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ToggleQuénia: Morreram Quando Vinham De Um Funeral
O Quénia volta a enfrentar um episódio de tragédia nas suas estradas, reforçando um cenário sombrio que assombra a África Oriental. Na noite de sexta-feira, um autocarro proveniente da cidade de Kakamega, no oeste do país, com destino a Kisumu, despistou-se ao aproximar-se de uma rotunda a alta velocidade, acabando por capotar e mergulhar numa vala.
De acordo com as autoridades, o veículo transportava pessoas que regressavam de um funeral. Entre os mortos confirmados encontram-se dez mulheres, dez homens e uma menina de apenas 10 anos de idade. A violência do impacto e a rapidez com que o acidente se desenrolou deixaram marcas irreparáveis na comunidade e reacenderam debates sobre a segurança rodoviária na região.
Tragédia no Quénia
A tragédia atingiu de forma indiscriminada: homens, mulheres, jovens e crianças que regressavam de um momento de despedida a um ente querido, acabando fatidicamente por ter o mesmo destino, selado nas estradas perigosas do sudoeste queniano.
O impacto foi devastador: várias pessoas morreram no local, enquanto outras que se encontravam em estado grave, foram socorridas no local e transportadas para unidades hospitalares próximas. Entre os sobreviventes em estado crítico estava um bebé de oito meses que recebeu cuidados médicos imediatos.
O número inicial de mortos apontava para 21, mas posteriores actualizações, efectuadas por Fredrick Ouma Oluga, secretário principal responsável pelos serviços médicos no Quénia, apontam para que o total de mortos seja de 25, já que cinco pessoas ficaram gravemente feridas, vindo quatro delas a acabar por falecer mais tarde no hospital.
Além das mortes, 29 outras pessoas ficaram feridas, muitas delas com lesões graves que poderão implicar longos períodos de recuperação e tratamento especializado.
Segundo Peter Maina, responsável regional pela fiscalização de trânsito na província de Nyanza, o acidente ocorreu por volta das 17 horas, hora local, quando o autocarro se aproximava de uma rotunda. Testemunhas no local, relataram que o condutor circulava em excesso de velocidade, perdendo o controle do veículo que atravessou para a outra faixa e acabou por cair numa vala profunda.
Embora o excesso de velocidade seja a principal suspeita, as autoridades quenianas afirmam que as investigações continuam para apurar todas as circunstâncias do acidente. Será avaliado o estado mecânico do veículo, as condições meteorológicas no momento e possíveis factores humanos, como fadiga do condutor ou consumo de substâncias psicotrópicas.
Peter Maina declarou ainda que a equipa de peritos de trânsito está empenhada em recolher provas e ouvir os sobreviventes, para garantir que sejam apresentadas conclusões sólidas e que possam ser implementadas futuras medidas preventivas.
Estradas Perigosas
Os acidentes rodoviários infelizmente são frequentes no Quénia e em grande parte da África Oriental. As estradas estreitas, em mau estado de conservação, com buracos e falta de sinalização contribuem para um elevado índice de sinistralidade. O problema agrava-se com a condução em excesso de velocidade, má manutenção dos veículos e uma fraca fiscalização.
A secção da estrada onde ocorreu o acidente já era conhecida pelas autoridades como um ponto de elevado risco, com um historial de sinistros fatais. A sua inclinação, com uma curva apertada e a ausência de barreiras de protecção tornam-na particularmente perigosa.
O acidente de sexta-feira não foi um caso isolado. Apenas um dia antes, o Quénia tinha registado outros desastres graves. Um acidente aéreo, perto da capital Nairobi, envolvendo uma aeronave de evacuação médica, caiu numa zona residencial e causou seis mortos.
No mesmo dia, ocorreu uma colisão entre um comboio e um autocarro que resultou na morte de oito pessoas. Ainda nesse dia, na cidade de Naivasha, no condado de Nakuru, nove trabalhadores que se deslocavam para o emprego perderam a vida quando o veículo em que seguiam se despistou numa passagem de nível.
Apelos a Reformas
O choque causado pela tragédia provocou reacções imediatas de líderes comunitários e de organizações de segurança rodoviária. Muitos apelam a reformas estruturais, incluindo melhor manutenção das estradas, fiscalização mais rigorosa e programas de formação contínua para condutores profissionais.
Especialistas em transporte sublinharam que o problema não se limita às condições físicas das vias, mas envolve igualmente factores culturais e institucionais, como o cumprimento das regras de trânsito e a responsabilização efectiva dos infractores.
O impacto humano é incalculável. Famílias inteiras ficaram destroçadas, comunidades perderam membros activos e, para muitos, o dia que começou com uma cerimónia fúnebre terminou com outra tragédia. Histórias individuais emergem do luto colectivo, como a de uma mãe que perdeu os dois filhos no acidente, ou a do pai da menina de 10 anos que não resistiu aos ferimentos.
Nas vilas e nas aldeias, a solidariedade multiplicou-se, com os vizinhos e os familiares a apoiarem-se mutuamente para enfrentar o peso emocional e financeiro do momento.
Este caso, vem reacender uma discussão antiga: como reduzir os acidentes de viação num país onde a rede rodoviária não acompanha o crescimento do número de veículos?
As autoridades e as organizações não-governamentais defendem a necessidade de um plano nacional robusto que inclua investimento em infra-estruturas, uso de tecnologias de vigilância, campanhas de sensibilização e penalizações exemplares para infracções graves.
Enquanto isso, as famílias continuam a perder os seus entes queridos e, a insegurança nas estradas, permanece como uma ameaça constante à vida quotidiana no Quénia.
Conclusão
O trágico acidente no sudoeste do Quénia, envolvendo um autocarro que regressava de um funeral, vem relembrar as fragilidades na segurança rodoviária do país e da região. Com mais de duas dezenas de mortos e dezenas de feridos, o episódio junta-se a uma série de sinistros recentes que evidenciam um problema sistémico.
Se não forem tomadas medidas urgentes e eficazes, a repetição destes episódios continuará a ensombrar o quotidiano queniano e a ceifar vidas de forma evitável. A responsabilidade é colectiva — do Estado, das autoridades locais, dos condutores e da sociedade civil — e exige acção imediata.
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Imagem: © 2025 Associated Press