HABEMUS PAPAM (R. Francis Prevost) Leão XIV
Leão XIV é o novo Papa. O tão esperado fumo branco, indicação da eleição do 267° Sucessor de Pedro, começou a sair da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina pouco depois das 18 horas e 07 minutos (hora local) desta Quinta-feira, 8 de Maio de 2025, provocando uma verdadeira comoção e gritos de júbilo entre os milhares de presentes na Praça São Pedro e Via da Conciliação,
Os cardeais chegaram a um consenso, há quarta votação do Conclave sobre o nome do novo Sucessor de Pedro. O badalar dos sinos da Basílica de São Pedro que se seguiu ao fumo branco, foi uma confirmação de que “Habemus Papam”. Aqueles que se encontravam no local, foram testemunhas oculares de um dia histórico para a Igreja e para o mundo.
Tendo aceite a sua eleição à Cátedra de Pedro, o novo Pontífice deixou a Capela Sistina e dirigiu-se à chamada “Sala das Lágrimas”. Ali, com a ajuda do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dom Diego Giovanni Ravelli, vestiu as roupas papais preparadas para o momento e dirigiu-se até a Sacada Central da Basílica (Loggia das Bênçãos), para se dar a conhecer ao mundo.
Antes de aparecer na sacada, o Cardeal Dominique Mamberti, anunciou ao mundo o nome do novo Papa.
Annuntio vobis gaudium:
HABEMUS PAPAM
Eminentissimum ac reverendissimum Dominum Robertum Franciscum Sanctae Romane Ecclesiae Cardinala Prevost qui sibi nomen imposuit Leo XIV
Anuncio-vos uma grande alegria:
TEMOS UM PAPA
O eminentíssimo e reverendíssimo, Senhor Robert Francis Prevost, Cardeal da Santa Igreja Romana, escolheu o nome de Leão XIV
João Paulo I, a 1978, e Bento XVI, a 2005, também foram eleitos no quarto escrutínio. A eleição do novo Sumo Pontífice ocorreu no dia da Súplica da Nossa Senhora de Pompeia.
A Eleição de Um Papa
Fumo Branco
O Fumo Branco que sai da chaminé colocada no topo da Capela Sistina é o sinal que informa aos fiéis e ao mundo que um novo Bispo de Roma, o sucessor de Pedro, foi eleito Papa.
Mas, até isso acontecer, poda ocorrer até 33 votações que, caso não se chegue a um consenso de 2/3 faz com que sai da chaminé colocada no topo da Capela Sistina, Fumo Preto. Se não for obtido um consenso, a 34 votação é efectuada apenas entre os dois nomes mais votados e aquele que receber o maior número de votos será nomeado Papa.
O Rito da Aceitação
De acordo com as regras estabelecidas no Ordo Rituum Conclavis e na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, quando um dos Cardeais presentes na Capela Sistina recebe a maioria necessária (2/3) e a eleição ocorreu canonicamente, esse Cardeal é nomeado Papa.
O Cardeal mais antigo por ordem e idade (ou, se for o eleito, o seguinte na linha de sucessão) pede, a latim e a nome de todo o Colégio Eleitoral, o consentimento do Cardeal eleito com as seguintes palavras:
“Aceita a sua eleição canónica como Sumo Pontífice?”
Ao receber o consentimento, então pergunta:
“Qual é o nome pelo qual deseja ser chamado?”
O Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, actuando como notário e com dois cerimoniais como testemunhas, elabora então um documento confirmando a aceitação do Papa eleito e o nome por ele escolhido.
A Conclusão do Conclave
A Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis afirma que o conclave termina quando o novo Papa aceita a sua eleição, a menos que ele decida o contrário, repetindo-se nesse caso a eleição.
Ao aceitar, nesse momento, o Substituto da Secretaria de Estado, o Secretário para as Relações com os Estados e outros que precisa discutir assuntos imediatos com o novo Papa, poda entrar na Capela Sistina.
