Dia Mundial do Transporte Sustentável 2025
O mundo celebra a 26 de Novembro o Dia Mundial do Transporte Sustentável, uma efeméride recente no calendário das Nações Unidas, mas que já se afirma como um ponto de viragem. Desde 2023, quando a Resolução 77/286 foi adoptada pela Assembleia Geral, esta data tornou-se um convite para reflectir sobre a mobilidade.
Num tempo em que mais de metade da população mundial reside em áreas urbanas — responsáveis por mais de 70% das emissões de carbono — a discussão sobre transportes sustentáveis deixou de ser uma causa técnica para se tornar uma urgência civilizacional.
Este dia procura alertar para a necessidade de reforçar a interligação intermodal, promover meios de transporte menos poluentes, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e criar infra-estruturas inclusivas.
A ONU recorda que os transportes são simultaneamente motores do crescimento económico e grandes emissores de gases com efeito de estufa, responsáveis por perto de um quarto das emissões mundiais. Resolver esta contradição é o maior desafio da próxima década.
A data de 26 de Novembro celebra, assim, o compromisso político, social e científico de repensar sistemas inteiros de mobilidade, garantindo que o futuro das deslocações não comprometa o futuro do planeta.
Descarbonizar e Incluir
A celebração anual do Dia Mundial do Transporte Sustentável sublinha a importância de sistemas de mobilidade seguros, acessíveis e verdadeiramente sustentáveis para todos. Apela aos Estados-Membros, organizações internacionais, universidades, sociedade civil e empresas para que desenvolvam iniciativas capazes de transformar a mobilidade numa força motriz de progresso global.
A ONU destaca que o transporte sustentável transcende a mera questão técnica; é, de facto, um acelerador de progresso social. Permite erradicar a pobreza, reduzir desigualdades, melhorar o acesso ao emprego e garantir cidades mais saudáveis e habitáveis, onde a qualidade de vida se eleva para milhões de pessoas.
O transporte sustentável deixou de ser uma aspiração distante para se tornar uma necessidade premente, alinhando-se de forma estratégica com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Em 2025, o debate sobre esta temática ganhou um novo e significativo impulso, com diversas regiões do mundo a discutir estratégias para a descarbonização das frotas urbanas, a expansão de redes de metro e eléctricos, e o reforço de autocarros eléctricos. Estas discussões reflectem um compromisso crescente com a inovação e a sustentabilidade no sector.
A mudança, contudo, não depende apenas de governos e grandes organizações. Cada cidadão pode influenciar o panorama mundial ao optar por veículos eléctricos, privilegiar os transportes públicos, caminhar pequenas distâncias ou adoptar outros meios de mobilidade activa.
Este dia serve, portanto, como um catalisador que une política, ciência, economia e a vida quotidiana numa reflexão profunda: que tipo de mobilidade queremos legar às próximas gerações?
Mobilidade e Crescimento
O sector dos transportes desempenha um papel fundamental e insubstituível no crescimento económico, tanto a nível nacional como mundial. É o motor que assegura o transporte eficiente de mercadorias e passageiros, garantindo a fluidez da produção e o acesso ao consumo, elementos vitais para a prosperidade das nações.
As tecnologias modernas, por sua vez, são cruciais para aumentar a segurança, a acessibilidade e a eficiência dos sistemas de transporte, tornando-os mais robustos e fiáveis. O objectivo primordial é minimizar, na medida do possível, as emissões de carbono e reduzir de forma drástica o impacto ambiental associado à mobilidade, um dos focos do Dia Mundial do Transporte Sustentável.
“O sector dos transportes é responsável por cerca de um quarto de todas as emissões de gases de efeito de estufa. 91% da energia consumida no transporte terrestre, marítimo e aéreo provém de fontes fósseis”.
“Por isso, este sector está entre os mais difíceis de descarbonizar”.
