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Segunda-feira, Abril 7, 2025

Angola: Cólera Já Matou 404 Pessoas Este Ano

Segundo Organização Mundial da Saúde, Angola registou quase 3.500 casos de cólera no último mês, o que representa 56% do total em África. A província de Benguela, com 83 casos, é agora o epicentro da doença.

Angola: Cólera Já Matou 404 Pessoas Este Ano


Angola está a enfrentar um surto de cólera sem precedentes, com 404 mortes registadas desde que foi declarado o surto em janeiro. A epidemia já se alastrou a 17 das 21 províncias do país, transformando Luanda e Benguela em focos críticos de uma crise sanitária agravada por sistemas de saúde frágeis e infraestruturas precárias.

A situação em Angola começa a ficar fora de controle, apresentando neste momento uma taxa de mortalidade na casa dos 4% — quatro vezes superior ao limite aceitável pela OMS — pressionando as autoridades a reforçarem medidas de emergência, como a importação adicional de vacinas.

A cólera é uma infeção intestinal transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados, associada à insalubridade, más condições de saneamento e falta de qualidade da água e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), está a crescer a nível mundial devido aos conflitos, catástrofes naturais e alterações climáticas.


Crise Sanitária


A crise sanitária em Angola aparenta estar a ficar fora de controle. Só nas últimas 24 horas, foram registados mais 206 casos de cólera, representando 36% do total dos casos notificados este ano.

Segundo o representante da Organização Mundial de Saúde, Philippe Barboza, a capital angolana, Luanda, foi gravemente afetada e, no último mês, o país registou quase 3.500 casos, o que representa 56% do total em África.

Angola, com 36% dos casos notificados em todo o mundo, é também um dos países com maior taxa de mortalidade, próxima dos 4%, acima da taxa de 1% definida como admissível pela OMS.

A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, deu conta que Angola recorreu ao Grupo Coordenador Internacional de Vacinas de Emergência e foi autorizada a adquirir mais de um milhão de doses adicionais de vacinas, para as áreas mais afetadas e que as mesmas já se encontram no país desde 17 de março.

A cólera também está a afetar países anteriormente livres da doença, como a Namíbia que, pela primeira vez em 10 anos, registou infeções da doença, enquanto o Quénia, o Malawi, a Zâmbia e o Zimbabwe estão também a registar um ressurgimento da cólera.


Os Surtos Estão a Ficar Piores


Os recentes cortes no financiamento da ajuda internacional também estão a dificultar o combate à doença, segundo os especialistas da OMS, destacando que os surtos estão a ficar piores.

Segundo o Ministério da Saúde de Angola, nas últimas 24 horas foram notificados ao Centro de Processamento de Dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Direção Nacional de Saúde Pública, 206 casos de cólera, foram registados 6 óbitos e estão internadas 625 pessoas com cólera.

Desde o início do surto, a 7 de janeiro, foi reportado um total cumulativo de 10.771 casos e 404 mortes devido à doença, 40% dos quais na província de Luanda. A doença está espalhada por 17 das 21 províncias angolanas, sendo que a província de Benguela é agora o epicentro da doença com 83 casos.


Conclusão


Esta epidemia de cólera em Angola revela a falência de sistemas de prevenção do país, onde doenças associadas à pobreza se tornam catastróficas em contextos de negligência estrutural. A combinação de pobreza, infraestruturas deficitárias e financiamento insuficiente cria um panorama propício a tragédias evitáveis.

A chegada de vacinas, embora urgente, com hospitais saturados e comunidades sem acesso a água potável, não resolve as questões estruturais — os fatores que transformam surtos em catástrofes.

Enquanto a OMS alerta para o impacto dos conflitos e das alterações climáticas, a lição é clara: sem investimentos em saneamento básico e cooperação regional para romper com os padrões históricos de desigualdade, a cólera continuará a ser um círculo vicioso.

A resposta internacional imediata precisa de ir além de medidas reativas, devendo dar prioridade à equidade sanitária para que os países africanos não paguem, com vidas, o preço da negligência histórica.


O que pensas desta situação epidémica em Angola? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2021 Mathurin NAPOLY / Unsplash
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