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Sexta-feira, Maio 9, 2025

Quénia: Presos Por Posse de 5000 Formigas

Dois adolescentes belgas, foram detidos no Quénia, em posse de formigas avaliadas em 8.000 euros. Este tráfico de espécies "invisíveis" ameaça os ecossistemas africanos, pondo em risco a biodiversidade a nível mundial

Quénia: Presos Por Posse de 5000 Formigas


Dois adolescentes belgas foram presos em Naivasha, Quénia, a 5 de Abril de 2024, com 5.000 formigas em tubos de ensaio. O Serviço de Vida Selvagem do Quénia (KWS) acusou-os de contrabando para mercados europeus e asiáticos. As formigas, da espécie Messor cephalotes, são vendidas a 120 euros por colónia.

O caso revela uma nova tendência no tráfico de fauna: espécies pequenas, mas ecologicamente vitais. O Quénia, conhecido pela luta contra o comércio de marfim e chifres de rinoceronte, enfrenta agora um desafio inusitado. Formigas nativas da África Oriental tornaram-se alvo de redes internacionais de tráfico.

As autoridades apreenderam um total de 5.400 insectos em duas operações, 400 formigas num apartamento em Nairobi. Os contrabandistas usavam tubos com algodão para manter os animais vivos durante o transporte.

A espécie Messor cephalotes, formiga vermelha da savana, é crucial para a saúde dos solos. Estas formigas dispersam sementes e aram a terra, sustentando pastagens e florestas. O KWS alerta que a sua remoção em massa pode desequilibrar ecossistemas inteiros.

“Não são apenas insectos: são engenheiras do ambiente”, afirma Philip Muruthi, da Fundação Africana de Vida Selvagem.

Os adolescentes belgas alegaram desconhecer a ilegalidade da acção, classificando-a como “passatempo”. Porém, o tribunal de Nairobi impôs uma multa de 7.700 dólares ou um ano de prisão. Este caso expõs falhas na fiscalização de crimes ambientais menos visíveis, mas igualmente danosos.


Operação Inusitada


Imagem: © 2025 Brian Inganga / AP (20250507) Quénia: Presos Por Posse de 5000 Formigas

A detenção ocorreu numa casa de hóspedes em Naivasha, uma cidade turística com parques e lagos. Os dois jovens belgas, de 19 anos, armazenaram as formigas em 2.244 tubos de ensaio. Segundo o KWS, os insectos seriam enviados para a Europa e Ásia via correio postal. Plataformas online como “Ants R Us” vendem colónias por até 120 euros, alimentando o mercado de animais exóticos.

A técnica de armazenamento revela sofisticação: algodão humedecido mantinha as formigas vivas por semanas. Cada tubo continha uma rainha e operárias, prontas para formar novas colónias.

“É um negócio lucrativo e de baixo risco para os traficantes”, explicou um investigador do KWS.

A apreensão total foi avaliada em 1,2 milhões de xelins quenianos (8.104 euros). Num caso paralelo, um queniano e um vietnamita foram apanhados com 400 formigas em Nairobi. As autoridades acreditam que os quatro suspeitos integravam a mesma rede.

Mensagens trocadas entre eles mencionavam clientes na Bélgica, Vietname e Tailândia. O modus operandi incluía vistos de turista para evitar suspeitas. A magistrada Njeri Thuku rejeitou a defesa de “ignorância da lei”.

“Ter milhares de espécimes não é coleccionismo, é comércio organizado”, declarou.

O KWS sublinhou que a exportação ilegal viola a soberania queniana sobre recursos naturais. As comunidades locais perdem oportunidades de pesquisa e ecoturismo ligado à biodiversidade.


Impacto Ecológico


Imagem: © 2025 DR (20250507) Quénia: Presos Por Posse de 5000 Formigas

As formigas Messor cephalotes são “jardineiras” das savanas. Ao armazenarem sementes em túneis subterrâneos, promovem a germinação de plantas. A sua eliminação em massa pode reduzir a cobertura vegetal, afectando herbívoros como gazelas e zebras.

“Sem elas, os solos empobrecem”, alerta Dino Martins, entomologista queniano.

O comércio global de insectos exóticos preocupa os cientistas. Um estudo de 2023 na Science Direct mostra que espécies invasoras causam prejuízos anuais de 26,8 mil milhões de dólares. Formigas africanas na Europa podem dizimar colónias locais, desequilibrando agriculturas. Na Ásia, onde o hobby é popular, já há registos de infestações por espécies importadas.

O KWS propõe regulamentar a criação sustentável, como o que feito com borboletas no Projecto Kipepeo. Há agricultores que criam insectos para venda legal, gerando lucros sem danos ambientais.

“Precisamos de leis que protejam tanto a biodiversidade como os meios de vida”, defende Martins.

Enquanto isso, o Quénia reforça a vigilância nos aeroportos. As malas dos turistas são revistadas com raios-X especiais para detectar tubos de ensaio. Desde 2023, 17 estrangeiros foram banidos por contrabando de insectos. A medida visa desencorajar o aparecimento de redes transnacionais que explorem lacunas legais.


Conclusão


O caso das 5.000 formigas revela um crime ambiental de nova geração. Se antes o foco eram os elefantes e os rinocerontes, agora, insectos mínimos movimentam mercados milionários. O Quénia mostra grande determinação em combater esta ameaça, mas exige uma cooperação mundial.

Enquanto os tribunais aplicam multas históricas, os cientistas alertam: cada formiga contrabandeada é um tijolo retirado do alicerce ecológico africano. A preservação destas “engenheiras invisíveis” é crucial para o futuro das savanas.

 


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Imagem: © 2025 DR
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