“No entanto, acredito que a humanidade pode superar a dependência dos combustíveis fósseis nocivos para o clima e criar sistemas de transporte sustentáveis, eficientes e de baixo carbono, baseados em novas fontes de energia renováveis”.
António Guterres Secretário-geral da ONU
O caminho para esta transformação é, contudo, longo e desafiante. De acordo com dados das Nações Unidas, mais de metade da população mundial vive actualmente em áreas urbanas que, em conjunto com as megacidades, representam mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) global, mas são também responsáveis por mais de 70% das emissões globais de carbono.
Este tema crítico é uma das bases do Dia Mundial do Transporte Sustentável e é central para o ODS 11 da ONU – “Cidades e Comunidades Sustentáveis”. Para o alcançar, diferentes países estão activamente a unir-se em cooperação internacional, partilhando conhecimentos e estratégias para um futuro mais verde.
Cidades Mais Humanas
O transporte sustentável representa uma transformação profunda da forma como entendemos as cidades, a economia e o ambiente. Este modelo propõe meios de transporte que reduzam emissões, promovam acessibilidade e criem resiliência urbana, preparando as sociedades para fenómenos climáticos extremos e para o crescimento contínuo das áreas metropolitanas.
A intermodalidade — a articulação harmoniosa entre autocarros, comboios, barcos, bicicletas e percursos pedonais — é um dos pilares fundamentais desta visão. O transporte público, electrificado e regular, surge como a principal ferramenta para enfrentar congestionamentos que prejudicam milhões de trabalhadores diariamente e provocam perdas económicas substanciais.
Segundo os especialistas, a escolha individual de trocar o automóvel pelo transporte público pode reduzir até 2,2 toneladas de emissões anuais de carbono por pessoa, um valor expressivo quando multiplicado pelas populações das grandes cidades. No entanto, a mobilidade sustentável não se limita ao combate às emissões.
Envolve igualmente enfrentar problemas como poluição sonora, sedentarismo, saúde pública fragilizada, falta de espaços verdes e cidades concebidas ao serviço do carro e não das pessoas.
Em muitos países, mais de metade do espaço urbano é ocupado por automóveis, retirando espaço vital a passeios, ciclovias e áreas verdes, resultando em ruas inseguras, comércio local enfraquecido e isolamento social.
A mobilidade activa — caminhar e andar de bicicleta — não apenas reduz a poluição como melhora a saúde colectiva e torna o espaço urbano mais humano, devolvendo as cidades às pessoas e à natureza, um dos ideais promovidos pelo Dia Mundial do Transporte Sustentável.
Cidades Exemplo
A transformação da mobilidade urbana em modelos sustentáveis é visível em cidades que se tornaram referências mundiais. Copenhaga, por exemplo, destaca-se pela sua infra-estrutural ciclística de excelência, com “auto-estradas” para bicicletas que se integram perfeitamente com o transporte público.
Esta abordagem não só reduziu drasticamente o uso do automóvel, melhorando a qualidade do ar e diminuindo a poluição sonora, como também promoveu um estilo de vida mais activo e saudável entre os seus habitantes, revitalizando espaços urbanos e impulsionando a economia local através do aumento do comércio de rua.
Amesterdão segue um caminho semelhante, dando prioridade aos peões e aos ciclistas através de zonas livres de carros e uma vasta rede de percursos seguros. A cidade tem investido na expansão e modernização da sua rede de eléctricos e comboios, desincentivando o uso do carro particular e recuperando espaços públicos para o usufruto dos cidadãos.
Estes modelos têm sido replicados globalmente, demonstrando como cidades em diferentes contextos podem combater o congestionamento e promover a inclusão social através de soluções inovadoras e bem planeadas, criando ambientes mais convidativos e seguros para a interacção social, em linha com os princípios do Dia Mundial do Transporte Sustentável.
