital do Rwanda, tem estado na vanguarda de uma série de iniciativas tecnológicas que visam alavancar o desenvolvimento económico e melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos.
Agora, o país dá mais um passo arrojado ao anunciar planos para a construção de pequenos reatores nucleares, um marco que representa uma viragem significativa na procura por fontes de energia mais limpas e eficientes.
Num continente onde apenas a África do Sul dispõe de um programa nuclear civil operacional, à já 30 anos, o Rwanda assume uma posição de destaque, tentando garantir o seu futuro energético com a colaboração de empresas internacionais. Esta movimentação coloca o país no centro das atenções, tanto pelo seu potencial quanto pelos desafios que enfrenta.
Os Antecedentes
Ao olhar para a história recente do Rwanda, este novo empreendimento é o culminar de uma série de acordos internacionais e de estratégias que visam diversificar a matriz energética do país. Actualmente, o Rwanda produz a maior parte da sua eletricidade (51%), a partir de fontes térmicas, com a hidroeletricidade (43,9%) e da energia solar (4,2%) a desempenharem papéis secundários.
No entanto, o Governo do Rwanda reconhece que o crescimento económico sustentável depende de uma fonte de energia estável e confiável que possa acompanhar o ritmo das suas ambições de desenvolvimento. A energia nuclear surge, assim, como uma alternativa promissora para garantir a segurança energética, enquanto ajuda a mitigar os impactos das alterações climáticas.
Esta visão de futuro começou a ganhar forma em 2019, quando o Rwanda assinou um acordo com a Agência Federal de Energia Atómica da Rússia para a construção de centrais nucleares. Embora tenha gerado controvérsias e preocupações de segurança, este acordo abriu portas para o desenvolvimento do setor nuclear no país.
Agora, com a assinatura de novos acordos com a Nano Nuclear Energy e a Dual Fluid Energy, o Rwanda reforça o seu compromisso do uso pacífico da energia nuclear, apostando em tecnologias inovadoras que prometem transformar o panorama energético do país e, eventualmente, do continente africano.
Parcerias Internacionais
O recente acordo do Rwanda com a Nano Nuclear Energy e a Dual Fluid Energy é apenas a mais recente de uma série de parcerias que o país tem vindo a estabelecer para concretizar as suas ambições nucleares.
A Nano Nuclear Energy, uma empresa norte-americana, está a colaborar com o Governo do Rwanda para construir pequenos reatores nucleares modulares que, segundo a empresa, serão mais fáceis de construir e transportar do que as centrais nucleares convencionais.
Estes reatores modulares são desenvolvidos em fábricas e posteriormente instalados no local de operação, oferecendo uma solução flexível e eficiente para países em desenvolvimento que procuram diversificar a sua matriz energética.
O primeiro reator de teste, de acordo com James Walker, presidente executivo da Nano Nuclear Energy, deverá ser construído nos próximos anos. Este projeto insere-se numa visão de longo prazo, em que o Rwanda pretende desenvolver um programa nuclear civil avançado, capaz de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país.
“Temos uma excelente base para construir. Vemos um caminho muito fácil para um programa nuclear civil altamente desenvolvido no Ruanda”.
Afirmou James Walker, citado no comunicado de imprensa.
Fidele Ndahayo, diretor da Autoridade de Energia Atómica do Rwanda, salientou a importância de o país fazer parte do processo de desenvolvimento destas novas tecnologias, sublinhando que o país está comprometido em acompanhar as inovações tecnológicas no sector energético.
A Dual Fluid Energy, por seu lado, está a introduzir uma abordagem inovadora para a fissão nuclear, utilizando combustível líquido e refrigerante de chumbo. Esta tecnologia, ainda em fase de desenvolvimento, promete produzir eletricidade sem emissões, ao mesmo tempo que explora o potencial de produção de hidrogénio e combustíveis sintéticos.
A empresa afirma que o seu método permite utilizar o combustível nuclear de forma significativamente mais eficiente do que nos reatores tradicionais. No entanto, especialistas advertem que existem desafios técnicos consideráveis, sobretudo no que diz respeito à implementação prática desta tecnologia.
Segundo o professor Juan Matthews, do Dalton Nuclear Institute da Universidade de Manchester, a temperatura de funcionamento de mil graus Celsius, necessária para o funcionamento do reator, pode ser difícil de alcançar sem o uso de ligas metálicas caras e ainda sem muita experiência real.
