13.7 C
Londres
Quinta-feira, Maio 22, 2025

20 de Maio é o Dia Mundial da Abelha

As Abelhas garantem 75% das culturas alimentares, mas 35% das espécies, estão neste momento em risco de extinção. A ONU instituiu o Dia Mundial da Abelha para tentar travar o colapso destas polinizadoras. África é a excepção destacando-se pela resistência das suas abelhas a parasitas que devastam colmeias noutros continentes, mas a crise é mundial e exige uma acção imediata.

20 de Maio é o Dia Mundial da Abelha


O Dia Mundial da Abelha celebra-se todos os anos a 20 de Maio. A data homenageia Anton Janša (1734-1773), pioneiro esloveno da apicultura moderna. A Eslovénia propôs a efeméride em 2017, após anos de campanha por apicultores e ambientalistas.

O objectivo deste dia é o de sensibilizar as pessoas para práticas agrícolas sustentáveis e reduzir o uso de pesticidas neonicotinóides, os principais responsáveis pelo colapso das colónias de abelhas no mundo.

As abelhas são responsáveis pela polinização de 75% das culturas que alimentam a humanidade, incluindo maçãs, café e amêndoas. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que 35% dos polinizadores enfrentam a extinção acelerada. Este declínio, 100 a 1.000 vezes superior ao natural, ameaça a produção de alimentos no valor de 577 mil milhões de dólares.

O desaparecimento das abelhas colocaria em risco a dieta de 2 mil milhões de pessoas. Em 2025, o tema “Abelha inspirada pela natureza para nos alimentar a todos”, destaca a necessidade de se harmonizar agricultura e ecossistemas.

A crise é mundial, mas África tem-se conseguido aguentar já que as abelhas africanas (Apis mellifera scutellata) resistem a parasitas como o Varroa destructor que devastam colmeias noutros continentes. A Etiópia, o maior produtor africano, registou uma produção de 45.000 toneladas de mel em 2023. Contudo, as alterações climáticas e o desmatamento pressionam os habitats naturais, mesmo no continente.


A Instituição do Dia


Please accept YouTube cookies to play this video. By accepting you will be accessing content from YouTube, a service provided by an external third party.

If you accept this notice, your choice will be saved and the page will refresh.

———————————————————————————————

Aceite os cookies do YouTube para reproduzir este vídeo. Ao aceitar, estará a aceder ao conteúdo do YouTube, um serviço fornecido por terceiros.

Se aceitar, a sua escolha será salva e a página será atualizada.

YouTube privacy policy

 

O Dia Mundial da Abelha foi proposto pela Eslovénia em 2017, reconhecendo o papel de Anton Janša, pioneiro nas modernas técnicas de apicultura do século XVIII. O dia foi proclamado pela ONU através da Resolução 72/211, adoptada na Assembleia Geral de 20 de Dezembro de 2017.

Segundo a ONU, a data foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas para lembrar a importância da polinização para o desenvolvimento sustentável.


A Crise dos Polinizadores


Imagem © 2020 FAO / Greg Beals (20250520) 20 de Maio é o Dia Mundial da Abelha

Actualmente reconhecem-se mais de 200 000 de espécies animais polinizadores, a maioria das quais são selvagens, incluindo borboletas, aves, morcegos e mais de 20.000 espécies de abelhas.

A mortalidade das abelhas disparou no mundo inteiro devido a pesticidas, perda de habitats e parasitas. Na Europa, de 2000 até hoje, já desapareceram 35% das colónias. Nos Estados Unidos, o Colony Collapse Disorder (CCD) dizimou 40% das colmeias entre 2006 e 2015. Na Índia, o uso excessivo de químicos nas plantações de algodão reduziu as populações locais em 60%.

Em África, apesar de a apicultura crescer em média 12% ao ano, também não escapa da crise dos polinizadores: 17% das espécies de vertebrados polinizadores, como os morcegos, também estão ameaçadas.

As alterações climáticas perturbam os ciclos de floração, deixando as abelhas sem alimento. Na Austrália, os incêndios florestais em 2023 destruíram 80% das colmeias em Victoria. Na Amazónia brasileira, o desmatamento eliminou plantas melíferas essenciais para espécies nativas. A ONU classifica a perda dos polinizadores como uma emergência silenciosa.