Combustíveis Sustentáveis
A transição para combustíveis sustentáveis na aviação (Sustainable Aviation Fuel – SAF) é crucial, um tema central do Dia Mundial do Transporte Sustentável, mas a sua generalização enfrenta barreiras significativas que vão além do custo e da disponibilidade de matérias-primas.
Um dos maiores desafios reside na necessidade de garantir que as fontes de biomassa utilizadas sejam verdadeiramente sustentáveis, evitando a competição com culturas alimentares ou o desflorestamento, o que exige critérios rigorosos de certificação e rastreabilidade.
A infra-estrutural de produção e distribuição do SAF, desde a refinaria até aos aeroportos, ainda está em fase incipiente e requer investimentos massivos. Além disso, a harmonização de políticas e regulamentações a nível global é fundamental para criar um mercado robusto e previsível, incentivando as companhias aéreas a adoptarem estes combustíveis em maior escala.
Paralelamente, outros sectores de transporte pesado também procuram descarbonizar. No transporte marítimo, a inovação foca-se em combustíveis alternativos como o amoníaco verde, o hidrogénio e o metanol, embora estes exijam adaptações significativas nos motores e na logística de abastecimento, além de levantarem questões de segurança.
A propulsão assistida por vento, com velas rígidas ou rotores, e a electrificação para rotas costeiras e portuárias, são também soluções promissoras. Para o transporte ferroviário, a electrificação das linhas é a solução mais eficiente, mas para as redes não electrificadas, os comboios a bateria e a hidrogénio estão a emergir como alternativas viáveis.
A eficiência energética, através de sistemas de travagem regenerativa e gestão inteligente do tráfego, complementa estas inovações, consolidando o comboio como um meio de transporte de baixo carbono.
Avanços e Cooperação
A importância da mobilidade sustentável, tema central do Dia Mundial do Transporte Sustentável, reflecte-se na forma como diferentes países têm procurado adaptar-se aos desafios e na crescente cooperação internacional.
Nos últimos anos, debates em fóruns como o BRICS em 2025 sublinharam que a colaboração global é indispensável para acelerar a transição energética e o financiamento de infra-estruturas verdes. A modernização das frotas de autocarros, a expansão de redes de metro e eléctricos, e o desenvolvimento de novas soluções para o transporte urbano.
Paralelamente, cidades em todo o mundo têm assistido a um crescimento notável no uso de motociclos, trotinetes e bicicletas eléctricas, quer como forma de evitar congestionamentos, quer como alternativa económica ao automóvel particular.
Este movimento, aliado à criação de mais estações de carregamento e corredores verdes, evidencia uma tendência mundial: as pessoas procuram soluções de mobilidade mais rápidas, económicas e sustentáveis para o seu quotidiano.
A inovação tecnológica e a criatividade no design de soluções de transporte continuam a evoluir, demonstrando que o futuro da mobilidade é um campo fértil para a ciência, a cultura e a responsabilidade ambiental.
Este dinamismo colectivo, impulsionado pela urgência climática e pela procura por uma melhor qualidade de vida, é um testemunho do compromisso global com a transformação do sector dos transportes.
Conclusão
O Dia Mundial do Transporte Sustentável, a 26 de Novembro, é um convite directo para que governos, empresas e cidadãos assumam a mobilidade como chave para enfrentar os maiores desafios do nosso tempo. Ao reduzir emissões, melhorar a qualidade do ar e promover deslocações acessíveis, o transporte sustentável pode transformar a vida de milhões.
Contudo, essa transformação exige políticas públicas que articulem investimentos em transporte público, redes cicláveis e tecnologias limpas, bem como decisões individuais responsáveis. O sector dos transportes, sendo um dos maiores emissores de carbono, só será verdadeiramente sustentável quando a mobilidade for reconhecida como base da economia, da saúde e da equidade social.
O futuro dependerá da capacidade de criar um sistema de mobilidade moderno, resiliente e inclusivo, alinhado com um planeta que precisa urgentemente de desacelerar o aquecimento global.
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Imagem: © 2023 DR
