Empresárias africanas apostam na inovação.
Um estudo da UNESCO revelou que uma em cada quatro empresárias africanas criou negócios inovadores, segundo um comunicado divulgado por esta organização mundial. O estudo apontou que a falta de investimentos e a formação são citados como as maiores dificuldades para que as mulheres africanas se possam tornar empresárias.
A pesquisa, consultada por Mais Afrika, analisou mais de 420 mulheres em 10 países de África, incluindo Moçambique. Entre as empresárias inovadoras, oito criaram aplicativos para telemóveis, sozinhas ou em parceria e, 17 conseguiram obter patentes para as respetivas invenções.
Formação Digital
Uma dessas empresárias, Jessica Manhiça, é fundadora da iniciativa Ideário, que oferece formação digital para mulheres moçambicanas. Jessica destacou que muitas mulheres não possuem acesso a computadores e telemóveis, disparidade confirmada por números divulgados pela ICT Research Africa. Os dados revelam que apenas 6,8% das mulheres usam internet no país.
Em entrevista à ONU News, de Maputo, a empresária moçambicana ressaltou que o seu centro de inovação procura diminuir essas lacunas e facilitar a inserção de mulheres no mercado de tecnologia.
“Sofri na primeira pessoa algumas das dificuldades – algumas não, muitas – que existem para mulheres no setor de tecnologia e no ambiente profissional também”.
“Faz muito sentido trabalhar com raparigas que tenham aspirações profissionais também nessa área”.
Outra dificuldade considerada por Jéssica são os poucos investimentos específicos para que mulheres e futuras empresárias, tenham espaço no setor tecnológico.
“Uma das limitações que eu vivi diretamente foi a falta de recurso financeiros e recursos didáticos”.
“É preciso ter um foco especial nas raparigas e nas mulheres quando se trata de digitalização e formação profissional”.
A tradição também vende
Outra das empresárias analisadas, Christy Shakuyungwa, da Namíbia, apresentou um plano para vender bonecas com características e trajes representativos dos 13 grupos étnicos do seu país.
Christy chama à sua empresa de Taati & Friends e aspira um dia vender bonecas com características e trajes típicos de cada país africano. As candidatas a Miss Universo e a Miss Mundo do Botsuana usaram vestidos inspirados no estilo africano de GofaModimo Sithole.
A fundadora da Ten Talents Ltd. também vestiu o presidente Ian Khama e o seu gabinete para a celebração do quinquagésimo aniversário da independência.
“Eu sabia desde muito jovem que queria ser a minha própria chefe — e ter mais dinheiro”, disse.
Falta de apoios às empresárias
O estudo que foi efetuado pela UNESCO, revela que 70% das mulheres entrevistadas citaram a falta de recursos. Quando questionadas sobre o apoio que mais gostariam de obter do governo ou dos seus parceiros potenciais, o financeiro ficou atrás do da formação.
Das 125 mulheres que especificaram que o seu financiamento inicial não vinha de investidores, metade tinha obtido um empréstimo bancário e um terço tinha utilizado fundos próprios, de familiares ou de amigos.
A publicação da UNESCO destaca que 90% das mulheres empresárias nos países estudados, foram encorajadas por outras histórias de sucesso e pelas oportunidades existentes no continente.
É interessante notar que as entrevistadas consideraram os avanços em igualdade e na inclusão essenciais para a próxima geração de novas empresárias. Citando uma entrevistada, ao ser questionada por que tinha ela começado o seu próprio negócio, a sua resposta foi “para a minha filha”.
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Imagem: © 2017 D.A. Peterson