Na quinta jornada da fase de apuramento para o Campeonato Africano das Nações (CAN 2025), Angola empatou 1-1 frente ao Gana, num jogo que uniu intensas emoções e mostrou o talento inegável de ambas as equipas.

O jogo, realizado no Estádio 11 de Novembro, foi emocionante, marcado por momentos de pura tensão, confirmou o domínio das Palancas Negras na fase de grupos e consolidou o primeiro lugar no Grupo F, garantindo-lhes a liderança isolada com 13 pontos. Em contraste, os Black Stars, habituados a brilhar no continente, não conseguiram evitar a eliminação, algo que não acontecia desde 2004.

Ao comando do técnico português Pedro Gonçalves, a Seleção Nacional entrou em campo já qualificada, mas ainda com a motivação de consolidar a liderança do Grupo F. Com quatro vitórias consecutivas, Angola vinha de uma série invicta e procurava aumentar a pontuação na tabela.

Por outro lado, o Gana chegou a Luanda pressionado pela necessidade de uma vitória para manter viva a esperança de qualificação. Com apenas três pontos em quatro jogos, os Black Stars estavam cientes de que este seria um desafio decisivo.

O ambiente no Estádio 11 de Novembro era vibrante e a atmosfera estava eléctrica, com milhares de adeptos prontos para apoiar a equipa, apesar da casa não estar completamente lotada. Entre os presentes na tribuna de honra estavam o Presidente da República, João Lourenço, e a Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, destacando a importância do jogo para o país.

Antes do apito inicial, o treinador Pedro Gonçalves foi homenageado no relvado e recebeu uma camisola especial, a marcar a sua 60.ª partida ao comando técnico da selecção angolana.

No entanto, as coisas não começaram como esperado para os anfitriões. Aos 18 minutos, o capitão ganês Jordan Ayew brilhou com um livre directo impecável, colocando o Gana em vantagem, não dando hipóteses de defesa ao guarda-redes Hugo Marques que não conseguiu evitar o momento de genialidade do adversário.

Apesar do golpe inicial, os Palancas Negras não se deixaram abater e responderam de forma aguerrida e com determinação. Aos 27 minutos, Zito Luvumbo, uma das figuras mais promissoras do futebol nacional, foi derrubado na grande área, numa jogada brilhante efectuada pela esquerda,

A decisão foi clara: penalti para Angola. Mbala Nzola, encarregado de marcar, teve a oportunidade de empatar o jogo, mas o guarda-redes ganês Abdul Nurudeen negou o golo com grande mestria ao fazer uma defesa espectacular frustrando os angolanos.

No intervalo, Angola estava em desvantagem, por 0-1, mas a equipa mostrou a mentalidade certa e voltaram ao jogo com energia renovada. Na segunda parte, o técnico Pedro Gonçalves fez substituições estratégicas, trazendo Tó Carneiro e Zini para o jogo. A mudança trouxe o equilíbrio desejado, mais dinamismo e um maior controlo de bola.

Aos 64 minutos, Milson cruzou com precisão e encontrou Zini que cabeceou para o fundo das redes, restabelecendo a igualdade. O estádio explodiu em celebração, reflectindo o alívio e a alegria de um público que ainda acreditava na reviravolta, mas apesar das várias oportunidades criadas, o empate permaneceu até ao apito final.

“Tivemos uma grande noite de futebol africano entre as duas equipas, com belíssimos jogadores”.

“Neste jogo defrontámos atletas que competem nas grandes ligas da Europa, mas fizemos o nosso trabalho”.

Comentou Pedro Gonçalves após o jogo, elogiando a evolução táctica da equipa, referindo que os Palancas Negras demonstraram consistência e qualidade ao dominando boa parte do jogo, mantendo o Gana sob pressão.

Com o empate, Angola soma 13 pontos e lidera isoladamente o Grupo F. O Sudão segue em segundo, com sete pontos, enquanto o Níger e o Gana estão em posições inferiores, sem chances de apuramento.

Pedro Gonçalves destacou a importância do desempenho colectivo de Angola durante a conferência de imprensa pós-jogo. A estratégia angolana foi clara: pressionar o adversário e manter a posse de bola. Com 63% de posse durante a segunda parte, Angola demonstrou maturidade e controlo, atributos que se têm tornado marcas registadas sob a liderança de Gonçalves.

Por outro lado, o Gana parecia desorganizado e sem soluções, mesmo quando tentava pressionar nos minutos finais. As substituições tardias e a falta de criatividade no meio-campo limitaram as opções da equipa.

Com o apuramento garantido, Angola pode agora focar-se em preparar a equipa para os desafios do CAN 2025. Esta será a 10ª participação da selecção angolana no maior torneio de selecções africanas, consolidando o seu lugar entre as principais potências emergentes do continente.

A última jornada da fase de grupos será contra o Sudão, mas para as Palancas Negras, o objectivo será principalmente dar oportunidade a novos jogadores e testar estratégias para o futuro.

O técnico Pedro Gonçalves deixou claro que a ambição vai além da qualificação:

“Estamos focados no Mundial”.

“O CAN é uma etapa importante, mas queremos representar Angola ao mais alto nível em todas as competições”.

Nos últimos anos os Black Stars têm enfrentado dificuldades para manter a coesão táctica e desenvolver talentos que possam competir no mais alto nível. Internamente, questões sobre a gestão da equipa técnica e problemas estruturais no futebol do país já levantam sérias preocupações.

A eliminação precoce reflecte não apenas os desafios dentro de campo, mas também problemas estruturais no futebol ganês. Jordan Ayew, capitão da equipa, admitiu após o jogo:

“Demos o nosso melhor, mas não foi suficiente”.

“Temos muito a corrigir para voltarmos mais fortes”.

O empate entre Angola e Gana marcou um momento histórico para ambas as selecções, mas com significados completamente opostos. Enquanto Angola celebra o seu domínio no Grupo F e o apuramento antecipado para o CAN 2025, o Gana enfrenta um momento de introspecção e reconstrução.

Com o apuramento garantido, Angola agora prepara-se para enfrentar o Sudão na última jornada, em Benghazi. Mais do que um simples jogo de encerramento, a partida será uma oportunidade para solidificar a reputação da equipa como uma das forças emergentes do futebol africano.

Com uma equipa em ascensão e um treinador que trouxe nova vida ao futebol angolano, os Palancas Negras estão a caminho de se tornarem protagonistas no panorama desportivo africano. O CAN 2025 vai ser o palco ideal para Angola ter a chance de mostrar ao continente e ao mundo o potencial do seu futebol.