15.5 C
Londres
Sexta-feira, Maio 30, 2025

PALOP: Maioria Da População Sem Electricidade

Mais de metade da população dos PALOP vive na escuridão. A falta de investimento público trava acesso o universal à electricidade. Cabo Verde tem a melhor cobertura com 97% a ter electricidade, enquanto a Guiné-Bissau apenas 37% da população beneficia desse recurso. Os subsídios aos combustíveis fósseis são um problema, pois sufocam o desenvolvimento das energias renováveis.

PALOP: Maioria Da População Sem Electricidade


A II Conferência de Energia da CPLP, realizada em Cascais, Portugal, revelou dados alarmantes sobre os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) a falta de vontade política dos governos é a principal causa do défice energético.

Carlos Salgado, perito do PNUD, sublinhou que a electricidade não consta como uma prioridade real nos orçamentos estatais. Enquanto a América Latina alcançou 97% de acesso via empresas públicas, África mantém-se em desvantagem histórica. O diagnóstico indica falhas na distribuição de recursos e no planeamento estratégico. A ausência de políticas claras perpetua a exclusão energética.

O capital humano insuficiente impede a execução de projectos sustentáveis. Muitos países subsidiam combustíveis fósseis em vez de fomentar mini-redes renováveis. Cabo Verde destaca-se dos outros países dos PALOP ao aproximar-se da universalização enquanto a Guiné-Bissau ilustra o extremo oposto, com dois terços da população sem acesso a electricidade.

A conferência reuniu reguladores e ministros dos vários países da CPLP, para desbloquear financiamentos multilaterais. As parcerias público-privadas surgem como alternativa viável, conforme defendeu o PNUD. A transição energética exige um redireccionamento imediato de subsídios prejudiciais.


Raízes do Problema


Imagem: © 2014 Nicole Köhler via Pixabay (20250528) PALOP Maioria Da População Sem Electricidade

A colonização deixou heranças energéticas desequilibradas, concentrando infraestruturas em zonas urbanas. Após as independências, poucos governos africanos investiram na expansão rural. As empresas públicas fragilizadas não conseguiram universalizar os serviços e o crescimento exponencial da população superou a capacidade de resposta estatal.

O especialista William Araújo confirmou que apenas 37% dos guineenses têm electricidade. Esta realidade reflecte décadas de desinvestimento crónico em redes nacionais. O PNUD critica a duplicação de discursos políticos sem acções concretas. Dar prioridade a combustíveis fósseis desvia fundos fundamentais de soluções energéticas limpas.

A falta de coordenação entre os ministérios e os reguladores sectoriais bloqueiam os progressos. Muitos dos países dos PALOP, carecem de agências especializadas em energias renováveis e o custo de licenças e equipamentos desencoraja os investidores privados. A ausência de incentivos fiscais, desprivilegia as zonas rurais que permanecem economicamente inviáveis.

A formação técnica é inexistente em várias regiões, impedindo a manutenção das infraestruturas existentes e os projectos internacionais fracassam pela falta de mão-de-obra local qualificada. O PNUD exige dar prioridade à criação urgente de centros profissionais especializados.


Impactos Sociais


Imagem: © 2013 SolarAid via Flickr (20250528) PALOP Maioria Da População Sem Electricidade

As escolas sem energia limitam os horários de estudo e o acesso a materiais digitais. Os hospitais rurais dependem de geradores a diesel, aumentando os custos operacionais. As mulheres gastam horas na recolha de madeira para combustível, reduzindo as oportunidades económicas e os jovens migram para as cidades, já de si, superpovoadas para tentarem encontrar condições básicas de subrevivencia.

A saúde pública deteriora-se com o uso continuado de querosene nas habitações. As doenças respiratórias crónicas afectam principalmente os idosos e as crianças e os pequenos negócios fecham ao anoitecer, por falta de luz, o que trava o desenvolvimento comunitário. Muitos agricultores perdem as suas colheitas por falta de refrigeração.

A exclusão energética aprofunda desigualdades regionais e de género. As zonas rurais isoladas tornam-se reféns de preços abusivos de painéis solares oferecidos por alguns privados e as empresas multinacionais evitam investir em regiões sem rede estável.

O analfabetismo digital cresce nas novas gerações sem contacto com as novas tecnologias básicas. Os governos perdem receitas fiscais pelo fraco dinamismo empresarial e eclodem revoltas sociais em bairros periféricos devido aos cortes constantes de energia.


Caminhos Possíveis


Imagem: © 2017 DR (20250528) PALOP: Maioria Da População Sem Electricidade

Cabo Verde demonstra que é possível alcançar metas ambiciosas com planeamento integrado. O país canalizou subsídios de combustíveis para mini-redes solares e eólicas, formou técnicos locais para garantir sustentabilidade dos projectos e atingirá 100% de cobertura eléctrica até 2026.

O PNUD propõe fundos soberanos para as energias renováveis, co-financiados por bancos multilaterais. Os reguladores estatais devem simplificar o licenciamento para micro-geração comunitária e as taxas sociais podem proteger as famílias de com baixos rendimentos.

A utilização de mini-hídricas e centrais de biomassa adaptam-se a geografias diversas com um baixo investimento inicial e efectuar parcerias com universidades europeias acelerariam a transferência de know-how, enquanto se desenvolvem campanhas de sensibilização para mobilizar as comunidades para gestão partilhada de electricidade.

É urgente e importante reverem-se leis obsoletas para incorporarem as novas tecnologias descentralizadas e a certificação dos equipamentos evitará a importação de material defeituoso.


Conclusão


A crise energética nos PALOP, resulta de escolhas políticas, não de escassez de recursos. Países como Cabo Verde provaram que dar prioridade a investimentos públicos transforma as realidades existentes. A reconversão de subsídios fósseis é um passo decisivo para a justiça climática.

Universalizar o acesso à electricidade requer vontade governamental e cooperação técnica internacional. Enquanto as luzes se acendem em Cascais, milhões aguardam na escuridão por acções concretas. O futuro energético de África depende de decisões tomadas hoje, não no futuro.

 


O que achas da crise energética dos PALOP? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2017 DR
Logo Mais Afrika 544
Mais Afrika

Olá 👋
É um prazer conhecermo-nos.

Regista-te para receberes a nossa Newsletter no teu e-mail.

Não enviamos spam! Lê a nossa política de privacidade para mais informações.

Ultimas Notícias
Noticias Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leave the field below empty!

Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

error: Content is protected !!