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TogglePALOP: É Preciso Melhor Educação E Formação
Os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) enfrentam desafios significativos no que diz respeito à educação e formação técnica e profissional, conforme indica um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Este documento sublinha a importância de melhorar estas áreas para responder às necessidades do mercado de trabalho e fomentar o crescimento económico.
Disparidades Educativas
O relatório da OCDE destaca a heterogeneidade no nível de escolaridade e na distribuição das competências laborais entre os PALOP que incluem Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. A escassez de professores qualificados é apontada como um dos principais obstáculos ao acesso dos jovens a uma educação de qualidade.
A taxa de conclusão do ensino secundário é particularmente baixa, com Moçambique a apresentar uma taxa de 15%, Angola 28,9%, Cabo Verde 29,5% e São Tomé e Príncipe 38,9%, o único país acima da média africana de 30,4%, segundo dados de 2023 da UNESCO.
Iniciativas e Parcerias
Diversas iniciativas têm sido implementadas para colmatar estas lacunas educativas. O Instituto Camões, por exemplo, tem efectuado programas de formação para desenvolver as capacidades dos profissionais de educação em Angola (Saber+), Guiné-Bissau (PRECASE8) e São Tomé e Príncipe (PAISE-STP9).
Além disso, um memorando de entendimento entre Cabo Verde e Portugal, assinado em 2023, visa criar investimentos em seis áreas estratégicas, incluindo digital, metalurgia, construção civil, setor social, turismo e transição energética.
Outro exemplo notável é o Programa PROCULTURA PALOP-Timor-Leste, com um orçamento de 19 milhões de euros que procurou desenvolver competências artísticas e de gestão, impulsionando simultaneamente actividades geradoras de receitas e empregos nas indústrias criativas. Este projeto destaca a importância de apoiar sectores culturais e criativos como motores de desenvolvimento económico.
Formação Técnica e Profissional
A formação técnica e profissional (TVET) é vista pela OCDE como uma via crucial para a transição dos jovens para o mercado de trabalho. Com taxas de desemprego juvenil a variar de 4% na Guiné-Bissau a 28% em Cabo Verde, o TVET oferece uma oportunidade para colmatar as lacunas de competências e promover o emprego em setores prioritários.
Moçambique é o país dos que mais investe em educação. O projeto +EMPREGO, cofinanciado pela União Europeia e pelo Instituto Camões, visa a inserção profissional de 1.200 jovens, com idades entre os 15 e os 25 anos, promovendo melhores qualificações e parcerias público-privadas.
Outro projeto relevante em Moçambique é a Melhoria do Desenvolvimento de Competências, em parceria com o Banco Mundial, que visa melhorar a qualidade do ensino em instituições secundárias e TVET, alinhando-as com as necessidades do mercado de trabalho.
Este tipo de iniciativas demonstra como a colaboração internacional pode ser vital para fortalecer os sistemas educativos e de formação profissional.
Investimento em Educação
O relatório da OCDE sublinha a necessidade de aumentar o investimento em educação em África e em particular nos PALOP, destacando que os governos africanos, em média, investem 3,7% do seu PIB na educação, ligeiramente abaixo dos valores de referência internacionais.
A melhoria do acesso e da qualidade do desenvolvimento de competências ajudará África a aproveitar o potencial de crescimento de uma força de trabalho de jovens africanos em rápido crescimento e cada vez mais qualificada. A escassez de competências, especialmente em setores como o agroalimentar, energias renováveis e exploração mineira, trava o investimento privado, segundo o relatório.
A investigação indica que 85% do aumento total previsto da população mundial em idade activa até 2050 ocorrerá em África, tornando ainda mais crucial o desenvolvimento de uma força de trabalho qualificada. A melhoria da qualidade e quantidade de educação, juntamente com melhores oportunidades de emprego, é fundamental para aumentar a produtividade e fomentar o crescimento económico.
Conclusão
Melhorar a qualidade da educação e a formação técnica e profissional nos PALOP é essencial para preparar os jovens para os desafios do mercado de trabalho e fomentar o desenvolvimento económico.
Iniciativas como a formação de professores e parcerias internacionais são passos importantes para colmatar as lacunas existentes e promover um futuro mais promissor para os jovens nestes países.
A colaboração entre governos, organizações internacionais e o sector privado pode maximizar sinergias, reduzir as lacunas de competências e fomentar o emprego em sectores prioritários, contribuindo assim para um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
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Imagem: © 2018 Desola Lanre-Ologun / Unsplash