A Sala das Lágrimas
Após a conclusão do rito da aceitação, todos os boletins de voto e outros documentos relacionados à eleição são queimados, colocando também na queima um produto químico que produz o Fumo Branco, sinaliza ao mundo que um novo Papa foi escolhido.
Enquanto os fiéis na Praça de São Pedro aplaudem e o mundo aguarda o nome do novo Papa, o recém-eleito Pontífice sai da Capela Sistina e entra na “Sala das Lágrimas”.
Lá, com a ajuda do Mestre de Celebrações Litúrgicas, ele remove a vestimenta cardinalícia e veste uma das três vestes papais preparadas para a ocasião e passa alguns minutos a oração.
Saudação e “Te Deum”
Ao retornar à Capela Sistina, o Papa recém-eleito senta-se na cadeira papal e começa uma breve cerimónia, introduzida com uma saudação do Cardeal sénior da Ordem dos Bispos.
O Cardeal sacerdote sénior lê então uma passagem do Evangelho, seja “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” ou “Apascenta as minhas ovelhas”. Após esse momento, o Cardeal Protodiácono oferece uma oração pelo recém-eleito Sucessor de Pedro.
A seguida, todos os Cardeais eleitores, a ordem de precedência, apresentam-se para saudar o novo Papa e jurar-lhe obediência. A cerimónia encerra-se com o canto do Te Deum, regido pelo Papa recém-eleito.
A Oração na Capela Paulina
O Cardeal Protodiácono dirige-se à Loggia das Bênçãos para anunciar a eleição e o nome do novo Papa com a fórmula tradicional: “Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam!” (“Anuncio-vos uma grande alegria: temos um Papa!”).
Enquanto isso, o novo Papa, antes de seguir para a Loggia das Bênçãos, pára na Capela Paulina para rezar a silêncio diante do Santíssimo Sacramento. Após esse momento de oração, ele sai para a Loggia das Bênçãos, onde faz a sua saudação e concede a primeira bênção apostólica, Urbi et Orbi — à cidade e ao mundo.
A Primeira Saudação
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A paz esteja convosco!
Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação de Cristo Ressuscitado, o Bom Pastor que deu a vida pelo rebanho de Deus. Eu também gostaria que esta saudação de paz entrasse nos vossos corações, chegasse às vossas famílias, a todas as pessoas, onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a terra. A paz esteja convosco!
Esta é a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante. Ela vem de Deus, Deus que nos ama a todos incondicionalmente. Ainda conservamos nos nossos ouvidos aquela voz fraca, mas sempre corajosa, do Papa Francisco que abençoava Roma!
O Papa que abençoava Roma concedia a sua bênção ao mundo, ao mundo inteiro, naquela manhã do dia de Páscoa. Permitam-me prosseguir com essa mesma bênção: Deus ama-nos, Deus ama-nos a todos e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos de mãos dadas com Deus e entre nós, sigamos a frente. Somos discípulos de Cristo.
Cristo precede-nos. O mundo precisa da sua luz. A humanidade precisa dele como ponte para ser alcançada por Deus e pelo seu amor. Ajudai-nos também a vós, e depois uns aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos a todos para sermos um só povo, sempre a paz. Obrigado, Papa Francisco!
Quero também agradecer a todos os meus irmãos cardeais que me escolheram para ser o Sucessor de Pedro e caminhar junto com vocês, como Igreja unida, sempre na procura da paz, aa justiça, procurando sempre trabalhar como homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo, sa medo, para proclamar o Evangelho, para sermos missionários.
Sou filho de Santo Agostinho, um agostiniano que disse: “com vocês sou cristão e para vocês bispo”. Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo àquela pátria que Deus nos preparou.
À Igreja de Roma, uma saudação especial! Devemos procurar como ser-mos uma Igreja missionária juntos, uma Igreja que constrói pontes, dialoga, sempre aberta para receber como esta praça com os braços abertos. A todos, a todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do diálogo e do amor.