A agricultura industrial é a principal culpada. Monoculturas como a soja e o milho não oferecem diversidade nutricional. Na Argentina, 90% das colmeias dependem de campos transgénicos tratados com imidacloprida, um pesticida proibido na UE. Este químico paralisa o sistema nervoso das abelhas, impedindo-as de regressar às colmeias.

A poluição luminosa nas cidades desorienta os polinizadores nocturnos, como as mariposas-esfinge. Em Tóquio, 70% destes insectos morrem ao colidir com luzes artificiais. Na Alemanha, a iluminação pública reduziu a polinização nocturna em 50%, afectando culturas como a lichia.


Soluções em Acção


A União Europeia proibiu três neonicotinóides (imidacloprida, clotianidina, tiametoxam) em 2018, resultando na recuperação de 20% das colónias. A França criou “corredores polinizadores” ao longo de 1.200 km de auto-estradas, plantando flores silvestres. Nos EUA, o programa Farm Bill subsidia agricultores que reservam 10% das terras para habitats naturais.

A agroecologia ganha terreno como alternativa viável. No Brasil, os produtores de café combinam as plantações com ingazeiras e jatobás, árvores nativas que atraem abelhas. No Vietname, a polinização manual com cotonetes substitui insectos em estufas de manga, mas o custo é 300% superior. A Índia testa abelhas solitárias (Osmia spp.) para polinizar pomares em Punjab.

Tecnologias emergentes incluem drones polinizadores e colmeias inteligentes. No Japão, microrrobôs dispersam pólen em estufas de pêra. Na Alemanha, sensores vigiam a temperatura, humidade e o som nas colmeias, alertando os apicultores via SMS. No entanto os especialistas argumentam que estas soluções não substituem a complexidade dos ecossistemas vivos.


África: Resistir, Resistir, Resistir


Imagem © 2014 DR (20250520) 20 de Maio é o Dia Mundial da Abelha

Etiópia: O Modelo Africano


As abelhas africanas destacam-se pela resistência genética a parasitas. A Etiópia é o décimo produtor de mel do mundo, com uma produção média de 45.000 toneladas anuais. As florestas de acácias e eucaliptos fornecem néctar durante todo o ano.

O governo etíope integrou a apicultura no plano nacional de erradicação da pobreza e as Cooperativas rurais recebem subsídios para adquirir equipamentos modernos. As técnicas tradicionais como a utilização de colmeias de cortiça em eucaliptos preservam 85% das colónias.

A região de Oromia, responsável por 60% da produção nacional, usa técnicas de apicultura em altura. As colmeias são colocadas em árvores acima de 10 metros para evitarem os predadores. Esta prática ancestral aumenta a pureza do mel, valorizando-o no mercado europeu.

A Alemanha importa 30% do mel etíope para a indústria farmacêutica e a cera etíope, livre de pesticidas, é exportada para a UE a 15 euros/kg.

A FAO apoiou a criação de 120 centros de formação apícola na Etiópia desde 2020, onde os agricultores aprendem a controlar infestações sem químicos, usando folhas de neem e alho. O resultado é um mel 100% orgânico, certificado pela União Europeia. A Etiópia ambiciona triplicar a produção até 2030, gerando 500.000 empregos directos.

Angola: Apicultura como Alternativa Económica


Angola investiu 15 milhões de dólares no Plano Nacional de Apicultura (2023-2026), apoiando 10.000 apicultores nacionais focando-se nas mulheres e nos jovens. As Cooperativas recebem colmeias modernas e formação em gestão financeira e no município do Catchiungo, no Planalto Central, as mulheres produzem própolis para exportação para o Brasil.

O própolis é usado em suplementos alimentares e medicamentos naturais e a cera angolana, com certificação orgânica, é usada em cosméticos de luxo franceses. Angola produziu 3.200 toneladas de mel em 2023, um aumento de 18% face a 2022. As províncias do Huambo e do Bié estão à frente do sector, aproveitando as florestas de eucalipto introduzidas na era colonial.

A Guerra Civil (1975-2002) destruiu 70% das colmeias tradicionais em Angola, mas projectos de reinserção social usam a apicultura para reintegrar ex-combatentes. Na província do Uíge, ex-soldados produzem velas de cera para cerimónias religiosas, tendo a iniciativa reduzido a caça furtiva em áreas florestais protegidas.

