ONU: África Austral O Celeiro Do Continente
O secretário executivo da agência da ONU, especializada em África, a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defende que a África Austral pode ser o celeiro do continente e exortou os países a usarem melhor os seus vastos recursos naturais.
“Não há razão para África importar cerca de 120 mil milhões de dólares (108 mil milhões de euros) em produtos alimentares quando a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) pode ser o celeiro de África”.
Disse Claver Gatete no discurso na cerimónia de encerramento da cimeira da SADC que decorreu em Harare, no Zimbabwe.
Para o responsável da ONU em África, a região que engloba os países lusófonos ,Angola e Moçambique, pode liderar o continente na definição de soluções internas a nível de mobilização dos recursos e financiamento inovador para combater os impactos das alterações climática e garantir um desenvolvimento sustentável.
“Isto pode ser feito no contexto dos desafios financeiros e climáticos, incluindo a elevada dívida pública em África que causa dificuldades financeiras agudas, com mais de um em cada três países a estarem ou já em sobre-endividamento ou em elevado risco de lá chegarem”.
Continuou Gatete, citado num comunicado de imprensa da UNECA enviado à Lusa.
O aproveitamento dos recursos naturais será essencial, defendeu o responsável da ONU em África, lembrando que a África Austral alberga aos maiores reservas de ouro, cobre, cobalto, lítio, crómio, grafite e platina, tendo significativas quantidades de gado e produtos agrícolas, o que lhe permite vir a ser o Celeiro do Continente.
O que implica que se conseguir subir na cadeia de valor regional da energia, agricultura e minerais críticos, pode colher os benefícios de uma industrialização sustentável, garantir a segurança alimentar, aumentar os empregos e reduzir a pobreza e as desigualdades.
“A SADC pode ser um fornecedor continental de energia com o desenvolvimento desta cadeia de valor, uma vez que só está a usar 1% do seu potencial solar e eólico”.
Defendeu ainda, salientando que a aceleração da industrialização “não é só uma questão de conveniência, é uma absoluta necessidade“, concluiu o responsável da ONU em África.
Os líderes do Sul de África reuniram-se no sábado, durante a 44.ª cimeira anual da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), em Harare, no Zimbabwe, na qual o chefe de Estado de Angola, João Lourenço, passou a presidência desta entidade para o Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, assumindo a rotação anual da SADC.
Anualmente, o encontro junta chefes de Estado e de Governo dos 16 Estados-Membros (Angola, Botswana, Comores, República Democrática do Congo, Essuatíni, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe) e líderes de organismos continentais e regionais na qualidade de observadores.
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