Jogos Olímpicos Paris 2024 Começam Amanhã
Amanhã começa uma das competições desportivas mais aguardadas do mundo: os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Pela primeira vez, todos os países lusófonos, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, República Democrática de Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, asseguraram vagas para a sua participação e já convocaram as suas seleções para este grande evento.
Em comum, mais do que a cultura e a língua: a participação feminina nas delegações, também é destaque entre os representantes destas nações, nesta que será a primeira edição de Jogos Olímpicos marcada pela equidade de género.
Jogos Olímpicos de Paris 2024
Apesar de os Jogos Olímpicos de Paris 2024 só começarem amanhã, já se realizaram as primeiras provas de Tiro com Arco e os jogos inaugurais de Futebol, Rugby e Andebol, onde a seleção feminina angolana, as “Pérolas” (como a equipa é conhecida), sofreu a primeira derrota por 34-31 frente aos Países Baixos que marcaram os dois primeiros pontos no Grupo B.
Moçambique já conta com uma equipa a treinar na cidade francesa de Saint-Paul-lès-Dax desde o dia 3 de Julho, a delegação de Cabo Verde, desembarcou no dia 14 de Julho na região francesa de Parthenay-Gatine, Guiné-Bissau e Angola já enviaram parte das suas delegações para França, enquanto São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Timor-Leste preparam os seus atletas para seguir viagem.
Sem contar com o Brasil e Portugal, serão mais de 40 representantes, dos restantes 7 países da CPLP, em 12 modalidades.
Entre os destaques, estão os lutadores da Guiné-Bissau, Diamantino Fafé, que chega a Paris como 13.º do ranking mundial da sua categoria (57 kg), seguido de perto pelo compatriota Bacar Ndum que é 16.º (74 kg).
Cabo Verde, com a maior delegação da sua história, teve destaque recente no boxe com David Pina e Nancy Moreira e contará pela primeira vez com um atleta na esgrima, Victor de Oliveira.
Angola conta com o actual campeão africano de judo Edmilson Pedro e com a mariposista Lia Lima que ganhou recentemente a medalha de prata no Campeonato Africano de Natação, ambos estreantes em Jogos Olímpicos.
São Tomé e Príncipe terá a sua primeira participação com o judo e a República Democrática de Timor-Leste contará com a presença da natação.
Angola
Os Jogos Olímpicos Paris 2024 representam a 11.ª participação Olímpica de Angola. O país estreou-se em Moscovo 1980 e, depois de participar do boicote a LA 1984, voltou em Seul 1988 e compete continuamente desde então. Nesta edição, a delegação terá 25 atletas em sete modalidades diferentes, onde a natação é a modalidade totalista.
Angola ainda procura obter o seu primeiro pódio Olímpico. Até hoje, o melhor resultado do país foi com a seleção feminina de andebol. No Rio 2016 que avançaram para os quartos de final pela primeira vez na história e terminaram na oitava posição. Elas competem em todas as edições Olímpicas desde Atlanta 1996.
A modalidade, mais uma vez, é a principal esperança de um bom resultado angolano em Paris 2024. A seleção avançou à segunda fase do Mundial de 2023, terminando na 15.ª posição entre 32 países. A vaga foi obtida graças ao título do Pré-Olímpico de África, realizado em 2023, em Luanda.
Além disso, o país conta na selecção com jogadoras presentes nas principais ligas europeias, como França e Roménia.
“Agora, algumas estão realmente a actuar pela Liga dos Campeões. É claro que espero que a equipa se beneficie com isso”.
Afirmou Morten Soubak, técnico campeão mundial de andebol com o Brasil em 2013 e que trabalhou em Angola.
Brasil
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 representam a 24.ª participação Olímpica do Brasil, país que compete ininterruptamente desde a sua estreia em Antuérpia 1920. O Brasil estará representado na maioria das modalidades, com adolescentes, estreantes, veteranos e atletas no auge da carreira.
Em número total de participantes, o Brasil terá dificuldade em superar os 465 atletas da olimpíada Rio 2016, já que o país-sede tinha direito a vagas em praticamente todas as provas. A selecção de Paris, com 274 atletas, também ficará abaixo dos 302 de Tóquio 2020.
No entanto, a quantidade pode ser menor, mas a qualidade da selecção brasileira manteve-se neste ciclo Olímpico de Paris 2024. É possível vislumbrar alguns feitos inéditos para a delegação verde-amarela.