A parceria entre o Rwanda e a Dual Fluid Energy reflete a vontade do país de se posicionar como um centro de inovação tecnológica em África. Apesar dos desafios, o Governo do Rwanda está confiante de que os benefícios a longo prazo destas tecnologias compensarão os esforços iniciais de desenvolvimento e investimento.
Avaliada em 75 milhões de dólares, esta parceria representa um investimento significativo na infraestrutura nuclear do país e coloca o Rwanda num caminho de liderança no desenvolvimento de tecnologias de energia limpa no continente.
Desafios Tecnológicos
Embora o Rwanda esteja determinado a avançar com o seu programa nuclear, a concretização destes projetos enfrenta obstáculos significativos. A energia nuclear é uma área complexa e altamente regulada e o desenvolvimento de pequenos reatores modulares impõe desafios técnicos e de licenciamento, principalmente porque muitas dessas tecnologias ainda estão em fases iniciais de desenvolvimento.
Um dos principais desafios é garantir a viabilidade e a segurança das novas abordagens tecnológicas, como a fissão nuclear proposta pela Dual Fluid Energy. Além das questões técnicas, os custos elevados associados ao desenvolvimento representam um obstáculo, particularmente para países como o Rwanda, que precisam equilibrar as suas ambições de inovação com as limitações económicas.
Outro ponto crítico é a formação de pessoal qualificado para operar e manter essas instalações. Embora o Governo tenha investido na capacitação dos seus cientistas, o país ainda carece de experiência prática em energia nuclear, o que pode atrasar a implementação eficiente dos projetos.
Os riscos inerentes à energia nuclear, como acidentes e a gestão de resíduos radioativos, também exigem uma atenção cuidadosa. A oposição inicial ao acordo nuclear com a Rússia, em 2019, demonstra a preocupação tanto interna quanto internacional com a segurança dos projetos nucleares no Rwanda.
Para garantir o sucesso a longo prazo do seu programa nuclear, o país precisará gerir esses riscos de forma eficaz e assegurar que as suas ambições permanecem dentro dos limites da segurança e da sustentabilidade.
Potencial de Desenvolvimento
Apesar dos desafios inerentes, a energia nuclear oferece um potencial significativo para o desenvolvimento do Rwanda. Num continente onde o acesso a fontes de energia seguras e sustentáveis continua a ser limitado, o investimento em soluções inovadoras como a energia nuclear pode transformar a realidade energética do país.
Este movimento visa garantir um fornecimento de energia mais estável e com menor impacto ambiental etambém posiciona o país como um centro atrativo para investimentos, fomentando o crescimento em áreas-chave como a ciência, tecnologia e indústria.
Ao adoptar pela implementação de pequenos reatores nucleares modulares, o Rwanda alinha-se com uma tendência global de procura por tecnologias energéticas mais limpas, essenciais para mitigar as alterações climáticas.
A energia nuclear, devido à sua capacidade de gerar grandes volumes de eletricidade sem emissões de gases de efeito estufa, destaca-se como uma alternativa sólida às fontes de energia convencionais.
Neste contexto, o Rwanda assume uma posição estratégica ao ser um dos pioneiros no continente africano a explorar esta tecnologia, integrando-se assim num panorama global de transição energética, além disso, o desenvolvimento de um sector nuclear no país pode ter impactos profundos na capacitação científica e tecnológica.
O investimento na formação de engenheiros e técnicos especializados também abre novas oportunidades de emprego, contribuindo para a construção de uma economia mais diversificada e baseada no conhecimento.
O crescimento das necessidades energéticas torna inviável continuar a depender predominantemente de fontes térmicas e hidroelétricas. A inclusão da energia nuclear no mix energético do país oferece uma solução robusta para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os riscos associados a flutuações económicas globais ou eventos climáticos que afetam a produção hidroelétrica.
Conclusão
O Rwanda está a dar passos significativos na sua procura por um futuro energético sustentável, apostando na energia nuclear como uma solução promissora para atender às suas necessidades de desenvolvimento.
Através de várias parcerias internacionais e de um compromisso com a inovação tecnológica, o país está a posicionar-se na vanguarda do desenvolvimento de pequenos reatores nucleares modulares que podem transformar a sua matriz energética e promover o crescimento económico.
No entanto, o sucesso deste ambicioso projeto dependerá da capacidade do Rwanda de superar os desafios técnicos e de segurança que a energia nuclear apresenta, bem como de formar uma nova geração de especialistas que possam garantir a operação segura e eficiente destas instalações.
O futuro energético do Rwanda está a ser moldado por estas escolhas arrojadas, que podem servir de exemplo para outras nações africanas na procura de soluções para um desenvolvimento sustentáveis.
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Imagem: © DR