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Sexta-feira, Dezembro 12, 2025

Benim: Forças Armadas Evitam Golpe De Estado

Quando os militares ocuparam a televisão estatal e anunciaram a destituição do Presidente, parecia abrir-se um novo capítulo de instabilidade no Benim — mas menos de 24 horas depois a ordem já estava restabelecida. A tentativa falhada de golpe de Estado tornou-se o evento político mais marcante do ano no Benim e reacendeu o debate sobre segurança e a democracia na África Ocidental.

Benim: Forças Armadas Evitam Golpe De Estado


Na passada madrugada de 7 de Dezembro de 2025, o Benim foi abalado por mais uma tentativa de golpe que atraiu a atenção mundial. Um grupo de militares, autodenominado Comité Militar para a Refundação, anunciou na televisão pública a dissolução das instituições, a destituição do Presidente Patrice Talon e a suspensão da Constituição.

A rápida resposta das Forças Armadas leais ao estado, com o apoio solicitado pelo Governo, neutralizou a intentona em poucas horas, com o Ministro do Interior a declarar a situação sob controlo. A comunidade internacional reagiu com firmeza: a União Africana, a CEDEAO e vários governos regionais condenaram rapidamente a subversão.

Foram mobilizadas tropas nigerianas a pedido de Cotonou, para ajudar o país, enquanto o Governo do Benim reforça a prevalência da legalidade democrática. Embora se tenha evitado um colapso institucional imediato, o episódio levantou questões sensíveis sobre a estabilidade interna, o futuro político e a capacidade de resistência democrática no país.


A Tentativa de Golpe no Benim


A madrugada começou com um anúncio chocante transmitido na televisão estatal do Benim: um grupo militar afirmava ter tomado o poder, dissolvido o Governo e deposto o Presidente Patrice Talon. A ofensiva era justificada por alegados problemas de governação e uma pretensa “refundação da República”. Esta intentona veio reacender no país memórias da instabilidade pré-1991.

A resposta oficial foi imediata. O Ministro do Interior comunicou a neutralização da intentona e a lealdade do exército republicano ao Governo constitucional. Poucas horas após o anúncio dos golpistas, as emissões televisivas normalizaram e vários militares foram detidos.

Pelo menos 13 membros das forças armadas foram capturados, incluindo responsáveis pela operação, embora o alegado líder, Pascal Tigri, tenha conseguido fugir. O Governo do Benim solicitou apoio urgente à Nigéria, uma potência militar da África Ocidental. Em resposta, foram enviados aviões e tropas nigerianas para controlar o espaço aéreo e reforçar a segurança estatal.

A CEDEAO também ordenou o desdobramento imediato da sua força de reserva (Nigéria, Serra Leoa, Costa do Marfim, Gana), reafirmando o compromisso regional com a ordem constitucional do Benim. Patrice Talon tranquilizou a população num discurso televisivo, anunciando que “a situação está totalmente sob controlo” e agradecendo às forças armadas pela lealdade.

O chefe de Estado prometeu que “a traição não ficará impune”, com os responsáveis a enfrentar a justiça militar e civil. A oposição moderada e instituições religiosas condenaram igualmente a intentona, enquanto as organizações internacionais expressaram preocupação pela protecção da democracia no Benim.


Reacções à Intentona


A tentativa fracassada de golpe no Benim provocou reacções intensas. O Presidente Patrice Talon, firme, reafirmou a restauração da normalidade e da ordem pública. O Governo, com apoio parlamentar, enalteceu o papel das forças de defesa, classificando a intervenção como decisiva para preservar a integridade estatal.

Os líderes da oposição, embora críticos do estilo de governação de Talon, rejeitaram qualquer tomada de poder por via militar e sublinharam que o processo democrático no Benim não deve ser interrompido. A Conferência Episcopal do Benim e várias organizações civis também manifestaram preocupação com a escalada da violência, mas defenderam a continuidade do diálogo institucional.

