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Sábado, Agosto 2, 2025

Moçambique: Seis Camponeses Decapitados

O terrorismo islâmico em Moçambique voltou a escalar com novas mortes por decapitação registados em Cabo Delgado. A instabilidade na região já causou milhares de mortos e mais de um milhão de deslocados.

Moçambique: Seis Camponeses Decapitados


Em Moçambique, foram decapitados pelo menos seis agricultores na comunidade de Natócua, no distrito de Ancuabe, Cabo Delgado, num dos episódios mais brutais de 2025. O ataque, atribuído a insurgentes islamitas, intensifica o clima de terror que assola o Norte de Moçambique e reacende a urgência de medidas eficazes de protecção às populações rurais.

O ataque, ocorrido na tarde de segunda-feira, 21 de Julho, apanhou as vítimas nas suas machambas, onde se encontravam a trabalhar na colheita de milho, feijão, ervilhas e na produção de nipa, uma bebida tradicional usada localmente como moeda de troca para serviços de transporte.

Os corpos, brutalmente mutilados, foram localizados por tropas do Rwanda em colaboração com elementos da Força Local — composta por antigos guerrilheiros da Frelimo — após um longo percurso a pé pelas zonas de cultivo.

Segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa dos EUA, os ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique provocaram, só em 2024, pelo menos 349 mortos — um aumento de 36% em relação ao ano anterior.


Os Ataques


Imagem © 2025 Mais Afrika (20250724) Moçambique Seis Camponeses DecapitadosOs ataques de Natócua, ocorreram poucas horas depois de uma outra ofensiva registada no dia anterior, domingo, 20 de Julho, na aldeia de Nanduli, também no distrito de Ancuabe, onde insurgentes incendiaram uma residência associada a um membro da Força Local, um campo de futebol vedado e um alpendre usado para fabrico de nipa.

Um dos cadáveres foi encontrado isolado noutra machamba e enterrado numa vala comum, sem cabeça, nunca localizada. Segundo fontes comunitárias, os rostos e as roupas das vítimas permitiram a sua identificação, com excepção de um jovem com rastas cuja cabeça continua desaparecida.

A escalada de violência provocou pânico generalizado e levou muitos moradores a refugiar-se nas matas próximas, temendo novos ataques. Há também relatos de sequestros de jovens que terão sido posteriormente libertados.

A insegurança estende-se às principais vias da região, em particular à Estrada Nacional 380, que tem sido palco de diversos raptos. Viajantes são interceptados e coagidos a pagar resgates. A 12 de Julho, uma ambulância do Hospital de Mueda foi emboscada por supostos terroristas, facto que agravou a sensação de vulnerabilidade dos serviços públicos essenciais, incluindo a rede de saúde.

“Até os serviços essenciais, como ambulâncias, estão em risco. A situação é preocupante”, afirmou Magid Sabune, director provincial da Saúde.

Como resposta, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, anunciou em Mueda a reactivação de escoltas armadas nas zonas mais afectadas, numa tentativa de restaurar alguma segurança nos distritos rurais mais expostos à acção dos grupos armados.

Desde 2017, Cabo Delgado vive sob o espectro do terror causado por uma rebelião armada de inspiração islamita que já provocou milhares de mortos e mais de um milhão de deslocados. A violência espalhou-se inclusive para a vizinha província do Niassa, onde, em Abril deste ano, os ataques causaram pelo menos duas mortes — dois guardas-florestais decapitados.


Conclusão


A sequência de ataques em Natócua e Nanduli expõe não apenas a ferocidade dos grupos armados que operam em Cabo Delgado, mas também as fragilidades do Estado moçambicano em proteger os seus cidadãos.

A crescente dependência de forças estrangeiras, como as tropas do Rwanda, revela a complexidade de um conflito que transcende as fronteiras nacionais e ameaça o tecido social de comunidades inteiras. À medida que os números da violência sobem, a paz em Moçambique continua refém de uma guerra invisível, mas devastadora.

 


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Imagem: © DR
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