Y si me permiten también, una palabra, un saludo a todos aquellos y en modo particular a mi querida diócesis de Chiclayo, en el Perú, donde un pueblo fiel ha acompañado a su obispo, ha compartido su fe y ha dado tanto, tanto para seguir siendo Iglesia fiel de Jesucristo.
(E se também me permitem, uma palavra, uma saudação a todos aqueles e, a particular à minha querida Diocese de Chiclayo, no Peru, onde um povo fiel acompanhou o seu bispo, partilhou a sua fé e deu muito, muito para continuar a ser a Igreja fiel de Jesus Cristo.)
A todos vocês, irmãos e irmãs de Roma, da Itália, do mundo inteiro, queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que procura sempre a paz, que procura sempre a caridade, que procura sempre estar próxima, especialmente daqueles que sofrem.
Hoje é o dia da Súplica a Nossa Senhora de Pompeia. A nossa Mãe Maria, quer sempre caminhar connosco, estar próxima, ajudar-nos com a sua intercessão e o seu amor. Por isso, gostaria de rezar junto com vocês. Rezemos juntos por esta nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo e peçamos esta graça especial a Maria, nossa Mãe.
Quem é o Papa Leão XIV: Robertum Franciscum Prevost
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As Origens
O norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, é o primeiro Papa agostiniano, o segundo sumo pontífice das américas – o Papa Francisco foi o primeiro – e o primeiro da América do Norte.
O novo bispo de Roma nasceu a 14 de Setembro de 1955 em Chicago, Illinois, filho de Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola. Ta dois irmãos, Louis Martín e John Joseph.
Passou a infância e a adolescência com a família e estudou primeiro no Seminário Menor dos Padres Agostinianos e depois na Villanova University, na Pensilvânia, onde se formou a 1977 a Matemática e estudou Filosofia.
A 1 de Setembro do mesmo ano, ingressou no noviciado da Orda de Santo Agostinho (OSA) a St. Louis, na província de Nossa Senhora do Bom Conselho, a Chicago e fez a sua primeira profissão de fé a 2 de Setembro de 1978. A 29 de Agosto de 1981, professou os seus votos solenes.
Estudou na Catholic Theological Union a Chicago, graduando-se a Teologia. Aos 27 anos, foi enviado pêlos seus superiores a Roma para estudar Direito Canónico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (Angelicum).
Na Urbe, foi ordenado sacerdote a 19 de Junho de 1982, no Colégio Agostiniano de Santa Mónica, por Dom Jean Jadot, pró-presidente do Pontifício Conselho para os Não Cristãos, hoje Dicastério para o Diálogo Inter-religioso.
Missão no Peru
Prevost obteve a licenciatura a 1984 e, no ano seguinte, enquanto preparava a sua tese de doutorado, foi enviado para a missão agostiniana a Chulucanas, Piura, Peru (1985-1986).
A 1987 defendeu a sua tese de doutorado sobre “O papel do prior local da Orda de Santo Agostinho” e foi nomeado Director de Vocações e Director de Missões da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho” a Olympia Fields, Illinois (EUA).
No ano seguinte, entrou para na missão de Trujillo, também no Peru, como director do projecto de formação comum para os aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac.
Durante onze anos, ocupou os cargos de Prior da comunidade (1988-1992), Director de Formação (1988-1998) e formador dos professos (1992-1998) e na Arquidiocese de Trujillo foi Vigário Judicial (1989-1998) e Professor de Direito Canónico, Patrística e Moral no Seminário Maior “São Carlos e São Marcelo”.
Ao mesmo tempo, também lhe foi confiado o cuidado pastoral de Nossa Senhora Mãe da Igreja que mais tarde foi erigida como paróquia com o título de Santa Rita (1988-1999), na periferia pobre da cidade e foi administrador paroquial de Nossa Senhora de Monserrat de 1992 a 1999.