A CEDEAO, perante múltiplos golpes recentes na África Ocidental, reagiu prontamente. O bloco regional qualificou a intentona como “subversão da vontade do povo do Benim” e garantiu apoio ao país por todos os meios. A intervenção nigeriana, autorizada por Cotonou, foi decisiva para impedir a consolidação dos golpistas.

Apesar do fracasso da intentona, acabou por expor as vulnerabilidades internas no Benim, especialmente com a aproximação das eleições presidenciais e com as críticas a reformas políticas recentes, como a extensão do mandato. Apesar de ser um dos países mais estáveis da região desde 1991, o episódio demonstra que nenhuma democracia está imune a ameaças militares.

Especialistas internacionais em governação e segurança alertaram para o facto de o Benim, tal como outros países da África Ocidental, estarem a enfrentar riscos provenientes de actores militares insatisfeitos, tensões sociais acumuladas e influências regionais desestabilizadoras.

Assim, reforçar a confiança social, melhorar a transparência governativa e manter a disciplina dentro das forças armadas serão pontos essenciais para evitar futuras tentativas de rupturas constitucionais no continente.


Quando Terminam os Golpes em África?


A tentativa frustrada de golpe no Benim reacendeu o debate sobre a persistência de rupturas militares no continente. Maître Mamadou Ismaïla Konaté, jurista do Mali e ex-ministro da Justiça, lamentou que “alguns militares ainda acreditem que podem derrubar um regime democraticamente eleito pela força das armas”.

Para o especialista, mesmo com as fragilidades do Governo de Patrice Talon, nada justifica a interrupção da ordem constitucional. A história recente ajuda a explicar a sensibilidade do momento. Após a independência de 1960, o Benim enfrentou vários golpes de Estado até inaugurar, em 1991, um período de estabilidade democrática que se prolongou durante três décadas.

Esse equilíbrio, porém, tem sido testado por reformas políticas controversas, como o prolongamento do mandato presidencial de cinco para sete anos. Talon, no poder desde 2016, deverá abandonar a presidência em Abril, mas a tensão pré-eleitoral aumenta a necessidade de vigilância apertada no Benim.

O episódio não surgiu isolado. A África Ocidental tem registado um regresso preocupante aos golpes militares. Apenas uma semana antes, a Guiné-Bissau viu o Presidente Umaro Sissoco Embaló ser deposto por um grupo de oficiais, alimentando os receios de um “efeito dominó” que possa contagiar países considerados estáveis, como o Benim.

Os especialistas alertam que as tensões políticas internas, desigualdades sociais e sectores militares insatisfeitos continuam a representar factores de risco elevados. O fracasso da intentona demonstra que as instituições do Benim mantêm capacidade de resposta, mas revela vulnerabilidades inegáveis no país.

Para existir uma estabilidade duradoura, o Benim deve reforçar a disciplina militar, promover reformas inclusivas e proteger a confiança dos cidadãos na via democrática, afastando definitivamente a sombra das armas.


Conclusão


A noite de 7 de Dezembro de 2025 em que o Benim esteve à beira de um golpe de Estado ficará como um alerta severo para o país e para a África Ocidental. A rápida neutralização da intentona mostrou que as instituições do Benim ainda preservam a capacidade de resposta e um compromisso sólido com a estabilidade democrática.

No entanto, o episódio expôs várias fragilidades internas, tensões políticas acumuladas e a necessidade urgente de reforçar os mecanismos de segurança e da confiança pública. A CEDEAO e a Nigéria demonstraram que não permitirão retrocessos democráticos na região, mas cabe ao Benim consolidar internamente essa defesa.

O futuro imediato dependerá da forma como o país gerir a justiça, a reconciliação e a preparação para as próximas eleições. A lição principal é clara: a democracia no Benim resistiu — mas continua sob vigilância.

 


Depois do Golpe de Estado na Guiné-Bissau e mais esta tentativa de Golpe no Benim, poderá África ficar na espectativa de surgirem outros? Queremos saber a tua opinião, não hesites em comentar e se gostaste do artigo partilha e dá um “like/gosto”.

 

Imagem: © 2025 Benin TV / AFP via Getty Images
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