Gana: Tecido Kente Reconhecido pela UNESCO
O tecido Kente, um dos maiores símbolos culturais do Gana, alcançou um novo marco na sua longa trajectória de relevância histórica e artística. A inscrição deste artefacto cultural na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO sublinha a sua importância e relevância para o Gana, para África e também para o resto do mundo.
Este reconhecimento é uma vitória para as comunidades que o criam e para todo o continente africano que continua a ver as suas expressões culturais ganharem um lugar de destaque a nível mundial.
O Kente, conhecido pelos seus padrões intrincados e cores vibrantes, é muito mais do que um simples tecido. Para os povos Asante e Ewe, ele representa uma herança ancestral com séculos de história e significado. É uma forma de expressão, de contar histórias e de reforçar a identidade colectiva dos povos do Gana.
O novo estatuto como Património Cultural Imaterial da Humanidade reforça ainda mais o compromisso do Gana com a preservação da sua rica tradição cultural. Numa declaração recente, o Ministro do Turismo, Artes e Cultura do Gana, Andrew Egyapa Mercer, descreveu este feito como um testemunho do esforço contínuo do país em preservar e celebrar as suas tradições culturais.
“Este marco coloca o Gana na liderança dos esforços mundiais para salvaguardar e promover o património cultural”, afirmou o ministro.
Herança Viva
A singularidade do tecido Kente reside não apenas no seu visual deslumbrante, mas também em todo o processo que envolve a sua produção. Totalmente feito à mão, o tecido Kente é uma manifestação viva da cultura e história do Gana e a sua confecção artesanal é um processo transmitido de geração em geração, mantendo-se fiel às práticas e técnicas ancestrais.
Este ofício é preservado com rigor nas comunidades Bonwire e Agotime que são os principais centros da sua produção. Cada etapa da confecção do Kente é realizada com precisão e paciência, reflectindo o profundo respeito dos artesãos pela arte herdada. Além disso, o Kente representa uma ligação directa entre o passado e o presente.
A transmissão de conhecimentos entre gerações garante que esta prática cultural permaneça intacta, enquanto evolui subtilmente para atender às necessidades contemporâneas. A preservação desta arte é um exemplo de como tradições culturais podem permanecer vivas e relevantes, mesmo face às transformações sociais e económicas.
Ao longo dos séculos, o Kente transformou-se num símbolo da continuidade cultural do Gana. Mesmo em face de influências externas e da modernização, as comunidades envolvidas na sua produção conseguiram manter a autenticidade deste legado cultural, garantindo a sua valorização como património inestimável.
Símbolo Cultural
O Kente é muito mais do que um simples tecido, ele carrega uma profunda carga simbólica. Cada cor, padrão e design possui um significado específico que pode representar valores como unidade, prosperidade, espiritualidade, liderança ou força comunitária. Este simbolismo faz do tecido uma linguagem visual única, onde cada peça conta uma história que reflecte a identidade e os valores do seu utilizador.
Para os povos Asante e Ewe, o Kente é usado em eventos cerimoniais importantes, como casamentos, festividades e encontros de relevância social. Nestas ocasiões, ele funciona como uma extensão da identidade individual e colectiva, transmitindo o orgulho das suas raízes culturais e a riqueza das suas tradições.
O reconhecimento pela UNESCO reforça ainda mais a posição do Kente como um emblema cultural, não apenas para o Gana, mas para África como um todo. Este estatuto destaca o simbolismo do tecido e inspira outras nações a protegerem e a celebrarem os seus próprios patrimónios culturais, fortalecendo a preservação das tradições do continente.
Impacto no Turismo e na Cultura
Com o novo estatuto concedido pela UNESCO, espera-se que o Kente atraia ainda mais atenção internacional, trazendo benefícios significativos ao sector turístico do Gana. O tecido já era amplamente procurado por visitantes que se deslocavam ao país para explorar a sua rica história cultural e adquirir peças únicas. Agora, com a distinção da UNESCO, esta procura deverá aumentar ainda mais.
O Ministério do Turismo, Artes e Cultura reiterou o seu compromisso em trabalhar de perto com as comunidades locais para assegurar que este aumento de interesse traga benefícios directos para os artesãos e guardiões desta tradição.
“A preservação do Kente não deve ser apenas sobre proteger a tradição, deve também criar oportunidades de rendimento para os que mantêm viva esta arte,” afirmou o ministro Mercer.
Este reconhecimento também serve de inspiração para outros países africanos valorizarem e promoverem as suas tradições. A inscrição do Kente na lista da UNESCO é um exemplo poderoso de como a protecção e celebração do património cultural podem reforçar a identidade nacional e projectar uma imagem positiva do continente no mundo.
Conclusão
O reconhecimento do Kente como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO é um marco histórico. É uma vitória monumental para o Gana e, de forma mais ampla, para África. Este feito reforça a relevância histórica e cultural do tecido e coloca o continente em evidência, destacando a riqueza das suas expressões culturais e artísticas.
Este momento deve ser celebrado e acompanhado de acções concretas para apoiar os artesãos e as comunidades responsáveis por manter viva esta tradição. Afinal, a verdadeira riqueza do Kente não está apenas no seu aspecto visual, está também no que ele representa. Uma tradição não é apenas um acto de memória cultural, é também um legado vivo que continua a inspirar e a enriquecer gerações.
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Imagem: © 2019 Philippe J. Kradolfer