O objetivo é repetir e possivelmente melhorar a participação dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, a mais vitoriosa da história do país, com sete medalhas de Ouro, seis de Prata e oito de Bronze, totalizando 21 medalhas.
Cabo Verde
Cabo Verde possui uma história relativamente recente nos Jogos Olímpicos. O seu Comité Olímpico Nacional recebeu o reconhecimento em 1993 e a estreia dos atletas cabo-verdianos deu-se a partir de Atlanta 1996. Desde então, Cabo Verde procura obter a sua primeira medalha Olímpica. Terá sete representantes para tentar o feito em Paris 2024.
Esta é a maior delegação de Cabo Verde na história dos Jogos Olímpicos. Até então, o país não tinha sido representado por mais do que seis atletas. Cinco modalidades diferentes terão cabo-verdianos a competir em Paris 2024. A novidade fica para a estreia da esgrima.
O boxe conta com destaques de Cabo Verde. David Pina assegurou a sua cota ao vencer quatro lutas na categoria masculina dos 51kg durante o Pré-Olímpico Banguecoque 2024. O cabo-verdiano cogitou até mesmo abandonar o boxe antes da sua enorme conquista. É a sua segunda participação nos Jogos Olímpicos, tendo alcançando os oitavos de final em Tóquio 2020.
A outra pugilista de Cabo Verde é Ivanusa “Nancy” Moreira, a primeira mulher do país a disputar o boxe Olímpico. A cabo-verdiana fará a sua estreia nos Jogos aos 35 anos, na categoria feminina dos 66kg. Bolsista do programa Solidariedade Olímpica, Nancy conquistou o ouro no Campeonato Africano de Boxe 2023.
Guiné-Bissau
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 representam a oitava participação Olímpica da Guiné-Bissau, todas consecutivas a partir da sua estreia em Atlanta 1996. Esta será a maior delegação do país na história, com seis atletas em cinco modalidades diferentes que tentarão alcançar novos feitos.
A Guiné-Bissau ainda procura o seu primeiro pódio Olímpico. Até hoje, o melhor resultado do país foi de Augusto Midana na luta. Em Londres 2012, ele venceu um oponente e terminou na sétima posição na categoria livre masculina de 74kg. Ele participou de quatro edições Olímpicas e foi porta-bandeira do país em Beijing 2008.
É da luta novamente que surgem as principais esperanças de bons resultados em Paris 2024. Diamantino Iuna Fafé, na categoria livre até 57kg e Bacar Ndum, na livre até 74kg, querem repetir (ou até superar) o feito de seu compatriota. Eles obtiveram cotas no Pré-Olímpico da modalidade.
Ndum, especificamente, chega para a disputa Olímpica como 10.º colocado do ranking mundial na sua categoria e um dos oito cabeças de chave. Ele começa directamente nos oitavos de final e com duas vitórias credencia-se à disputa de medalhas.
Guiné Equatorial
A Guiné Equatorial vai efectuar a sua 11.ª participação consecutiva nestes Jogos Olímpicos de Paris 2024 e participa com três atletas para competir em duas modalidades.
No atletismo, o país será representado por dois velocistas: Remigio Santander nos 100 metros masculinos e Sefora Ada nos 100 metros femininos. Na natação, Higinio Ndong competirá nos 50 metros livres masculinos.
Os atletas da Guiné Equatorial esperam fazer boas prestações e alcançar marcas significativas nas suas respetivas modalidades, representando com orgulho o seu país nestes Jogos Olímpicos.
Moçambique
Paris 2024 representa a 11.ª participação de Moçambique nos Jogos Olímpicos, desde a estreia em Moscovo 1980. Os atletas moçambicanos vêm com as esperanças renovadas na procura de uma medalha que não surgiu nestes últimos 24 anos. Sete representantes de cinco modalidades diferentes tentarão escrever uma nova história.
O grande nome do desporto Olímpico de Moçambique é Maria de Lurdes Mutola, responsável por conquistar o bronze nos 800m rasos do atletismo em Atlanta 1996 e depois o ouro na mesma prova, em Sydney 2000, numa trajetória digna de um filme. As esperanças actuais depositam-se sobretudo em Alcinda Panguana, destaque do boxe moçambicano na categoria de 66kg.
Esta será a segunda aparição de Alcinda Panguana em Jogos Olímpicos. A pugilista fez a sua estreia em Tóquio 2020 e alcançou os quartos de final, a uma vitória da medalha de bronze. No actual ciclo, ela conquistou o ouro no Campeonato Africano de Boxe 2023. Também ficou com a prata no Pré-Olímpico Africano e foi vice-campeã no Mundial 2022.