O Impacto das Alterações Climáticas


As secas prolongadas no Corno de África reduziram a floração em 40% de 2020 até à data actual. Na Somália, os apicultores migram com as colmeias para regiões montanhosas à procura de água. O conflito entre os pastores e os apicultores pelos recursos hídricos aumentou 30% em 2024, segundo a ONU.Na África Austral, os ciclones tropicais em 2023, destruíram 20.000 colmeias em Moçambique.
O governo moçambicano introduziu seguros agrícolas subsidiados para os apicultores. O programa cobre perdas por eventos climáticos e ataques de predadores. Até agora, 2.000 produtores aderiram à iniciativa.A subida do nível do mar ameaça os mangais na Guiné-Bissau, um habitat crucial das abelhas nativas. As organizações locais replantam árvores de mangal e constroem barragens de protecção. O mel de mangal, raro e valorizado, é vendido a 50 euros o quilograma na Europa.

Tecnologia e Inovação na Apicultura


Aplicativos como BeeTrack vigiam colmeias em tempo real na África do Sul, os sensores medem a temperatura, a humidade e a produção de mel, enviando alertas via SMS. Os agricultores na província do Limpopo reduziram perdas em 50% usando esta tecnologia. A start-up responsável recebeu o financiamento da União Europeia em 2024.

No Quénia, drones polinizadores são testados em estufas de flores para exportação. Os dispositivos, carregados com pólen, imitam o movimento das abelhas. A técnica é usada em culturas de alto valor, como rosas e abacates. Os puristas alertam para o risco de dependência tecnológica, mas os produtores defendem a inovação.

A impressão 3D revoluciona a produção de colmeias em Marrocos. Modelos modulares, feitos de bioplástico, são mais resistentes a parasitas. A Universidade de Rabat desenvolveu uma colmeia auto-suficiente, com sistema de irrigação interno. O projecto venceu o prémio África de Inovação Agrícola em 2023.

A Tanzânia combate o desmatamento integrando colmeias em reservas naturais. Guardas-florestais treinam comunidades para proteger os enxames, gerando rendimentos adicionais com o mel orgânico. O modelo reduziu conflitos homem-elefante em 40% no Parque de Serengeti. Moçambique seguiu o exemplo, criando 200 apiários no Corredor da Beira.


O Caminho a Seguir


A ONU recomenda a adopção global da agroecologia até 2030. Esta prática aumenta a produtividade em 30% e reduz os pesticidas em 75%, segundo a FAO. A Costa Rica tornou-se o primeiro país a banir totalmente os neonicotinóides em 2024. A Nova Zelândia financia a reconversão de 10.000 hectares para cultivar plantas polinizadoras.

Os consumidores finais têm um papel crucial. A escolha de produtos orgânicos e mel local pressiona a indústria a adoptar práticas sustentáveis. Na Coreia do Sul, o “mel de metro” produzido em colmeias urbanas triplicou desde 2022. Em Londres, 70% dos jardins públicos são agora “amigos das abelhas”.

A educação é fundamental. Portugal integrou a apicultura nos currículos escolares em 2023. As crianças aprendem a montar colmeias e a identificar plantas melíferas. O México lançou uma app que ensina como efectuar polinização manual para uso de agricultores idosos.


Conclusão


O Dia Mundial da Abelha 2025 lembra que a sobrevivência humana está entrelaçada com a destes insectos. Enquanto a Europa e as Américas lutam contra declínios drásticos, África mostra que tradição e inovação podem coexistir.

A solução exige cooperação mundial: reduzir os pesticidas, restaurar os habitats e educar as comunidades. Cada jardim florido, cada escolha de consumo consciente, é um passo para um planeta onde as abelhas e os humanos prosperam juntos.

 


Qual é para ti a importância da Abelha no nosso ecossistema?  Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2023 DR
Francisco Lopes-Santos

Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.

Olá 👋
É um prazer conhecermo-nos.

Regista-te para receberes a nossa Newsletter no teu e-mail.

Não enviamos spam! Lê a nossa política de privacidade para mais informações.

Francisco Lopes-Santos
Francisco Lopes-Santoshttp://xesko.webs.com
Atleta olímpico, tem um Doutoramento em Antropologia da Arte e dois Mestrados um em Treino de Alto Rendimento e outro em Belas Artes. Escritor prolifero, já publicou vários livros de Poesia e de Ficção, além de vários ensaios e artigos científicos.
Ultimas Notícias
Noticias Relacionadas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leave the field below empty!

Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

error: Content is protected !!