A 1999, foi eleito prior provincial da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho” de Chicago e, dois anos e meio depois, no Capítulo Geral Ordinário da Ordem de Santo Agostinho, os seus coirmãos escolheram-no como prior geral, confirmando-o a 2007 para um segundo mandato.
Nomeações Episcopais
A Outubro de 2013, retornou à sua província agostiniana, a Chicago e foi director de formação no convento de Santo Agostinho, primeiro conselheiro e vigário provincial; cargos que ocupou até que o Papa Francisco o nomeou, a 3 de Novembro de 2014, administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo, elevando-o à dignidade episcopal como bispo titular de Sufar.
Entrou para a diocese a 7 de Novembro, na presença do Núncio Apostólico James Patrick Green que o ordenou bispo pouco mais de um mês depois, a 12 de Dezembro, na festa da Nossa Senhora de Guadalupe, na Catedral de Santa Maria.
O seu lema episcopal é “In Illo uno unum”, palavras que Santo Agostinho pronunciou a um sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”.
A 26 de Setembro de 2015, foi nomeado bispo de Chiclayo pelo pontífice argentino e, a Março de 2018, foi eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana, na qual também foi membro do Conselho Económico e presidente da Comissão de Cultura e Educação.
A 2019, por decisão do Papa Francisco, foi incluído entre os membros da Congregação para o Clero a 13 de Julho de 2019 e, no ano seguinte, entre os membros da Congregação para os Bispos (21 de Novembro). Nesse meio tempo, a 15 de Abril de 2020, recebeu a nomeação pontifícia também como administrador apostólico da diocese peruana de Callao.
Cardinalato
A 30 de Janeiro de 2023, o Papa chamou-o a Roma como Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, promovendo-o a arcebispo. E, no Consistório de 30 de Setembro do mesmo ano, tornou-o Cardeal, atribuindo-lhe o diaconato de Santa Mónica.
Prevost tomou posse a 28 de Janeiro de 2024 e, como chefe do dicastério, participou das últimas viagens apostólicas do Papa Francisco e das primeira e segunda sessões da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, realizadas a Roma de 4 a 29 de Outubro de 2023 e de 2 a 27 de Outubro de 2024, respectivamente.
Enquanto isso, a 4 de Outubro de 2023, o Papa Francisco incluiu-o entre os membros dos Dicastérios para a Evangelização, Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares; para a Doutrina da Fé; para as Igrejas Orientais; para o Clero; para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; para a Cultura e a Educação; para os Textos Legislativos; da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano.
Finalmente, a 6 de Fevereiro deste ano, ele foi promovido à ordem dos bispos pelo Pontífice argentino, obtendo o título de Igreja Suburbicária de Albano. Durante a última hospitalização do seu predecessor no hospital ‘Gemelli’, Prevost presidiu o rosário pela saúde do Papa Francisco a 3 de Março, na Praça São Pedro.
Conclusão
A eleição de Leão XIV marca um novo capítulo para a Igreja Católica, unindo tradição e renovação. O primeiro Papa agostiniano da história traz consigo a experiência de décadas de missão no Peru e uma visão sinodal marcada pelo seu predecessor o Papa Francisco. Com o lema “In Illo uno unum”, herdado de Santo Agostinho, o novo Pontífice promete fortalecer diálogos inter-religiosos e a justiça social.
O seu perfil multicultural — filho de pai franco-italiano e mãe espanhola — reflecte a universalidade da fé católica. A escolha do nome “Leão” evoca os papas reformistas do século XIX, apontando para um pontificado que equilibra raízes teológicas e abertura ao mundo moderno. Resta saber como gerirá desafios como a secularização na Europa e a procura pela transparência da Cúria.
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Imagem: © 2025 Dicasterium pro Communicatione