Outro pugilista da delegação de Moçambique é Tiago Muxanga. O atleta da categoria 71kg ficou a duas lutas de assegurar a cota no Pré-Olímpico Banguecoque 2024. Será a sua primeira aparição nos Jogos.
Portugal
Portugal, participou nos Jogos Olímpicos pela primeira vez em Estocolmo 1912 e, curiosamente, obteve a sua primeira medalha nos jogos de Paris 1924, uma medalha de Bronze no Hipismo.
Nestes jogos Olímpicos de Paris 2024, apresenta-se com uma delegação composta por 73 atletas, em 15 modalidades diferentes, sendo o atletismo a mais representada, com 22 atletas. A maioria da delegação é composta por mulheres: na modalidade de atletismo serão 13 atletas, frente a nove homens, e, no total, 37 portuguesas completam a delegação, ao lado de 36 homens.
O objetivo é repetir e possivelmente melhorar, a participação dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, a mais vitoriosa da história de Portugal, com quatro medalhas conquistadas uma de Ouro, uma de Prata e duas de Bronze.
Nomes como o de Pedro Pichardo, campeão Olímpico em Tóquio 2020 e veteranos como Fernando Pimenta e Ana Cabecinha, escolhidos como porta-bandeiras da delegação, são alguns dos principais destaques. Pedro Pichardo vai defender o seu título no triplo salto, enquanto Fernando Pimenta procurará melhorar o seu desempenho na canoagem.
No entanto, destaca-se a ausência de Auriol Dongmo, representante do arremesso de peso e do lançamento do disco que chegou a classificar-se, mas ficou de fora por conta de uma fratura numa perna durante um treino, o que minou as suas chances de participação em Paris.
República Democrática de Timor-Leste
Paris 2024 será a sexta participação de Timor-Leste nos Jogos Olímpicos de Verão. O país estreou em Atenas 2004 e compete ininterruptamente desde então. Nestes jogos, vai participar com 4 atletas em três modalidades diferentes.
Nesta edição, os atletas tentarão novas conquistas no atletismo na natação e, pela primeira vez, no taekwondo. As esperanças estão depositadas em Manuel Ataide que competirá no atletismo, na prova dos 100 metros masculinos.
Na natação, Jolanio Guterres fará sua estreia nos Jogos Olímpicos, aos 19 anos. O timorense participou nas duas últimas edições do Mundial de Desportos Aquáticos e também esteve nos Jogos Asiáticos 2023. O nadador disputará a prova dos 50m livres.
Imelda Ximenes vai participar nos Jogos Olímpicos pela segunda vez, após se ter estreado em Tóquio 2020. A nadadora timorense esteve em quatro edições do Mundial de Desportos Aquáticos e em duas dos Jogos Asiáticos. Competirá nos 50m livres.
E depois temos uma novidade. A representante do taekwondo, Ana Belo que competirá na categoria de -49 kg, fará história com a primeira participação do país nesta modalidade.
São Tomé e Príncipe
São Tomé e Príncipe fará sua 8.ª participação Olímpica em Paris 2024, desde a estreia em Atlanta 1996. O país vai participar uma delegação composta por três atletas em três modalidades diferentes.
Gorete Semedo, irá competir nos 100 metros femininos e representa as esperanças do país na pista de atletismo. Na canoagem irá participar Hermínia Teixeira, na modalidade C-1 200 metros e, carregando as expectativas do país às costas, a grande esperança para estes jogos é o judoca Roldeney Fernandes, na categoria -73 kg, a fazer a estreia de São Tomé e Príncipe nesta modalidade.
Apesar de terem poucas possibilidades de obterem a sua primeira medalha olímpica, São Tomé e Príncipe espera ter uma participação significativa e dar a conhecer o crescimento do desporto no país.
Conclusão
3a
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 prometem ser uma edição histórica para os países lusófonos, com um destaque especial para a participação feminina e a procura por novos recordes e conquistas.
Com representações de Angola, Moçambique, Portugal, Brasil, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial e Timor-Leste, os atletas lusófonos estão prontos para competir ao mais alto nível e levar as cores das suas nações ao pódio.
A preparação intensa e a dedicação dos atletas de cada país demonstram o compromisso com o desporto e a esperança de alcançarem novos feitos. Independentemente dos resultados, a presença nos Jogos Olímpicos já é uma vitória que merece ser celebrada.
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Imagem: © 2024 Francisco Lopes-Santos
